Um dia triste para o jornalismo: Os ativismos de William Bonner e Renata Vasconcellos transformaram a “entrevista” em um tribunal de inquisição
Cláudio Magnavita
Gostando ou não de Jair Bolsonaro, quem assistiu o que seria uma entrevista com um Presidente da República, que disputa a reeleição, viu ela se transformar em um tribunal de inquisição. Renata Vasconcellos e William Bonner estavam visivelmente treinados para provocar Jair Bolsonaro e levá-lo a algum rompante intempestivo, atingido o objetivo de produzir manchetes para a mídia de oposição.
Só que, desta vez, o Bolsonaro
na bancada do JN era bem diferente do candidato de 2018. Eles estavam
entrevistando um chefe de estado, o presidente da República Federativa do
Brasil, fato que a dupla ignorou o tempo todo, até a derrapagem de
Vasconcellos, que o chamou de Presi… logo corrigindo para candidato. Traquejado
e como líder da nação, Bolsonaro agiu como um estadista. Respeitou o tempo, os
entrevistadores e não atacou a Globo. Cumpriu o seu objetivo de fio a pavio. Já
os dois entrevistadores, especialmente o William, foi de uma soberba
constrangedora. Ria jocosamente, colocava o dedo indicador ofensivamente na
frente e interrompia o entrevistado. Se fossem cronometradas as intervenções do
casal, pode vir a ser constatado que os dois falaram um tempo quase equivalente
ao do candidato.
Tentaram desconstruir a figura
do Presidente, pescando frases e expressões folclóricas fora de um contexto.
Agiram como crucificadores debochados, procurando cravar o prego em cada
possível incoerência entre o que se falou e do que foi feito. Erraram feio.
Bolsonaro, presidente e enfrentando a missão de administrar o país com uma
pandemia, seca e guerra e uma facada, o transformou em uma pessoa insone e com
enorme peso nos ombros. A sua frase mais lapidar resume este cenário: "é
diferente do que você quer fazer, do que você pode fazer". Falou com
responsabilidade.
Outra grande diferença foi ignorar as provações quase colegiais da dupla global e dar números e resultados do governo. Ele teve o que contar e relatar o que fez.
Cada vez que Bolsonaro decolava nas suas assertivas, os dois se desesperavam e tentavam cortá-lo e voltar às perguntas de picuinhas. Com uma audiência de milhões de brasileiros, turbinada pelo apoio da militância bolsonarista, eles ficaram só no ataque e não falaram do Brasil que vai sair das urnas. Estavam tão encruados em desconstruir o presidente que se esqueceram de perguntar sobre os planos de governo para um próximo mandato. Cometeram aí um grande pecado. Chamava-o de candidato e todas, todas as perguntas mesmo, eram feitas sobre os quatro anos de Governo. Foi o tribunal de inquisição do Presidente da República.
Quem assistiu percebeu que a
Globo, e o experiente editor William Bonner, jogou fora a oportunidade de
resgatar valores do bom jornalismo, sem ativismo. Não é sem razão que a
credibilidade do jornalismo da Rede Record e da Bandeirantes superam a Globo já
há algum tempo. A credibilidade foi jogada no lixo. De forma premonitória, o
Correio da Manhã publicou em manchete que a entrevista iria revelar o
antagonismo da Globo contra Bolsonaro. Foi exatamente este ponto que tomou
conta das redes sociais. Foi um dia triste para o jornalismo e, sem dúvida, um dia
que Renata Vasconcellos e William Bonner rasgaram seus diplomas e colocaram no
pescoço o colar dos inquisidores medievais. Já Bolsonaro deixou a Globo
exatamente como entrou: com a altivez de um presidente ungido pelas urnas e que
respeitará eleições limpas.
Finalmente, para quem entende de política, mereceu aplauso a sapiência de Bolsonaro de ignorar as provocações e fazer desfilar a lista de ministros candidatos, como Tereza Cristina, Tarcísio de Freitas e Gilson Machado, que ganhou mais tempo. O Jornal Nacional deu a oportunidade de alavancar estas candidaturas e defender a participação da maioria parlamentar ao lado do Presidente. Neste momento de sabedoria política, Renata e Bonner ficaram com cara de bobos. Bolsonaro fez um Gol de bicicleta na frente dos dois inquisidores.
Título e Texto: Claudio
Magnavita, diretor de redação do Correio
da Manhã, 22-8-2022, 22h53
Algumas capas, terça-feira, 23 de agosto de 2022
Bolsonaro, 22, esteve no JN, em 22 de agosto de 2022
A pseudoentrevista foi hilária, a parte que mais gostei foi a falha vaca engolindo a palavra presidente para chamar de candidato, ficou assim:
ResponderExcluir-"Presicandidato"... sic ...
A TV Globo, nas pessoas dos dois "entrevistadores", não entrevistou o presidente da República, sequer o candidato, mas o INIMIGO.
ResponderExcluirÉ impressão minha ou Bolsonaro sai maior do que a Globo imaginou?
ResponderExcluirDois Manés querendo aparecer fugiram da ética jornalística. Na verdade, Bonnder e Regata Vaisemchinelos desempenharam bem os papéis de dois palhaços a procura de um picadeiro. Que coisa feia!
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza
Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.