domingo, 9 de maio de 2021

[Versos de través] Desencanto

Manuel Bandeira


Eu faço versos como quem chora 
De desalento... de desencanto... 
Fecha o meu livro, se por agora 
Não tens motivo nenhum de pranto. 

Meu verso é sangue. Volúpia ardente... 
Tristeza esparsa... remorso vão... 
Dói-me nas veias. Amargo e quente, 
Cai, gota a gota, do coração. 

E nestes versos de angústia rouca 
Assim dos lábios a vida corre, 
Deixando um acre sabor na boca. 

– Eu faço versos como quem morre.


Título e Texto: Manuel Bandeira

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Com licença poética 
O sonho 
No meio do caminho 

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