quarta-feira, 3 de novembro de 2021

[Língua Portuguesa] A maioria dos ministros do STF é militante político, ou, a maioria dos ministros do STF são militantes político-partidários?


Colunas anteriores: 

'O uso de «até o» e de «até ao»' 
Como chama? 
“Piranha”? 
“Se calhar”? 
Mal ou mau 
Evoluir é o mesmo que Progredir? 
A fim ou afim?

3 comentários:

  1. Conforme explica o gramático Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, quando o sujeito da oração inclui uma expressão quantitativa (a maioria, parte de, uma porção de, metade de, o resto de etc.) e um substantivo ou pronome no plural, a concordância verbal pode ser feita no singular ou no plural. A escolha é sua! Notícia boa, né?

    Veja exemplos:
    A maioria das pessoas se confundem com isso.
    A maioria das pessoas se confunde com isso.
    Metade dos candidatos foi aprovada. (Aqui, observe para a adequação para o feminino)
    Metade dos candidatos foram aprovados.
    Uma porção de fãs foi ao evento em 2018.
    Uma porção de fãs foram ao evento em 2018.
    Acreditamos que a maioria das pessoas vai gostar desta dica.
    Acreditamos que a maioria das pessoas vão gostar desta dica.

    Papo-cabeça
    Sempre que for possível, faça uma pausa antes de considerar um texto concluído. A melhor coisa nessa hora é ir tomar um café, esticar as pernas ou algo assim por uns 10 minutos. Ao retornar, releia o texto buscando eventuais ajustes necessários. Verifique ortografia, pontuação, padronizações, repetições de termos etc.
    Pode até parecer que não, mas esse pequeno distanciamento gerado pela pausa já permite que detalhes sejam mais facilmente notados e corrigidos. Ou seja, só vantagens!
    Até semana que vem!
    ***
    Debora Capella, colunista semanal do Mega Curioso, é mestre em Estudos da Linguagem e atua nas áreas de revisão, edição, tradução e produção de textos há 15 anos.

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    Respostas
    1. Quando li a resposta do Prof. J. N. Henriques relativamente à concordância correta na frase "A maioria das pessoas consulta esta página" fiquei convencido que até sabia umas coisas de língua portuguesa! Mas foi por pouco tempo, pois verifiquei que no Prontuário Ortográfico (M. Bergstrom/ N. Reis; pag. 50) se indica que neste tipo de frases (as regidas da preposição de) o verbo pode ir para o plural (exemplo: "A maior parte dos soldados mostravam-se desanimados").
      Conclusão: começaram as (ciber)dúvidas! Dito isto, pergunto: qual é, afinal, a concordância correta (ou a mais correta!) em frases como as indicadas em 1-4?
      1- Uma dúzia de bombeiros apagou/ apagaram o incêndio em menos de meia hora.
      2- Uma grande percentagem dos agricultores portugueses está/ estão com grandes dificuldades económicas.
      3- A maior parte das casas do bairro X está/ estão a cair.
      4- Um grupo de trabalhadores da empresa X fez/ fizeram uma manifestação em frente à Assembleia da República.

      Augusto C. Tomé Aveiro, Portugal


      Nem sempre é fácil explicar a concordância do verbo. Há duas regras que dizem o seguinte:

      a) O verbo pode ir para o plural, quando atribuímos a ação do verbo, mas separadamente, aos indivíduos que formam o coletivo:

      "A maior parte dos alunos foram ao passeio".

      Chama-se concordância siléptica, e não gramatical.

      b) O verbo fica no singular, quando concorda com o nome coletivo. É a concordância gramatical: "A maioria dos homens não quer salvar-se."

      Deve-se preferir o singular, quando a ação do verbo se refere ao nome coletivo e não a cada ser separadamente:

      "A maioria dos chefes prejudica a disciplina".

      Como o consulente apenas pergunta como se deve dizer, optei pela doutrina da alínea b), mais simples e mais lógica.

      A explicação da alínea a) exige doutrina psicológica, mas não vale a pena referir-me agora a ela. Por isso, optei pela frase de construção lógica:" A maioria das pessoas consulta esta página". Considerarei sujeito (a maioria das pessoas) como um todo coeso.

