Os bancos que faliram nos EUA eram os
campões de políticas "woke", em detrimento dos seus próprios negócios
Leandro Ruschel
Na semana passada, dois bancos com ativos somados de mais de US$ 300 bilhões quebraram, trazendo volatilidade ao mercado e produzindo dúvidas sobre a solidez do sistema bancário. Foram as primeiras grandes baixas bancárias desde a crise do subprime, em 2008.
Autoridades interviram e
garantiram os depósitos, acalmando os ânimos, mas gerando questionamentos
acerca da socialização de prejuízos de empresas privadas, e o risco moral que
tais intervenções produzem em todo o sistema: se gestores de instituições
financeiras sabem que serão salvos em caso de problemas, por que não tomar mais
risco, em busca de maior retorno?
Em 2008, a intervenção foi
ainda mais profunda e imoral. O pagador de impostos bancou centenas de bilhões
de dólares em compras de títulos podres que estavam no balanço de várias
instituições, garantindo a sobrevivência delas. A indignação do público chegou
a novos patamares, quando foi divulgado que vários desses bancos pagaram gordos
bônus aos seus diretores, mesmo em meio ao desemprego crescente e à ruína
financeira de milhões de famílias americanas.
Como resposta, em 2011 surgiu o Occupy Wall Street, um acampamento de protesto contra os benefícios concedidos ao mercado. Muitas demandas eras despropositadas, seguindo uma lógica marxista, mas os manifestantes tinham um ponto: por que a ajuda governamental foi direcionada aos bancos e não às pessoas? Como os gestores que provocaram a crise, em primeiro lugar, além de não terem sido punidos, foram agraciados com bilhões de dólares em verbas públicas?
Sentindo a pressão popular, Wall Street resolveu abraçar boa parte da agenda esquerdista, em especial a ideologia de gênero e a política "DEI", de "diversidade, igualdade e inclusão", seguindo a lógica do "stakeholder capitalism", ou "capitalismo de partes interessadas", na verdade uma forma de socialismo desenvolvida pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.
O objetivo é abandonar o
capitalismo clássico, voltado a oferta dos melhores produtos e serviços pelo
menor preço possível, em busca do lucro, num ambiente de competição livre,
mesmo que essa fórmula tenha levado ao maior enriquecimento de TODA a sociedade
na história. Tal modelo estaria ultrapassado, pois geraria desigualdade e ainda
por cima estaria colocando o planeta em risco, pela falta de "consciência
ambiental".
No lugar do capitalismo de
livre mercado, foi pensando por Schwab e seus amigos do Fórum Econômico Mundial
um novo capitalismo com "consciência social", em que empresas
trabalhariam em conjunto com os governos para promover o “bem geral do povo”,
acima dos lucros, através de regulações cada vez mais pesadas e implementação
de políticas promotoras de “justiça social”. Talvez poucas pessoas saibam, mas
esse modelo econômico se assemelha ao fascismo: um mercado livre até a página
dois, que deve sempre se curvar à vontade do poder político. Não por acaso, é o
modelo econômico chinês.
Os motivos podem ser os mais
nobres possíveis, mas a a realidade humana sempre se impõe: "o poder
corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente". Por trás de um véu
de falso moralismo, está o desejo de um grupo de bilionários narcisistas e
sociopatas pelo controle da humanidade.
Churchill falava que a
democracia é pior modelo político, tirando todos os outros. Pois o capitalismo
também é o pior modelo econômico, tirando todos os outros. Ele produzirá
desigualdade, mas ao mesmo tempo criará maior riqueza e oportunidade para
todos, além de desconcentrar o poder político e econômico.
É evidente que a implementação
de um "capitalismo com consciência social" significa mais uma
resposta aos protestos, e uma justificativa para expandir de forma ilimitada o
poder das grandes empresas, do que uma genuína busca por criar um sistema
"mais justo".
Voltando ao caso dos bancos
que quebraram, não por acaso eles eram reconhecidos no mercado como os mais
comprometidos como o "novo capitalismo" e suas políticas
"DEI", deixando de lado até mesmo o seu negócio. De outra forma, com
explicar o fato do Silicon Valley Bank ter ficado 6 meses sem um diretor de
risco? O banco estava mais preocupado em doar milhões ao Black Lives Matter,
organização fraudulenta que enriqueceu seus fundadores, e em comprometer US$ 5
bilhões para atingir o objetivo de “emissão zero” de carbono, aparentemente. O
banco se gabava de ter 45% dos postos de comando ocupado por mulheres e
apresentou numa das suas últimas campanhas o objetivo de “acabar com a
diferença de renda dos latinos”. O que um banco teria a ver com essa questão?
