O morador da Urca e os pseudo-ambientalistas
são contra a Tirolesa do Pão de Açúcar, mas por que, se só trará claros
benefícios para o Rio de Janeiro?
Quintino Gomes Freire
Está tendo uma discussão bem
intrincada em tudo que é mídia do Rio sobre a Tirolesa no Pão de Açúcar, neste momento. Enquanto isso, nosso turismo
engatinha, por falta de ações diferentes, falta de coragem, falta de inovação.
Por isso e muito mais, isto é um falso debate; qualquer pessoa minimamente razoável
e com entendimento sobre o trade, sabe que o projeto é excelente
para a cidade. Em uma cidade como a nossa, que ainda anda tão carente de boas
notícias, é de se aplaudir a decisão do Parque em criar mais este atrativo que
possa atrair turistas, ainda mais jovens. Infelizmente, sabemos que não falta
no Rio quem goste de reclamar, em especial dois tipos de gente que claramente
não querem ver o Rio progredir um único milímetro: O morador da Urca (vulgarmente
conhecido pelas iniciais QPDNSA – “quero progresso desde que não seja aqui“)
e os nossos eternos pseudo ambientalistas.Foto: Rafa Pereira
O morador da Urca é um tipo
especial de carioca, odeia qualquer progresso; lembra o pessoal da antiga
associação de moradores de Santa Teresa, hoje enfraquecida. Mal sabem quem antes
deles, ali era Mata Atlântica e baía, e até onde sei eles não são um dos povos
nativos, e nem são como os Tijucanos ou Insulanos. Para o “urquino”, “urquiniano?”
a Urca deveria ser fechada, o Bar Urca expropriado e uma cancela colocada na
frente e só entrar quem residir na região, nem entregador de pizza poderia
passar. Eles querem ser como um daqueles condomínios na Barra, só que com a rua
pública.
Vale lembrar que eles foram contra o colégio Eleva, e como por alguma razão talvez divina aparecem acima do cidadão médio carioca na pirâmide populacional, quase conseguiram que o negócio não ocorresse. Por conta deles, o Cassino da Urca virou por décadas um destroço, uma cicatriz no bairro, até que alguém corajosamente conseguisse empreender no imóvel, vazio desde a falência da TV TUPI, de Assis Chateaubriand (que, sabemos, estava uns centímetros acima dos “urquianos” na pirâmide de quem manda no país). Eles conseguiram proibir até mesmo que os pais levassem os filhos de carro para a escola e Eleva, e quase proibiram que o “Instituto Europeo de Design” fosse para o bairro, e devem ter dado graças quando saiu. Sinceramente, difícil entender uma população tão tacanha. Se o povo de Copacabana tivesse um décimo da voz dos “urquianos”, adeus Quiosques, adeus Hotéis, adeus Shows, adeus Turismo. Uma espécie de Reino do Butão tupiniquim estaria instalada no sopé do Pão de Acúcar. Mas menos feliz.
Já o auto-declarado protetor
do meio ambiente carioca é outro grupo que merece ser estudado. Não dão um pio
sobre a favelização que grassa pela cidade, ou mesmo se há construções
irregulares à beira dos Rios e florestas. Aliás, querem que as florestas se
explodam, e adoram ver serem desmatadas para construir barracos; também ficam
alegrinhos e defendem que os mesmos barracos atirem lixo nas montanhas e esgoto
nos sistemas de águas da chuva, poluindo as praias. Está aí a Secretária do
Meio Ambiente do Rio, a arquiteta Tainá de Paula, meio que comprovando esta
minha tese bem rasa, e que poderia gerar quilômetros de páginas de textos com
exemplos e mais exemplos. Aliás, se fosse por essas figuras, não ia ter
bondinho do Pão de Açúcar. Eles inclusive impediram a terceira parada, que ia
chegar onde hoje temos…uma saborosa favela. Dessas que eles defendem. Por eles,
não ia ter Cristo Redentor, nem Caminho Aéreo. Mas favela, isso ia ter em todo
lugar; são viúvas tristíssimas das favelas do Esqueleto, da
Catacumba, do Pasmado, da Praia do Pinto.
Estes dois grupos finalmente
se uniram e decidiram ser contra a Tirolesa do Pão de Açúcar. O morador da Urca
diz que vai prejudicar o bairro; vai levar mais turista ao Pão de Açúcar e
encher o bairro. Que aguentem, o bairro tem um dos maiores pontos turísticos do
mundo, e quem mora em ponto turístico tem que conviver com turista, e com
gordos preços de revenda de seus imóveis. Ponto turístico é lugar de elevado
preço, e grande frequência. Podem tranquilamente vender suas casas e morar num
lugar mais pacato, como a Praça 24 de Outubro, em Inhaúma. Lugar aprazível e
com sombra, e ainda com (bem) poucos turistas. Os protetores de meio ambiente –
claro – dizem que a tirolesa prejudicará a fauna e flora da região; bem, se
fosse uma favela talvez batessem palmas. Bichinho não gosta de barulho de
tirolesa e grito de turista, mas adora que desmatem os morros e construam casas
sem saneamento básico.
E vamos ser sinceros, nem vai
levar tantos mais turistas a ponto de estrangular o bairro, não mais que um dia
lotado do Bondinho, simplesmente porque o limite é ele próprio: o veículo. Não
vai ter surfista de bondinho. Impacto visual? Nenhum, além de ser algo mais
bacana de ser ver no Rio e bater palmas (merecidas), bem melhor que uma favela,
ou camelôs que esburacam os calçadões de Burle Marx (tombados!). Impacto
ambiental os estudos mostram que não haverá algum. A totalidade das licenças
necessárias já foram obtidas. Toda cidade que tem turismo pujante está ganhando
este tipo de equipamento.
Quando fiz o texto “Estou Cansado do Rio de Janeiro” meu protesto não era apenas sobre nossos
problemas de violência, mas também sobre a forma que o carioca acaba agindo –
ele mesmo – contra o Rio, contra o empreendedorismo, contra ações que vão
atrair turistas, pessoas que gastem dinheiro e queiram retornar à nossa cidade
maravilhosa. Parece que alguns torcem e mesmo lutam pelo nosso fracasso
retumbante, aqui mostrei só 2 tipos deles, mas há vários outros. E vou
continuar enumerando, daqui para frente. Viva o Rio!
Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 27-3-2023
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