Paulo Hasse Paixão
Uma sondagem publicada recentemente revelou que a confiança que os
americanos têm nos meios de comunicação social corporativos atingiu novos
mínimos.
O painel da Gallup e da Knight Foundation, que mensurou a opinião dos inquiridos durante os últimos cinco anos revelou que apenas um quinto dos americanos continua a considerar a imprensa mainstream como um veículo credível de informação noticiosa., embora para qualquer pessoa que esteja acordada essa percentagem ainda seja estranhamente elevada.
O estudo concluiu também que metade dos americanos acreditam que as organizações noticiosas pretendem enganar, desinformar ou persuadir o público. Mais de metade da amostra não acredita que as organizações noticiosas tenham em vista os melhores interesses das pessoas.
Os responsáveis pelo estudo de
opinião admitiram, muito a contragosto e atirando para o campo emocional aquilo
que não podia ser mais racional, que:
“Este estudo sugere que muitos americanos sentem desconfiança a um nível emocional, acreditando que as organizações noticiosas pretendem enganá-los e são indiferentes ao impacto social e político das suas reportagens. A nossa análise demonstra que estes indicadores de confiança emocional nas notícias são, de facto, distintos da opinião de que as organizações noticiosas são capazes de produzir reportagens precisas e justas”.
A confiança nos meios de
comunicação social está a descer em espiral em todo o Ocidente, e até os seus
corruptos sistemas judiciários e financeiros recolhem maior confiança do público.A única
instituição que os americanos consideram menos digna do que a imprensa é o
Capitólio.
Quando as pessoas confiam mais
em banqueiros do que em jornalistas, seria de esperar que estes últimos refletissem
sobre a sua atividade, mas isso é pedir muito: só gente inconsciente de si e do
mundo é que é capaz de trabalhar nas redações do New York Times ou do Expresso.
O jornalista independente Matt
Taibbi, um dos escolhidos por Elon Musk para investigar e publicar os Twitter Files, que foi insultado e atacado pelos Democratas no Congresso, observou numa entrevista à
Newsmax que os meios de comunicação social parecem completamente despreocupados
agora que a profissão está condicionada a ser um veículo de propaganda dos
poderes instituídos.
“Estas histórias são claramente
dignas de notícia e nem são particularmente partidárias, a maior parte delas.
Estes ataques dirigidos a mim e ao [Michael] Shellenberger são do género dos
que enlouqueceram os principais meios de comunicação social quando Donald Trump
estava em funções. Perante as afirmações graves e insultuosas de alguns membros
do Congresso teria havido dias e dias de manchetes nessa altura. Agora, há
total despreocupação em relação a isso. Mas estou ainda mais preocupado pela
falta de ‘esprit de corps’ entre os repórteres sobre a história dos ficheiros
Twitter. Normalmente, quando se consegue uma grande história, espera-se que a
cavalaria venha para ajudar a investigar o caso e ninguém o fez, e penso que
esse tem sido um aspecto muito perturbador. A ideia da defesa das liberdades
civis e da proteção dos jornalistas de investigação, quando trabalham no
sentido de desmascarar a corrupção governamental e dos poderes instituídos, que
costumava ser unânime nesta profissão, desapareceu completamente.”
Outro reputado jornalista
independente, Glenn Greenwald salientou que a única razão pela qual os
meios de comunicação social conseguem registar níveis de confiança acima de
zero é o da cegueira ideológica, já que a esquerda opta por se colocar ao lado
dos propagandistas do regime, manifestamente tendenciosos, como apparatchiks
do grande Pravda em que se transformou a imprensa corporativa.
The only reason these pitiful numbers for trust in media aren't zero is because Dems -- of course -- trust the media in far larger numbers (35% for newspapers) than GOP (5%) and independents (12%). Same with TV news.
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) July 5, 2022
Everyone knows what side they're on.https://t.co/g0HUOXoDRt pic.twitter.com/oLyREMPCkE
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 21-3-2023
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