      Há gramáticos que se limitam a admitir as duas construções, e não fazem mal, porque simplificam. Embora se admitam, convém preferir a sintaxe da alínea b), que é a concordância gramatical, ou seja, a concordância lógica. Foi o que eu fiz na resposta que dei. Há situações, porém, mas não é agora o caso de me referir a elas, em que é preferível a sintaxe mencionada na alínea a).

      A frase 4 da consulta fica mais bem dita assim: "Um grupo de trabalhadores da empresa X fez uma manifestação (…)". Eis a explicação: o "grupo de trabalhadores "da empresa" está apresentado como um grupo coeso, mais como uma unidade do que como uma pluralidade.

      José Neves Henriques, 20 de novembro de 1997

      in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/concordancia-do-verbo/1528

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  2. "A maioria dos atores são moradores..."

    Já faz tempo que quero discutir a concordância do verbo quando o sujeito é formado por expressões como "A maioria", "Boa parte", "Grande parte", "A maior parte" etc. Os leitores vivem perguntando sobre isso.

    Dia desses ouvi num noticiário televisivo esta frase, ótima para ilustrar a questão: "A maioria dos atores são moradores da própria favela". Falava-se do filme "Cidade de Deus", que acabara de estrear, no Rio de Janeiro.

    Sabe-se que, se o sujeito é "A maioria" (e não "A maioria dos atletas", "A maioria dos deputados", "A maioria das mulheres" etc.), o verbo deve ficar no singular: "A maioria preferiu ficar na sala"; "A maioria quer mudanças"; "A maioria gostou do filme".

    A dúvida ocorre quando termos como "maioria" ou "parte" (e outros de mesma natureza) vêm seguidos de especificadores postos no plural. Nesse caso, caro leitor, o que decide a questão não é uma regra rígida, inflexível; é o bom senso. A escolha da forma verbal depende basicamente do que se quer enfatizar, ressaltar.

    Em "A maioria dos jornalistas mostrou preparo para sabatinar o candidato", por exemplo, a opção por "mostrou" enfatiza a noção de conjunto, de grupo, representada pela palavra "maioria". Essa é a concordância lógica, já que é da norma geral que o verbo concorde com o núcleo do sujeito.

    Caso se optasse por "A maioria dos jornalistas mostraram...", dar-se-ia destaque para os formadores do grupo ("os jornalistas"). A questão fundamental é saber se de fato há necessidade de enfatizar os formadores do grupo, já que a concordância natural é feita com o verbo no singular. Formas como "A maioria dos eleitores compareceu" ou "Grande parte dos motoristas desconhece o básico do básico das leis de trânsito" talvez soem mais naturais do que "A maioria dos eleitores compareceram" ou "Grande parte dos motoristas desconhecem...".

    A coisa pode mudar de figura quando se trata de verbos como "ser", "estar", "ficar" etc. Com eles, a obediência à concordância lógica nem sempre gera bons resultados. Veja-se a frase do telejornal, citada no início deste texto ("A maioria dos atores são moradores da própria favela"). Siga-se a concordância lógica e se chegará a isto: "A maioria dos atores é moradora da própria favela".

    Que tal? A decisão é de quem escreve ou fala, já que as duas formas ocorrem na língua padrão, mas a opção por "é", que concorda com "maioria", impõe a necessidade de estender o critério à concordância do predicativo ("moradora"), o que talvez soe um tanto "estranho". Como quem efetivamente mora são os atores, parece que a opção por "A maioria dos atores são moradores da própria favela" é mais natural do que a opção por "A maioria dos atores é moradora...".

    O que foi dito aqui a respeito de "A maioria" se estende a "Boa parte", "A maior parte" etc. Frases como "A maior parte dos homens examinados é portadora da infecção" ou "A maioria dos trabalhadores dessas regiões está contaminada" talvez sejam naturalmente substituídas por "A maior parte dos homens examinados são portadores da infecção" ou "A maioria dos trabalhadores dessas regiões estão contaminados". A escolha é sua. É isso.
    Pasquale Cipro Neto

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