Pedro Caetano
Uma sondagem, publicada pouco depois de 1 de abril, dá 40 por cento da intenção de voto ao PS de António Costa, mais rigorosamente 39.7 por cento. Alegadamente, mais de um em cada dois portugueses parece fazer uma avaliação positiva de Costa e do seu governo, 60 e 55 por cento, respectivamente.
Os leitores mais incautos
poderão ser induzidos a pensar que há seis milhões de fãs ‘costistas’, porque
nas manchetes dos jornais pro-governamentais não há grandes explicações sobre
para que faixas de população podemos extrapolar esses 60 por cento, ou como
foram distribuídos, quais as percentagens de indecisos, de abstencionistas ou
de quem se recusou responder.
Segundo a sondagem, só no
recente mês de período pascal, Costa já ganhou mais 10 por cento de devotos.
Igualmente, como não há explicações robustas, demasiados leitores incautos
poderão ser levados a pensar que isso significa mais um milhão de admiradores
de Costa só num mês! Será que há tantos milhões de adeptos ‘costistas’ como
benfiquistas e ninguém sabia, nem os via?!
A empresa que faz esta e outras sondagens, sem grandes explicações e cada vez mais incrivelmente favoráveis a Costa, chama-se Aximage. Os resultados dos estudos são depois publicados pelos seus parceiros, os habituais jornais e rádios da propaganda do governo, subsidiados por este através de vários mecanismos, que só publicam as conclusões e números soltos, como “60 por cento satisfeitos com Costa”, sem explicarem para que faixas de população podem ser extrapolados esses resultados (Portugueses de todo o mundo? Residentes em Portugal? Todos os adultos? Votantes excluindo abstencionistas?), nem se questionarem sobre a imputação ou inferência estatística. Além disso, apresentam fichas técnicas cada vez mais omissas, deixando o assunto a cargo da nossa imaginação ou da simples insinuação que é feita.
Quando vamos à procura no site
da internet da Aximage dos detalhes técnicos e científicos que não
descortinamos nos jornais pro-governamentais, deparamos com um anúncio
elogiando a qualidade dos seus estudos pois, garantem-nos, praticam o “rigor
científico”. A empresa alardeia ainda, no seu “site”, usando “poesia” de rimas
triplas de marketing algo “kitsch”, que a metodologia empregue tem
“intransigência na procura da excelência e independência”. A Aximage sugere,
ainda, ter a sapiência de não sofrer influências da “pressão dos diferentes
poderes.” Hum… tanta insistência na presença da decência! Tanto paleio
generalista em vez de detalhes científicos? Por que será?
Num país normal e próspero esperaríamos,
obviamente, que o líder ou diretor técnico, desta ou de qualquer empresa de
sondagens rigorosa, especialmente uma que afirma com tamanha veemência ter
tanta ciência e independência, fosse um matemático doutorado em estatística,
completamente desligado da atividade política.
Só que Portugal não é um país
normal, nem próspero, precisamente porque a política e os políticos estão
misturados com demasiados assuntos, que deveriam ser estritamente entregues a
técnicos para poderem funcionar devidamente. Logo, quando a esmola é muita, o
pobre desconfia e investiga. Por isso descobrimos, pasme-se, que o líder e
também diretor técnico da Aximage, nada tem a ver com matemática ou
estatística, as ciências na base do rigor científico das sondagens. Também está
longe de ser independente dos poderes da política.
O líder desta empresa
responsável pelas sondagens favoráveis a Costa foi secretário de Estado de
Sócrates (!!!) e é formado em Filosofia (!!!), segundo nos informam a revista
“Visão” e o jornal “Correio da Manhã”. Além disso, ainda segundo o jornal
“Observador”, era o “espião” de José Sócrates no Largo do Rato, infiltrado no
PS do honesto e íntegro José Seguro, para ir contar tudo o que se lá passava
aos ‘socráticos-costistas’, ligados à atual direção do PS e ao Governo, que
deram o golpe ao deposto secretário-geral. O seu nome é Almeida Ribeiro.
