Os números vão começar a cair no noticiário
e na vida real das pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a
“herança maldita” e o “genocídio” dos ianomâmis
J. R. Guzzo
A maior parte da esquerda
brasileira, que se comporta cada vez mais como se as últimas eleições para
presidente da República tivessem sido a conquista de Havana pelas tropas de
Fidel Castro, continua convencida, pelos atos que pratica, que a “ditadura do proletariado”
já começou no Brasil. O presidente Lula, naturalmente, é o condutor dessa
marcha da insensatez. É duvidoso que controle de fato o que estão fazendo em
seu governo, ou que saiba direito o que está sendo feito, ou até quem foi
nomeado para isso ou aquilo, mas está se achando o grande comandante mundial
das lutas pela vitória do “socialismo” sobre a face da Terra. Imagina que é o
Che Guevara do século 21, ou pelo menos o Nicolás Maduro do Brasil — ou, quem
sabe, um novo Perón, com Evita e tudo.
Na sua esteira, com as mesmas
agressões ao Brasil do trabalho, da produção e das liberdades, vêm os ministros
e a multidão de sócios-proprietários que invadiu o seu governo e começa a
construir ali um caos digno de Dilma Rousseff. Ignoram que praticamente metade
dos eleitores que foram votar no segundo turno, pelos números do próprio TSE,
preferiu o seu adversário — e, por seu simples peso aritmético, teriam de ser
levados em conta em qualquer projeto minimamente responsável de governo. Estão
certos de que ganharam uma daquelas eleições cubanas em que o governo leva 99%
dos votos e que, por isso, podem fazer o que bem entendem com o país, com 215
milhões de brasileiros e, sobretudo, com o dinheiro do Tesouro Nacional.
Será que vai ser assim mesmo, e tão fácil? Quer dizer: Lula faz uns discursos para criar a “moeda sul-americana”, o ministro da Justiça amontoa projetos, medidas provisórias e decretos-lei destinados à repressão política, o Senado reelege um presidente disposto a executar as instruções do Palácio do Planalto, as autoridades falam em todes e todes, e o Brasil vira socialista? A conferir, em futuro próximo — mas com apenas um mês de governo a revolução de Lula, do PT e da esquerda nacional começa a descobrir que a vida tem problemas. O primeiro deles foi uma espécie de bomba de hidrogênio nas ambições mais agressivas de se suprimir a oposição do Congresso Nacional.
O ministro Alexandre Moraes,
numa decisão que oferece o primeiro grande sinal de paz para a política
brasileira nos últimos quatro anos, negou o destrutivo pedido de suspender a
posse de 11 deputados da oposição — exigência de um grupo de advogados que está
no coração da candidatura de Lula e ocupa postos-chave dentro do seu governo.
Foi, possivelmente, a decisão mais acertada de um ministro do Supremo Tribunal
Federal desde que a vida pública nacional entrou em parafuso com a eleição de
Jair Bolsonaro para presidente do Brasil. O ministro Moraes deu um aviso claro,
vigoroso e essencial para a segurança dos parlamentares da oposição: seus mandados,
conferidos pelo eleitor brasileiro, estão garantidos pelo STF — e não dependem,
como pretendem os radicais de esquerda, de aprovação do governo para serem
exercidos.
A decisão desmonta,
simplesmente, o pior ataque já feito pelo lulopetismo contra a liberdade
parlamentar no Brasil — as últimas cassações de mandato por motivo político
foram no Ato 5, durante a “ditadura militar” que Lula e o PT, pelo que têm
feito, tanto gostariam de ressuscitar no Brasil. Foi um choque elétrico. “Daqui
vocês não podem passar”, informou Moraes.
O ministro Alexandre de
Moraes, que já havia desapontado a esquerda com a decisão de devolver o acesso
às redes sociais do deputado Nikolas Ferreira, do PL — o mais votado nas
últimas eleições, com quase 1,5 milhão de votos —, é um problema em aberto. Com
54 anos de idade e a vida pela frente, Moraes é um homem-chave no presente e no
futuro da política brasileira. Vale, sozinho, pelos dez outros ministros do STF
somados — com a exceção, talvez, de Gilmar Mendes, que também exerce influência
decisiva no compasso do tribunal. Foi ele, disparado, a força que resolveu as
coisas na liquidação de Bolsonaro e do bolsonarismo como força política no
Brasil. Reduziu o ex-presidente a picadinho de alcatra. Só falta agora o último
passo, que é tornar o homem inelegível — algo que talvez nem seja mais
necessário. (Há gente que ainda tem medo de que Bolsonaro receba outros 60
milhões de votos daqui a quatro anos, mas sua conta, na vida real da política,
já parece fechada.) A questão, para Lula e o seu sistema, é que uma hora
qualquer, mais cedo ou mais tarde, o processo de desmanche de Bolsonaro vai
acabar. E daí — o que o ministro Moraes vai fazer de lá para a frente, e
durante os próximos quatro anos?
O
pior momento, num mês com momentos ruins quase diários, foi esse súbito
caminhão de ira que resolveu despejar em cima do impeachment de Dilma Rousseff
É claro que ele continua tendo
a seu cargo o inquérito criminal que funciona, hoje, como a principal lei do
Brasil, além, naturalmente, de todos os inquéritos derivados dali — e sem o
arquivamento do processo todo a paz política e a segurança jurídica não voltam
ao país. Mas não haverá, na linha de tiro de Moraes, a figura que tem sido o
inimigo número 1, 2, 3, 4 e 5 de Lula e das forças que o apoiam. Não é a mesma
coisa. Daqui para a frente, sem Bolsonaro, o ministro Moraes muda de natureza
para Lula.
