A presidente Dilma Rousseff dá
sinais crescentes de alheamento da realidade. E as coisas sempre pioram depois
que ela se encontra com Lula, como aconteceu no fim da semana que passou. A
revista VEJA traz uma bomba: Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto
Youssef, que está preso, concede uma entrevista em que conta parte do que viu.
Ela é hoje uma das principais testemunhas da chamada Operação Lava Jato,
deflagrada pela Polícia Federal. Segundo Meire, a estatal era usada para
abastecer um sistema criminoso de lavagem de dinheiro que envolvia políticos,
empreiteiros e funcionários da empresa.
Muito bem! Dilma concedeu uma
entrevista coletiva neste domingo no Palácio da Alvorada. Era a candidata
falando, não a presidente. Segundo informa VEJA.com, afirmou: “Se tem uma coisa
que a gente tem de preservar, porque tem que ter sentido de Estado, de nação e
de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Isso
não é correto, não mostra nenhuma maturidade. Eu acho fundamental que, na
eleição e nesse processo que nós estamos, haja a maior e mais livre discussão.
Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa
e sua direção é muito perigoso”.
Factoide político? Qual
factoide? Meire Poza é uma das principais testemunhas — e ela confessa ter
também praticado ilegalidades para o grupo — de uma operação deflagrada pela
Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça. Dilma repete, agora em
linguagem infelizmente um pouco mais compreensível — sempre é pior quando a
gente entende o que ela fala —, as bobagens que disse a respeito da Petrobras
na sabatina de que participou na CNA (Confederação Nacional de Agricultura e
Pecuária do Brasil). Para ela, investigar as lambanças na estatal corresponde a
prejudicá-la.
Errado! É justamente o contrário.
Prejudicaram a empresa, senhora candidata, aqueles que a levaram a um prejuízo
bilionário com um negócio desastroso: os seus aliados. Prejudicaram a empresa
aquelas que usaram a tarifa de gasolina para conter a inflação em razão de uma
política econômica desastrosa — nesse caso, o seu governo e a senhora,
pessoalmente. Prejudicaram a empresa aquelas que a usaram e a usam para
distribuir prebendas políticas, com o objetivo de manter unida a chamada “base
aliada”.
A candidata Dilma decidiu
ainda ser pauteira da imprensa. Referindo-se à proposta do tucano Aécio Neves e
do peessebista Eduardo Campos de reduzir ministérios — há, no Brasil, 39
pastas; deve ser recorde no mundo —, ela afirmou: “Eu posso pedir uma coisa a
vocês? Perguntem qual ministério eles vão reduzir”. Avançou: “Esse formato [39
ministérios] responde a um momento histórico do Brasil. O momento histórico
mudando, eu mudo (…)”. Ah, bom… Num ato falho, disse: “Alguns deles vão evoluir
e poder até não ser ministério”. Vale dizer: Dilma reconhece que evoluir, nesse
caso, significa cortar ministérios. Mas ela promete deixar tudo como está. Ou
seja: é a não evolução.
Título e Texto: ReinaldoAzevedo, 11-08-2014
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