sábado, 6 de maio de 2023

Camelôs ilegais colocam fogo na Avenida Atlântica em ‘protesto’ contra ordenamento urbano

Bairro mais emblemático do Brasil sofre com desordem urbana e degradação da sua qualidade de vida. Moradores vivem entrincheirados

Patricia Lima

Um grupo de vendedores ambulantes clandestinos realizou um protesto na Avenida Atlântica, em CopacabanaZona Sul da cidade, na noite desta sexta-feira (6). No ato, foram erguidas barricadas com materiais inflamáveis que foram incendiados pelos camelôs. O criminoso “protesto” seria em razão das ações do poder público municipal para o ordenamento público da região, que passaram a ocorrer após anos de abandono; uma mega operação semana passada ocasionou a apreensão de toneladas de material irregular em plena orla. A baderna incendiária ocorreu na Avenida Atlântica, junto à rua Bolívar.

Em 20 de abril, o Diário do Rio denunciou uma série de ações ilegais e de alto impacto negativo no ordenamento público do bairro praticados pelos ambulantes, que chegaram a ameaçar os moradores do bairro que reclamavam da baderna generalizada. Em pleno calçadão, da mesma via, era realizado uma espécie de Carnaval fora de época que arrastava uma multidão de pessoas até altas horas da madrugada, com venda de quinquilharias e comida de qualidade duvidosa bem na frente dos estabelecimentos comerciais da orla. Segundo testemunhas, isopores malconservados, bebidas feitas com água de procedência desconhecida e barulho altíssimo e insuportável eram as regras de tais eventos, que foi batizado de “Woodstock de Baixa Renda“.

De acordo com os relatos dos moradores, as caixas de som do evento ilegal eram viradas para os prédios de forma que o som reverberasse nos edifícios e as músicas de “péssimo gosto” fossem amplificadas, reduzindo a região mais turística da cidade a um baile funk ou rave sem licença a céu aberto. Ao serem interpelados pela desordem produzida, os comerciantes ilegais ainda colocavam a culpa do caos ambiental e sonoro nas costas dos comerciantes legalizados dos quiosques.

O desassossego da madrugada continuava pela manhã com a passagem da kombi do “sorvete a R$ 2 docinho” e da kombi do ferro-velho, ela mesma caindo aos pedaços, passando pelas ruas do bairro, entre às 7h e 8h, receptando material reciclável de usuários de crack que atuam na madrugada catando e, muitas vezes, furtando o que veem pela frente.

A deterioração de Copacabana tem preocupado o vereador Rogério Amorim (PL), que vê o abandono do bairro mais conhecido do planeta com tristeza.

“Não conheço nenhuma grande cidade do mundo que trate seus bairros turísticos com esse desleixo com que a Secretaria de Ordem Pública trata Copacabana. O Rio, ao que parece, não tem um plano para a população de rua, que só faz crescer e tomar todos os espaços. Tampouco temos um plano para os camelôs e os flanelinhas. Todas essas são mazelas sociais com as quais a Prefeitura não consegue lidar. Mudei o escopo da audiência pública do dia 4 de maio, na Câmara dos Vereadores, seria para falar da cidade toda, mas agora será destinada a discutir as questões da Zona Sul“, disse o vereador ao Diário do Rio, na reportagem “Plebeia do mar” publicada em 6 de abril.

As cenas dantescas causadas pela camelotagem clandestina nesta sexta-feira à noite só demonstram a necessidade urgente de ações cada vez mais enérgicas por parte do poder público. O abandono de Copacabana não é recente. A situação vem se degradando década após década com alguns momentos de recuo, que nem de longe representam o refrigério que o cidadão local necessita. Como bairro turístico e de grande importância histórica para o Brasil, Copacabana deveria ser tratada com um mínimo de consideração, afinal de contas o turismo é a sua grande vocação é uma grande – imensa – fonte de retorno para a cidade.

Título e Texto: Patricia Lima, Diário do Rio, 6-5-2023
Fotos: Alerta Zona Sul

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