A questão maior nem é conquistar o segundo mandato presidencial; o principal objetivo é obter uma vitória política que permita restabelecer o equilíbrio institucional entre os poderes
Jorge Serrão
O Brasil assiste a vários
conflitos que deveriam merecer melhor atenção do cidadão-eleitor-contribuinte.
Infelizmente, nem todos conseguem enxergar a realidade como ela é, nua e crua.
Temos a guerra de todos contra todos os poderes que entra em seu ano
apocalíptico com a disputa eleitoral. No meio dela, na disputa pela
hegemonia do poder, somos colocados no meio de uma guerra psicológica, marcada
por constantes batalhas semânticas em meio a narrativas. Envolvem-se na
pancadaria aqueles que preferem se definir pelos rótulos nem sempre tão claros
e objetivos: progressista x conservador (e ou
liberal); esquerda x direita.
No meio de tantos conflitos
permanentes, entre pessoas, partidos, organizações privadas e instituições
públicas, temos um Estado Cleptocrático. Trata-se de um “Leviatã” carente de
“Estado de Direito” e, por consequência, sem democracia efetiva. Vale a “lei”
do mais forte. O excesso de regramento permite o rigor seletivo ou o perdão
conveniente. A injustiça, a impunidade e o abuso de poder são tendências. Tudo
isso marca o fenômeno da “juristocracia” — o establishment usa a burocracia
judiciária para interferir nas decisões políticas. Executivo e Legislativo são
contidos. O poder popular é minimizado quando seus representantes eleitos são
neutralizados pelo “mecanismo”. O crime se organiza, naturalmente, nesse
ambiente em que ocorre uma união delitiva entre bandidos de toda espécie e
classe social em (com)parceria com componentes da máquina estatal.
Existe saída para escapar dessa arapuca tupiniquim? Claro que existe! A solução passa pela política. O cidadão-eleitor-contribuinte tem a obrigação de votar com mais consciência, qualidade e responsabilidade em 2022. O foco fundamental é a escolha de senadores comprometidos com as reformas e mudanças estruturais. Os novos eleitos também precisam compreender a importância fundamental de reequilibrar a relação entre o Executivo, Legislativo e Judiciário. A ilegítima “juristocracia” precisa ser contida, simplesmente porque afronta, justamente (sem trocadilho), o Estado de Direito. A conquista da segurança jurídica passa, necessariamente, por uma estratégia de reconstrução da política. A missão não será fácil, diante do tribalismo vigente. A cleptocracia judasciária depende do caos institucional e da inação política para existir. Portanto, a única saída efetiva e segura é política. Não tem outra.
Por tudo isso, a reeleição de
Bolsonaro tem menos importância que a recuperação do equilíbrio institucional.
O presidente precisa entender que foi eleito em 2018 para fazer um governo de
transição da cleptocracia fora de controle para um Estado de Direito. Assim,
Bolsonaro tem a obrigação de definir uma agenda simplificada, entendível pela
maioria sensata e honesta, para mostrar que é possível recuperar a
governabilidade afetada (e praticamente perdida) pela ação do “mecanismo” e da
“juristocracia”. Jogar nas quatro linhas de uma Constituição ruim não é fácil,
mas essa precisa ser a regra fundamental do jogo. Do contrário, o Brasil vai
mergulhar em guerra civil, com consequências violentas e imprevisíveis.
Título e Texto: Jorge
Serrão, Jovem Pan, 2-2-2022, 14h32
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-