Ana Paula de Araújo
“Os Lusíadas” é uma epopeia do escritor português Luís Vaz de Camões, que tem como assunto a viagem de Vasco da Gama às Índias. A Narrativa é dividida em dez cantos que são organizados em 1.102 estrofes, cada uma com oito versos, todos decassílabos heroicos, e com rima ABABABCC.
Mais que uma obra literária, pode-se dizer
que é uma obra de arte, tal foi o empenho do autor em mantê-la com
esta regularidade formal. Considerado o maior poema épico da língua
portuguesa, foi publicado em 1572, com o apoio do Rei D. Sebastião. O poema
conta histórias sobre as perigosas viagens marítimas e a descoberta de novas
terras, povos e culturas, exaltando o heroísmo do homem, que, navegador,
aventureiro, cavalheiro e amante, é também destemido e bravo, e
enfrenta mares desconhecidos em busca dos seus objetivos.
Como foi típico do Renascentismo, o poema
não poderia deixar a característica antropocentrista de exaltação do homem
e de suas faculdades mentais, psicológicas, etc. Em plena
expansão marítima de Portugal e de toda a Europa, o sentimento
conquistador e heroico era completamente oportuno para ser incutido na
literatura da época.
Além de narrar o caminho para a descoberta
das índias, a epopeia fala sobre as grandes navegações, o império
português no Oriente, os reis e heróis de Portugal, dentre outros fatos
que o tornam um poema histórico, enciclopédico. Em paralelo, desenvolve-se
também uma história mitológica, envolvendo lutas entre os deuses do
Olimpo: Vênus e Marte, Baco e Netuno.
Em Os Lusíadas podemos encontrar ideais renascentistas,
imperialistas e nacionalistas, cristãos e pagãos, épicos e líricos,
ufanistas e críticos, clássicos e barrocos. Com esta quantidade de contrapontos
que se cruzam, Camões foi reconhecido como grande literato, elaborando uma obra
com uma linguagem muito rica.
Quanto à história, o
enredo é dividido em cinco partes, como manda a tradição clássica a
uma epopeia. São elas:
1.
Proposição - Apresentação da obra e síntese do
assunto, ressaltando o heroísmo, o antropocentrismo, o ufanismo, dentre outras
características do homem.
2.
Invocação das Tágides - É um pedido do
autor às musas Tágides, ninfas do rei Tejo, para virem lhe dar
inspiração.
3.
Dedicatória ao Rei D. Sebastião - O
rei é apresentado como um menino, aos 14 anos assumindo o trono,
exaltando-o como jovem e esperança da pátria.
4.
Narração - Parte mais consistente da história,
como já dito, foca-se em três pontos principais: a viagem de Vasco da
Gama às Índias, a narrativa da história de Portugal e as lutas e
intervenções dos deuses do Olimpo. Ao mesmo tempo, o autor faz descrições de
fenômenos como a tromba marítima, e disserta sobre a moral, o ouro, as riquezas,
entre outros interesses do homem renascentista.
5.
Epílogo - última parte,
contém críticas do poeta, lamentações sobre a realidade, exortações ao
rei, etc. O tom destas últimas 12 estrofes é pessimista, criticando
a decadência do país, e reforçando a exaltação ao Rei D. Sebastião.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lus%C3%ADadas
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/os_lusiadas
http://thegoodarticle.com/os-lusiadas-de-luis-vaz-de-camoes/
http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/os-lusiadas.htm
Título e Texto: Ana Paula de Araújo, InfoEscola
Canto primeiro
1
AS armas e os
Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2
E também as
memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
3
Cessem do sábio
Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
4
E vós, Tágides
minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.
5
Dai-me ũa fúria
grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
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Poxa, teria me ajudado muito essa matéria. Estou cursando Letras, e na semana passada tive que fazer uma resenha sobre esse assunto. Mesmo assim sempre é bom adquirir mais e mais conhecimentos!
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