Assaltos, maus políticos, cariocas que só
veem seu lado e uma elite em que nada ajuda. Após mais de 16 anos escrevendo o
DIÁRIO DO RIO, cansei
Quintino Gomes Freire
O DIÁRIO DO RIO nasceu
em 2007, o objetivo foi mostrar o prazer de morar no Rio de Janeiro.
Amo a cidade, estava cansado de ler só crime, crime, crime, que político só
rouba e que no fim ninguém faz nada pela cidade. Mas sabe, fui assaltado na noite
desta quarta-feira, na Praça Seca, bairro que nasci e fui criado.
Um pouco antes tive de evitar passar pela Cidade de Deus porque
estava fechada por causa de operação policial. Uma hora a gente cansa de estar
errado.
A culpa não é da Polícia
Militar, como vai trabalhar se é xingada de assassinos e que vão ser mortos
pelos moradores da Cidade de Deus? É comum isso? São para serem respeitadas
essas pessoas? A PM faz seu trabalho, ganhando pouco, colocando a vida em
risco, e o que ganha da gente? Nada, são xingados, achincalhados! O morador da
favela bate palmas para o bandido, e a esquerda culpa o policial por tudo que
aconteça de errado.
Tive de fazer o Boletim de Ocorrência à noite na Delegacia da Praça Seca, 1 inspetor da Polícia Civil apenas para atender a todos. Uma jovem tinha sofrido uma agressão, estava proibida de entrar em casa, em desespero, ele ofereceu dinheiro para passagem, tentou ajudar, via-se nos olhos do inspetor a sensação de impotência naquele caso. Ela não quis, não entendeu que ele não poderia fazer nada, a lei não permite. Como uma delegacia não tem uma assistente social para um caso deste? São muito mais comuns, além de casos de estupros, violência doméstica. E como assim apenas UM POLICIAL em um bairro que vive no noticiário policial? Alguma coisa está errada.
Enquanto isso no parlamento decide por colocar placas chamando atenção para o risco do descongestionante nasal, ou Dia do Folclore Perneta. Passou-se um dia inteiro falando dos 5 anos da morte de Marielle Franco, para chegar aonde? Não se descobriu o assassino de John F. Kennedy, entre outras personalidades. Marielle era uma super vereadora, mas e os outros tantos que são mortos sem resposta? Não merecem atenção por não serem temáticos? Isso é errado.
Temos gente boa na política,
o Marcelo Queiroz, deputado federal que estreou no alto clero, o
vereador Pedro Duarte, nosso fiscal na Câmara. Mas como continuar
animado sabendo que Sergio Cabral pode voltar para política?
Que o clã de Washington Reis comanda a Secretaria de Transportes
do Estado? E tanta coisa errada acontecendo, nós vemos, mas já ficamos
anestesiados. Certamente não é certo, é errado.
Essa semana meu sócio, Cláudio
André Castro, se tornou Comissário Administrativo, ou seja, responsável
pela Igreja da Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, que estava
abandonada, risco de queda do telhado. Em uma semana está com outra cara, será
reaberta, é para ser parte do motor do desenvolvimento econômico e cultural da
região da Praça XV. Mas alguns comerciantes não estão gostando,
afinal, reclamam que o Poder Público nada faz, mas o Subprefeito Alberto
Szafran começou a colocar ordem na região, isso inclui os bares e
restaurantes que não respeitam a legislação municipal. Os comerciantes não
gostaram, querem continuar agindo no ilegal e é errado.
E temos muita gente boa
na Prefeitura do Rio fazendo seu trabalho, mudam o BRT,
aqueles novos, amarelos, lindos, humilham. Nas primeiras semanas alguns já
foram para oficina devido ao vandalismo. Dá mesmo para se empolgar com nossa
cidade e nosso povo depois disso? Vai me dizer que não está errado?
O Pão de Açúcar vai
fazer uma tirolesa, será ponto turístico, gerará emprego, renda, mídia para o
Rio de Janeiro. O morador da Urca não quer, pensam que moram
em um condomínio na Barra e não em um dos bairros mais turísticos da cidade.
Minha sugestão para Eduardo Paes, criar um condomínio no Recreio
chamado Nova Urca e levar todos estes reclamões para lá. Leva
também os que foram morar na Lapa e decidiram reclamar do barulho na região,
que há 100 anos é o local mais boêmio do Rio. Atrapalhar por questões
mesquinhas nosso desenvolvimento está errado.
Mas antes fosse só o morador
da Urca, o comerciante que quer só parte das regras cumpridas ou um assalto. A
elite do Rio não investe na cidade, eu que o diga, uma luta para manter o DIÁRIO
DO RIO. Temos boas pessoas, loucos do bem como Marinho Filippo,
que tenta investir na cultura e na gastronomia da cidade. Ou mesmo meu sócio
que colocou dinheiro neste jornal, em uma Igreja abandonada e outros
empreendimentos e é xingado de especulador imobiliário. O carioca normalmente
caminha do lado errado.
Nesse momento, em essas linhas
mal escritas (não quis revisão), assumo, estou cansado, vou dar um
tempo, umas férias. Cansei não de dar murro em ponta de faca, cansei de dar
testada na faca. Gasto do meu bolso para tentar mudar um pouco da cidade, mas o
carioca não quer que mude, você não quer que mude. Às vezes, penso que o melhor
sou eu me mudar ou estou errado?
Título e Texto: Quintino
Gomes Freire, Diário do Rio, 16-3-2023
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