Luciano Henrique
Neste sábado, o roqueiro Lobão
fez um show acústico em São Paulo, no qual cantou velhos hits e músicas novas.
Entre os velhos sucessos reconstruídos, debulhou Vida Bandida,
renomeada para Dilma Bandida.
Foi o suficiente para o
blogueiro estatal Paulo Nogueira estrebuchar pedindo sua prisão. Para ele, a reação
deve ser “enérgica, exemplar, imediata”. Por quê? Por que o roqueiro teria
sido “criminoso”, tendo cometido “um crime de injúria e difamação”. Na visão do
blogueiro, “há um limite de civilidade que não pode ser transposto, ou o país
vira um caos”. Ou seja, o caos, para ele, é ver alguém chamando Dilma de
Bandida.
Nogueira ainda diz que
“o argumento mais obtuso é que se trata de liberdade de expressão”. Por
que não estou surpreso? Para ele, Lobão não exerceu liberdade de expressão, mas
um “crime, a não ser que ele tenha provas de que Dilma é bandida”. Mas quem
primeiro comentou sobre o passado bandido de Dilma não foi o músico, mas o ex-marido da presidente, Carlos Araújo (isso sem falar
nas várias e várias delações recentes, nas pedaladas fiscais, na fraude do IPEA
e muito, muito mais). Como se nota, a ação proposta por Nogueira não vai dar em
nada. Ele próprio se entrega ao dizer que “o mínimo que se pode fazer é
incomodar o ofensor em casos como o de Lobão”. Nada de surpresas até o momento,
pois para a figurinha o importante é causar problemas para os oponentes através
de litigâncias de má-fé.
Outra figurinha, que atende pelo nome de Marcelo Moreira, deixou seus nervos
bolivarianos aflorarem e resumiu-se a xingar muito no Twitter. Pelas lentes
de Moreira, Lobão partiu “para a irrelevância de forma deliberada”. O
cantor teria ido para o “fundo do poço”. Outras palavras usadas incluem
“decadência”, “de ranço moralista”, “ideológico”, “alguém que fala sozinho”,
“tendo perdido qualidades de roqueiro”, “sem bom senso”, “sem dignidade”,
“desrespeitoso”, “propagador de ódio”, “de mau gosto”, “despreparado”,
“intolerante”, “desesperado”, “irrelevante”, “chulo”, “autossabotador”, “jogado
no abismo (por si próprio) ” e “com a carreira no esgoto”.
Não dá para deixar de perguntar,
evidentemente: em toda a “crítica” do show de Lobão, feita por Moreira, há
algum comentário musical? Não. Há alguma análise das novas músicas? De jeito
algum. Todo esse show de baixaria foi lançado por um pseudocrítico musical
apenas pelo fato de Lobão ter falado algumas verdades sobre Dilma e seu
governo/partido fascista. Engraçado que essa figurinha conclui sua “crítica”
dizendo que “quando o desrespeito vira argumento, é hora de trocar o
CD/DVD/LP”. Claro, claro… e todo o papelão de Moreira contra Lobão foi muito
argumentativo e respeitoso.
Enfim, os fascistas podem
estrebuchar, mas Lobão, melhor que nenhum outro dos nomes dos anos 80,
demonstra puro espírito rock’n’roll, agindo de forma verdadeiramente
subversiva, se recusando a abaixar a cabeça para uma manada de militantes
bovinos que trocam sua dignidade por verbas estatais, estas últimas desprezadas
pelo roqueiro tão odiado por Moreira.
A escória governista de fato
não se cansa de rastejar em público.
P.S.: Como me lembraram no
Facebook, essa história de querer prender músicos que desafiam o sistema tem um
baita cheiro de ditadura militar.
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