Leonardo Desideri
Manifestações contra o aborto ocorreram em
todas as capitais e em dezenas de cidades do interior país nesta quinta-feira
(12). O evento foi uma reação ao voto da ex-ministra do Supremo Tribunal
Federal (STF) Rosa Weber a favor da descriminalização do aborto no âmbito da
ADPF 442.
Brasília |
As passeatas foram convocadas
por diversos movimentos conservadores, entre os quais a Marcha da Família e o
Nas Ruas. Os organizadores apostavam que esta seria a maior manifestação
pró-vida da história do país. No último fim de semana, a “Caminhada pela Vida e
Contra o Aborto” já reuniu manifestantes em diversas cidades do país, mas os
coordenadores do evento deste dia 12/10 esperavam um público maior.
Na manhã desta quinta, em
várias cidades, além de faixas com mensagens pró-vida, os participantes levaram
bandeiras de Israel, em homenagem às vítimas dos ataques feitos pelo grupo
terrorista islâmico Hamas nos últimos dias.
Outras pautas despontavam em
faixas, cartazes e discursos, como o combate às drogas, à ideologia de gênero,
à pedofilia e ao tráfico de crianças.
No Rio de Janeiro, onde o evento
começou às 9h30 na praia de Copacabana, além de mensagens em defesa da vida,
manifestantes carregavam cartazes com inscrições como "A favor da
inocência das crianças", "Não às drogas", "Não à
sexualização precoce", "Fora Lula" e "Brasil acima de tudo".
Em Brasília, o evento contou com a presença do advogado e ex-desembargador Sebastião Coelho, que ganhou notoriedade após sua intervenção no julgamento de um dos presos do 8/1 no Supremo Tribunal Federal. Manifestantes carregavam faixas como "STF aborto não" e "Orai pela paz em Israel".
Em Salvador, onde a marcha foi
marcada para as 9h30, manifestantes começaram a se reunir pela manhã no Farol
da Barra usando camisetas com a mensagem "Sou contra o aborto".
Em Belém, os participantes
atravessaram a av. Presidente Vargas carregando uma faixa com a inscrição
"Deixem nossas crianças em paz!", de acordo com imagens divulgadas
pelo portal Notícias do Pará.
Participantes das marchas de
diversas cidades entoaram o hino nacional. A maioria dos manifestantes se
vestiu de branco, mas o verde e amarelo da bandeira do Brasil também dominou a
paisagem nas passeatas.
Nos carros de som, além de
discursos pró-vida, canções gospel marcaram as manifestações, que tiveram uma
forte presença de evangélicos.
Muitos municípios que não
estavam na lista divulgada pelos organizadores do evento até a quarta-feira
(11) acabaram promovendo manifestações, como Volta Redonda (RJ), Niterói (RJ),
Paragominas (PA), Guaíra (PR) e Sobral (CE).
Parlamentares criticam
invasão da competência do Legislativo no tema do aborto
Em São Paulo, na av. Paulista, onde o começo do evento foi marcado para as 14h30, alguns manifestantes já começavam a se reunir uma hora antes, gritando em coro "Vida sim, aborto não" antes do início oficial. Cartazes pedindo para o Congresso agir contra o ativismo judicial eram vistos em meio a mensagens pró-vida.
Avenida Paulista, São Paulo |
O deputado estadual Tomé
Abduch (Republicanos-SP) foi uma das primeiras personalidades a discursar na
av. Paulista. "A nossa sociedade não aceita o aborto", afirmou ele
para um público que precisava se proteger da chuva que caía em São Paulo no
começo da tarde.
"Vocês elegeram deputados
federais e senadores para poderem ser as pessoas que representem os senhores lá
em cima, no governo federal. Por que essas importantes pautas devem ser votadas
pelo Supremo Tribunal Federal? Não há nenhum motivo para isso. Esse é o
primeiro ponto. E não estamos aqui para atacar o Supremo Tribunal Federal, para
atacar uma pessoa física, mas sim para que a gente faça cumprir a nossa
Constituição. E a nossa Constituição é clara: são deputados e senadores que
representam o voto de cada um de vocês nessas pautas", complementou
Abduch.
Antes de sair para a av. Paulista, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP), seu irmão, postaram um vídeo com um grupo de pessoas convocando seus seguidores a participar da manifestação.
Pelo X (antigo Twitter), o
deputado estadual Danilo Balas (PL-SP) destacou que os manifestantes suportaram
a chuva e a falta de transporte público para apoiar a pauta pró-vida. "Na
Paulista, mesmo sob chuva e com 'greve' no metrô, patriotas marcam presença em
marcha da família contra o aborto!", escreveu.
Em Aracaju, o deputado Federal
Rodrigo Valadares (União-SE) descumpriu a orientação da Marcha da Família,
principal organizador do evento, de evitar declarações políticas, e fez uma
crítica ao STF e ao Senado do alto do carro de som. Ele destacou, contudo, que
seu discurso não representava a posição dos organizadores.
"É uma posição pessoal:
quem patrocina esta patifaria no nosso país de droga e aborto chama-se Supremo
Tribunal Federal, STF, com a aquiescência da presidência do Senado Federal.
Eles que estão patrocinando o aborto em nosso país, as drogas em nosso país.
Essa não é uma posição da Marcha, é uma posição pessoal, minha, Rodrigo
Valadares", disse.
Já o senador Magno Malta
(PL-ES), que participou de uma manifestação no município de Vila Velha (ES),
publicou em seu Instagram um vídeo discursando contra a ADPF 442, e postou o
seguinte texto: "O ativismo judicial nos colocou na lamentável situação de
o Poder Judiciário tomar as prerrogativas do Poder Legislativo. Estão tomando
decisões sobre temas como o aborto e a descriminalização das drogas, e parece
que outros temas igualmente sensíveis não serão excluídos. Eles parecem
esquecer ou simplesmente ignorar que o Brasil é uma nação majoritariamente
cristã. Os anseios e valores da nossa população são contrários aos que estão
sendo impostos. São indivíduos que não foram eleitos diretamente pelo voto, mas
estão tomando decisões que afetam o futuro de mais de 200 milhões de
pessoas".
As críticas ao Supremo e ao
Senado também se viam nas mensagens escritas carregadas pelos manifestantes. Em
Porto Alegre, onde a passeata começou às 14h30, manifestantes levavam cartazes
como "Reaja, Senado" e "Estamos em estado de exceção. Acorda,
nação!".
Título e Texto: Leonardo
Desideri, Gazeta
do Povo, 12-10-2023, 20h28
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-