Na maturidade, após
descobrirmos o que é verdadeiro amor, descobrimos também a necessidade de
sermos amados.
Tenho observado pessoas
maduras, que já descobriram o amor, encontraram a pessoa que amam, mas ainda
assim não são totalmente felizes.
Isso me levou a pensar nos
motivos pelos quais isso ocorre e na dificuldade da existência de um amor
completo para uma pessoa.
Na juventude raramente se ama.
Temos atrações e paixões, mas o amor profundo, mesmo quando iniciado com uma
paixão, só virá com a maturidade, quando as pessoas passam a entendê-lo de
outra maneira.
Esse amor envolve cuidados,
atenções, carinhos e preocupações constantes com a felicidade e o bem-estar de
seu parceiro. Só amamos verdadeiramente uma pessoa quando a queremos ver feliz,
mesmo que não seja conosco.
Entretanto, para que esse amor
seja completo, tornando feliz também aquele que ama, esse sentimento necessita
ser retribuído na mesma proporção que se dá.
Os cuidados para com nosso
parceiro necessitam de uma resposta e, portanto, é necessário que ele entenda
que, se quer ser cuidado, também precisa cuidar.
O casal só será completamente
feliz quando o amor ocorre em mão dupla. Se a dedicação, o cuidado, o carinho e
as preocupações só ocorrem de um lado, ele certamente se cansará de só
fornecer, sem nada receber.
Os detalhes na convivência
diária de um casal poderão transformar a paixão em amor, mas se isso lhe
ocorrer e seus cuidados não forem retribuídos na mesma proporção que fornece,
provavelmente estará amando quem só sente admiração, paixão, tesão ou qualquer
outra coisa, mas não amor por você.
Vejo pessoas que praticamente
se anulam, deixam de fazer o que gostam, fazem o que não desejam, ou o que
gostam pouco, na tentativa de agradar seu companheiro, mas acabam percebendo
que, em situações semelhantes, o mesmo não ocorre no sentido inverso.
É fundamental que quando
estamos amando não nos anulemos, pensando exclusivamente no parceiro, sem
cuidar de nossa própria felicidade, pois acabaremos sem brilho próprio para
sermos amados por nosso par ou por outra pessoa.
A atenção com o outro deve ser
equilibrada com aquela dispensada em nossa própria felicidade, pois nem uma
grande dedicação ou carinho será suficiente para que nos amem se esse amor não
existir.
Só com a maturidade se consegue
perceber a profundidade e amplitude do sentimento por nós já confundido com
outros que já experimentamos, mas agora conseguimos entender que não era o
verdadeiro amor, que só alguns terão a chance de realmente viver.
No verdadeiro amor, as rugas
serão admiradas como marcas de experiências vividas e não como traços físicos
da idade. As cicatrizes nos lembrarão de histórias vividas, jamais como
esteticamente prejudiciais. A barriga, a celulite, a falta ou a cor dos cabelos
já não serão tão importantes, como já foram na época em que o amor ainda era
uma paixão.
Quando se ama, as pequenas
indelicadezas, se ocorrerem, serão desconsideradas, superadas pelas diversas
atitudes inesperadas de carinho e afeto demonstradas no dia dia.
No amor, a lembrança do ente
querido é uma constante, mas não como nas paixões, quando ocorria aquele desejo
louco de estar junto, tocar, apertar, beijar ou até morder. Agora ela é mais
tranquila e normalmente é observada em pequenas atitudes, como na aquisição de
determinada fruta encontrada no supermercado, que não lhe é muito apetitosa,
mas seu parceiro gosta muito.
A maturidade mostra não só o verdadeiro amor, mas a necessidade de
reciprocidade nos cuidados, para que seja duradouro.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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