O autor destas linhas, apesar
de já não ter nenhuma ilusão sobre o ponto deprimente a que o nosso pobre
Portugal desceu, moralmente e tecnicamente – comparado com o mundo civilizado e
rico onde vive –, garante-vos que, ao investigar a credibilidade destas sondagens
para este artigo, mesmo assim, ainda foi capaz de ficar surpreendido e
boquiaberto com a descoberta! Em vez de encontrarmos, como esperávamos, uma
matemática ou de um estatístico, pessoas dos números e das ciências
quantitativas, como se passa no resto do mundo, deparámo-nos com uma personagem
socrática de letras. E logo alguém à frente de uma empresa de sondagens, sempre
tão favoráveis ao governo do antigo número dois de Sócrates e aos seus
ministros, essencialmente todos eles também socráticos e com práticas
socráticas. Os tais que, alegadamente, 55 por cento do povo avalia
positivamente!
Parece uma piada de mau gosto
ou um pesadelo sobre a omnipresença dos socráticos que desgovernam o Portugal,
estagnado economicamente há duas décadas, mas não é. Seria para rir, se não
fosse aterrador, descobrir o currículo, de filósofo e secretário de Estado de
Sócrates, do líder desta empresa de sondagens, sempre tão favoráveis a António
Costa e ao poder instituído de um dos países mais pobres da Europa. País onde,
alegadamente, o povo está, maioritariamente sorridente e alegre por ter o pior
poder de compra da Europa (só ultrapassado pela Bulgária) e ver os filhos e
netos qualificados a emigrarem para poderem arranjar trabalho noutros países,
uma vez que, em Portugal, parece só haver bons empregos para os milhares de
assessores inqualificados vindos da juventude socialista ou para amigos e
familiares de governantes.
Alegadamente, é uma satisfação
para muita gente, supostamente ou por insinuação e imaginação, que mais de seis
milhões de almas estejam satisfeitas e felizes com o Governo, por pagarem a
energia mais cara da Europa e ver os perdões fiscais favorecerem sempre a EDP
enquanto a sua própria carga fiscal não para de aumentar. Esses milhões de
masoquistas gostam ainda de estar confinados há quase um ano e não se indignam
nada de ainda não terem os familiares com mais de 70 anos vacinados vendo,
satisfeitos, as vacinas a serem distribuídas primeiro para políticos novos, de
30 ou 40 anos.
Surpreendentemente estão,
pois, praticamente todos contentes em Portugal com o que se passa na TAP, no
Novo Banco, na Justiça etc. Os portugueses parecem adorar estar em último lugar
da Europa, governados por um conjunto de ministros socráticos sem profissão
real e com os piores resultados da Europa. Ainda bem que há estudos destes que
confirmam que uma maioria está satisfeita com Costa e com os seus ministros
socráticos! Se não fossem Costa e os socráticos, o que seria de nós?… É o que
deixam adivinhar as sondagens lideradas por socráticos.
Portugal não chegou aonde
chegou por acaso, mas, uma hipótese plausível, talvez por coisas assim, como
ter nas manchetes dos jornais apenas as conclusões de empresas de estatística
geridas por ex-secretários de Estado de Sócrates ou como terem os contribuintes
a pagarem milhares de milhões por empresas de aviação da responsabilidade de
ministros ex-deputados de Sócrates.
Qualquer dia também aparece
uma sondagem a dizer-nos que 90 por cento dos Portugueses acreditam que
Sócrates é um santo inocente! Ivo Rosa – não é difícil de prever as decisões
deste juiz – provavelmente vai adiar a conclusão do processo judicial do ex-primeiro-ministro
para 2035 (quando ele tiver 78 anos). No entanto, isso não é problema em
Portugal, porque a maioria do povo, segundo as sondagens socráticas, está com
socráticos, com os ministros e com o seu número dois, atualmente no governo. As
sondagens socráticas “são porreiras pá”!
Título e Texto: Pedro Caetano,
o Diabo, 8-4-2021
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