sábado, 12 de junho de 2021

[Versos de través] A mulher

Florbela Espanca


Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!


Título e Texto: Florbela Espanca

Anteriores: 
Aqui morava um rei 
Mulher proletária 
O Relógio 
Bem no fundo 
Cobra Norato (trecho da obra) 

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