Não faz sentido que o Ministério da Justiça volte a cobrar visto de turista de países como Canadá, Austrália e Estados Unidos da América a partir de abril próximo, em detrimento da continuação de uma política pública de incremento ao turismo estrangeiro exitosa
Praia de Copacabana e Praia do Arpoador, foto: Rafael Catarcione |
A isenção de visto de viagem
concedida a alguns países desde 2017, válida até abril deste ano para
americanos, canadenses e australianos, teve um impacto positivo no turismo
nacional e, especialmente, no turismo carioca, principalmente devido aos
turistas americanos. Os números de 2023, comparados a 2020, revelam um aumento
de 25% no número de americanos visitando o Brasil.
Parece-nos evidente que a
manutenção da isenção de visto de viagem para aqueles países é fundamental para
o turismo nacional e para aumentarmos ainda mais a importância do turismo no
PIB nacional.
Confrontando dados da Embratur e o número de visitantes do Estado do Rio de Janeiro em 2023, observa-se que dos 669 mil turistas americanos que ingressaram no Brasil, 450 mil deles, cerca de 67%, passaram por terras cariocas. A maioria tinha entre 25 e 45 anos, era de classe média e gastou, em média, 10 mil reais no país. Nota-se que a isenção de visto para entrada dos turistas americanos foi um grande sucesso para o turismo nacional e teve impacto mais positivo ainda para a Cidade do Rio de Janeiro.
A visão institucional da ACTur
Rio e seus associados é que o Rio de Janeiro precisa, novamente, se tornar a
principal porta de entrada do turismo nacional. Em 2023, ainda não foi
possível. São Paulo teve quase o dobro de turistas estrangeiros em relação ao
Rio de Janeiro. Isto mostra como está sendo importante a requalificação do
aeroporto Tom Jobim e como a “briga” bem-sucedida do prefeito Eduardo Paes,
para trazer mais voos e mais rotas internacionais e stopovers (tempos longos de
conexão de voos) no Galeão, foi e é fundamental para mudarmos esse cenário.
Não faz sentido que o
Ministério da Justiça volte a cobrar visto de turista de países como Canadá,
Austrália e Estados Unidos da América a partir de abril próximo, em detrimento
da continuação de uma política pública de incremento ao turismo estrangeiro exitosa,
como já demonstrada. Na prática, para emissão dos vistos de entrada, são
exigidos, apenas, que os cidadãos preencham um formulário e paguem os
emolumentos consulares pela internet, num valor entre 80 e 160 dólares, sem
qualquer tipo de entrevista ou análise mais acurada.
É muito importante que
avancem, rapidamente, as negociações para restabelecer a reciprocidade da
isenção de vistos para brasileiros, mas, também, não menos importante, é
levar-se em conta o interesse público envolvido na continuidade do aumento de
fluxo de turistas estrangeiros, de países potencialmente importantes para o
turismo nacional, independentemente dos resultados daquelas negociações.
O trade de turismo carioca e
fluminense e as instituições que os representam precisam se mobilizar para
demonstrar a importância de adiar a decisão definitiva sobre a isenção.
Muito trabalho ainda há pela
frente. Metas devem ser alcançadas e as condições para isso devem ser mantidas
e aprimoradas para fazer do Rio, mais uma vez, a cidade mais visitada no Brasil
por estrangeiros. Essa esperada prorrogação da isenção em abril será uma boa
notícia, pois mais turismo estrangeiro no Brasil significa mais trabalho,
empregos e renda para os cariocas. Que assim seja!
Texto: Wagner Tavares é
consultor, empresário e Presidente da Associação do Cinturão Turístico do Rio
de Janeiro – ACTur Rio. Diário do Rio, 4-2-2024
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