Do outro lado do Atlântico, a
diretora de risco da unidade inglesa do banco se apresentava “uma pessoa
‘queer’ de cor, e primeira geração de imigrantes da classe operária”. Na sua
página pessoal [imagem abaixo], poderíamos encontrar poucas informações sobre suas
qualificações e atividades relacionadas a controle de risco, mas muita coisa
sobre campanhas de “inclusão” e defesa da causa LGBTQIA+.
Se ela tivesse se dedicado um pouco mais ao trabalho de avaliar o risco, ao invés de operar como ativista de extrema-esquerda, ela poderia ter chegado a conclusão que alocar recursos do banco em títulos de longo prazo e de maior risco, em tempos de alta da taxa de juros, seria uma péssima ideia. No final, foi um erro infantil, que qualquer analista júnior poderia ter evitado.
O Signature Bank, outra instituição fechada pelos reguladores, era conhecida em NY pela agressividade com que seguia a agenda “woke”, fazendo propagandas baseadas em raça e obrigando seus colaboradores a fazer treinamentos sobre “racismo inconsciente” e “uso correto de pronomes” para cada um dos 1231 gêneros existentes hoje em dia.
Também comum aos dois bancos
era a proximidade com políticos democratas. O Silicon Valley Bank não só fez
doações para a instituição de caridade da esposa do governor democrata da
Califórnia, Gavin Newson, como seu presidente foi um dos fundadores da ONG.
Além disso, o banco mantinha
conta de milhares de startups do Vale, um ambiente dominado pelo esquerdismo
mais radical. Esse pessoal doa pesadamente para o Partido Democrata e abraça a
sua política de identidade. Não por acaso, o governo Biden decidiu garantir os
depósitos do Silicon Valley Bank, mesmo que ele não fosse considerado “de risco
sistêmico” pelos critérios do FED. É mais um exemplo do “capitalismo de
compadrio” em vigência hoje em dia, demonstrando a simbiose entre grandes
empresas e governos.
No final, a aposta desses
bancos, e do sistema financeiro em geral nas políticas DEI acabou se mostrando
acertada, pelo menos para essas instituições. Não houve protestos pelo fato do
governo estar favorecendo os mais abonados americanos com essas decisões, pois
elas seriam “socialmente responsáveis”. Até porque a grande impressa virou um
braço de propaganda da agenda, ao invés de cumprir a sua função de questionar o
poder e seus poderosos.
É tudo um grande engodo. Na
verdade, ao abandonar as suas atividades para fazer política, as empresas ficam
cada vez menos eficientes, deixando toda a sociedade mais pobre. Além disso, ao
insistir em cotas para supostamente corrigir injustiças sociais, essas
instituições acabam promovendo o conflito e o ressentimento. O que deveria ser
garantida é a oportunidade igual para todos, independente de sexo, raça ou
qualquer outra característica pessoal, com avaliação baseada no mérito e na
integridade de cada indivíduo. O que não pode haver é discriminação de qualquer
natureza.
Infelizmente, essas ideias
radicais não estão sendo aplicadas em massa apenas no mercado financeiro. É
algo generalizado. Quando passa a ser mais importante sinalizar virtude do que
fazer um bom trabalho, o resultado final é uma espiral auto-destrutiva, com a
perda do propósito do mercado e da busca pela maior eficiência.
Diabolicamente irônico é o fato dessas políticas prejudicarem mais aquelas pessoas que supostamente deveriam proteger. Por exemplo, o Black Lives Matter, através da sua campanha de vilificação da polícia e promoção do desencarceramento em massa, tem produzido o aumento da criminalidade justamente nas comunidades negras. Além disso, toda a retórica do “racismo sistêmico” acaba consolidando uma postura vitimista que desincentiva o esforço individual como forma de vencer dificuldades.
É justamente a recompensa por
talento, mérito e caráter, além da punição por comportamentos perniciosos, o
que transformou o Ocidente no farol da prosperidade, da liberdade e dos
direitos fundamentais. Ao dar às costas para aquilo que funcionou, e abrir espaço
para uma nova roupagem do falido socialismo, o mundo entra numa rota
totalitária e decadente, que aprofundará as injustiças sociais, ao invés de suprimi-las.
Título e Texto: Leandro Ruschel, Substack, 16-3-2023
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