A pergunta-chave é: seus
planos vão ou não vão continuar andando juntos? Não está claro se os dois
querem as mesmas coisas, e nem se o ministro está interessado em dividir o
governo com o presidente. Não se sabe se ele pretende entrar em parceria com os
extremistas que controlam hoje as decisões de Lula; no caso da agressão aos
deputados, Moraes ficou contra eles e do lado da liberdade. Há outras coisas que
não se sabe. O que se sabe é que as âncoras políticas do ministro, até o
momento, têm sido o ex-presidente Michel Temer e o vice-presidente Geraldo
Alckmin; isso não é o PT.
Outro problema, para Lula, é a
descoberta de que também ele, Sua Santidade, pode meter o pé na jaca. O pior
momento, num mês com momentos ruins quase diários, foi esse súbito caminhão de
ira que resolveu despejar em cima do impeachment de Dilma
Rousseff. Foi um desastre. Ninguém ficou a favor; ao contrário, o presidente
levou até dois editoriais indignados no lombo, um de O Estado de S.
Paulo e outro de O Globo — já tinha levado um
terceiro, da Folha de S. Paulo, contra a neurastenia repressiva do
governo. Para que isso?
Lula fez uma acusação alucinada: sem que ninguém tivesse lhe perguntado nada, disse que Dilma foi expulsa do governo por “um golpe de Estado”. Repetiu o disparate e, para coroar, se referiu ao “golpista Michel Temer” — tudo isso em viagem ao exterior e para plateias estrangeiras. É uma mentira primitiva, insultuosa e mal-intencionada. Dilma foi destituída por um procedimento absolutamente legal de impeachment, pelos votos de 61 senadores e 367 deputados, num processo que durou nove meses inteiros, foi supervisionado passo a passo pelo STF e no qual teve o mais amplo direito de defesa. Onde está o golpe? Estaria Lula anunciando que, se houver um processo de impeachment contra ele, também será “golpe”? E se estiver — o que adianta isso?
Foi uma ofensa grosseira ao
Congresso, ao STF e à verdade mais elementar dos fatos; se ele não fosse Lula,
seria punido histericamente pelas duas polícias de combate à “desinformação”
que já foram criadas em seu governo. Foi, também, uma agressão sem pé nem
cabeça contra o ex-presidente Michel Temer. A questão, aí, parece ser um velho
e aparentemente incurável defeito de fabricação de Lula — sua incapacidade de
controlar o próprio despeito. Temer fez, possivelmente, o melhor governo que o
Brasil já teve no período da pós-democratização, se for considerado o país em
ruínas que recebeu da era Lula-Dilma e o país que entregou ao seu sucessor —
mesmo levando-se em conta o extraordinário sucesso de Fernando Henrique na
eliminação da inflação e os evidentes êxitos econômicos de Jair Bolsonaro. O
governo Temer só teve um problema: durou pouco, porque seu mandato
constitucional foi curto. Tudo isso, muito simplesmente, é insuportável para
Lula, o presidente das “heranças malditas” e imaginárias — um caso exemplar de
problema que não contém a semente de uma solução, mas apenas a semente de um
outro problema, e problema para ele mesmo.
O fato é que, depois de um mês
no governo, Lula e o seu sistema não conseguiram gerar uma única boa notícia —
nem para eles próprios. O único projeto de obra pública que Lula anunciou é na
Argentina — e para a duvidosa construção de um gasoduto conhecido pelo nome de
“Vaca Muerta”, para se ter uma ideia de onde estão querendo amarrar o burro do
BNDES.
A principal notícia no mundo
dos negócios é a monumental fraude contábil das Lojas Americanas, em cujo
comando figura o empresário Jorge Paulo Lemann, estrela entre os bilionários de
esquerda do Brasil e grande destaque na ala dos apoiadores capitalistas do presidente.
Os juros continuam em 13,75%
ao ano, como resultado das expectativas ruins em relação à inflação. O mercado,
a cada dia, mostra que não confia nem na competência e nem nas intenções da
equipe econômica — e Lula, em vez de olhar para os problemas reais que provocam
essa desconfiança, fica bravo com o mercado.
O Ministério da Agricultura,
peça-chave para a área mais produtiva da economia brasileira, está sendo
substituído por um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”. Os números do seu
governo, inevitavelmente, vão começar a cair no noticiário e na vida real das
pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a “herança maldita”
de Bolsonaro, a guerra na Ucrânia e o “genocídio” dos ianomâmis. O presidente,
queira ou não queira, vai ter de conviver com a realidade.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Revista
Oeste, nº 150, 3-2-2023
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Os 7 do STF... os mandantes do Brasil...
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FOTO LEGENDADA NÚMERO UM. DE UM LADO, O MI"SI"CRISTO ALEXANDRE PIRES XÍCARA DE MORRAES E O PRESIODENTE LUFUGULA:
ResponderExcluir- Nossa, companheiro - observa Lufugula. Que cara de macho e essa? Malvada!
FOTO LEGENDADA NÚMERO DOIS. PRESIODENTE LUFUGULA LEVANTANDO A MÃO DA PRIMEIRA REVERENDA EM ROUBALHEIRA, A ILISTRE QUILMA ROUBOUSSETTOITO:
- Logo mandarei um de meus asseclas pastarem e nomearei esta joia rara para me ajudar neste novo governo que ora se inicia. Iremos juntos por 4, 8 ou mais "anus".
Aparecido Raimundo de Souza
de Santo Eduardo, RJ
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