Paulo Hasse Paixão
É verdade que quaisquer
palavras proferidas por um homem que teve a ideia de casar com atual
vice-presidente americana não devem ser tidas em grande consideração. Ninguém
chega a marido de Kamala Harris por ser intelectualmente capaz. Mas ainda
assim, trata-se de uma figura significante no atual panorama político dos EUA,
já que Biden tem a idade que tem e a qualquer momento Kamala pode subir,
através de eleições ou sem elas, a chefe de estado, e o palerma com que deu o
nó pode ascender a “primeira-dama”. Perdão: a “primeiro
cavalheiro”.
Acontece que numa rara e recente entrevista à MSNBC (valha-nos esse recato), Doug Emhoff [foto] pronunciou-se contra a “masculinidade tóxica” e a expectativa de que os homens têm de ser “duros”.
Jonathan Capehart, o
mentecapto apparatchik da cheguevarista estação de notícias americana deu o
mote:
“Podemos falar de
masculinidade por um momento? Ser primeiro cavalheiro mudou a sua visão dos
papéis de género percebidos e do que significa ser um homem?”
Responde, pressuroso, Emhoff:
“Isto é algo em que tenho
pensado muito, de que tenho falado muito. Há demasiada toxicidade masculina por
aí, e confundimos um pouco o que significa ser homem. Tens toda esta tropa que
acha que ser masculino é ser duro, e zangado, e que atacar os outros é ser
forte”.
Confuso está ele, porque
enquanto caracteriza a “toxicidade masculina”, seja lá o que isso for, como um
produto de homens “duros”, parece pensar que os homens não podem ser “duros”
sem estarem “zangados” e atacar os outros.
Doug Emhoff, husband of Kamala Harris, joined the crowd by condemning ‘toxic masculinity.’
— Bishop Talbert Swan (@TalbertSwan) March 1, 2023
There’s no such thing as toxic masculinity, only toxic behavior. Toxicity is not gender specific. However, no one goes around talking about ‘toxic femininity.’ pic.twitter.com/d7tmBHa1iF
De facto, as referências feitas pelos media corporativos e pelos políticos de esquerda e pelas elites globalistas à “masculinidade tóxica” sugerem que ser másculo é por si só uma característica negativa que tem que ser obliterada e sujeita a manobras de engenharia social aplicada aos jovens do sexo masculino.
Isto resulta no preocupante
facto de os jovens se envergonharem do seu próprio sexo, colocando-os
imediatamente numa plataforma psíquica de auto-culpabilização que diminui a sua
confiança e a capacidade de preencherem os papeis sociais que naturalmente lhes
competem. Um homem inseguro da sua masculinidade não será, regra geral, um bom
soldado, um bombeiro resiliente, um líder forte ou um competente chefe de
família.
Nem de propósito, já antes Doug Emhoff tinha sido inquirido sobre o
assunto (deve ser um tema favorito dele), tendo dito isto:
“Masculinidade é amar a sua
família, cuidar da sua família e estar presente para a sua família e apoiá-la
de todas as formas”.
Paradoxalmente, alguém que
tenha sido doutrinado pela sociedade e pela histeria Me Too em
“masculinidade tóxica” acaba por ser excessivamente emotivo, emocionalmente
frágil e geralmente fraco de espírito e só terá mais dificuldades em amar e
cuidar da sua família, porque será infinitamente mais egocêntrico e carecerá de
força de carácter, apresentando inibições e inseguranças várias e uma
dificuldade óbvia de viver bem na sua própria pele.
No caso do Emhoff, podemos
suspeitar que este género de declarações, para além de servirem a ideologia dos
poderes instituídos e do aparelho democrata, derivam do desconforto de, como
homem, estar reduzido a segundo cavalheiro, um papel secundário no
contexto do seu casamento. Mas isso só demonstra a fragilidade do seu carácter.
Um homem que problematiza desta forma o sucesso da sua mulher é que é machista
no pior dos sentidos da palavra: na verdade do seu íntimo só consegue
racionalizar e aceitar o facto projetando-o num mal coletivo, que transcende a
condição que interpreta como inferior.
É por estas e por outras que as
mulheres acabam por sentir a falta da presença masculina clássica quando em situações de perigo
individual ou de convulsão social. É por isso que vivemos em sociedades que
geram homens feministas e efeminados, confusos sobre a sua sexualidade e o seu
género, que abdicaram da coragem, do voluntarismo, da paternidade e da volição
sacrificial.
Denegrir constantemente o
comportamento masculino normal como algo de perigoso e tóxico faz parte do
programa de lavagem cerebral a que os jovens ocidentais estão a ser sujeitos,
mas longe de ser um exemplo de ‘masculinidade tóxica’, ser “duro” é uma
necessidade absoluta para os homens ultrapassarem as dificuldades e os
conflitos e os dramas que são próprios da existência e constitui uma
salvaguarda óbvia das sociedades saudáveis e das civilizações que vingaram
historicamente.
Podemos, sem receios de
inteligência, ir mais longe e argumentar que é também de vital importância que
os homens fiquem “zangados”, sempre que identificam as ameaças dirigidas à sua
família, à sua comunidade, ao seu credo, à sua nação e ao conjunto de valores
com que se identificam.
Como pode um homem que nunca
se zanga defender não só aqueles que ama, mas os princípios civilizacionais ou
constitucionais da sociedade que se insere? Se não se está preparado para ser
“duro” e por vezes ficar “zangado”, como poderá ser capaz de proteger o seu
mundo? Será incapaz disso, claro. E esse é o objetivo.
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 15-3-2023
Leia também:Greta Thunberg apaga tweet de 2018 que anunciava o fim do mundo em 2023.
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