Onda de criminalidade, bagunça e desordem continua mesmo com o anúncio da remoção dos camelôs do local. Os ambulantes chegaram a ameaçar atear fogo num shopping da região
Amanda Raiter
Considerada uma versão Centro da Feira de Acari, a Rua Uruguaiana já se tornou um exemplo
clássico de como a desordem urbana logo reflete em violência e criminalidade; um câncer que traz
consigo a metástase urbana. Segundo o prefeito, a bagunça está com os dias
contados, mas, pela internet, pessoas ainda fazem relatos de furtos de pessoas
bem vestidas na esquina com a Avenida Presidente Vargas, no
perfil Rio de Nojeira. A sensação de insegurança do “mercado
andino” – apelido nada carinhoso dado ao caos de camelôs vendendo mercadoria
falsificada, roubada e sem controle algum de qualidade – ainda permanece.
Os crimes, segundo a
publicação, estariam ocorrendo em pontos de ônibus, em frente a uma lanchonete
de fast food, espremida entre ambulantes que gritam e estendem lonas pavorosas
pelas ruas e até no alto, e também teriam como alvo motoristas que trafegam no
local. “Estão andando bem arrumados, para disfarçar que são ladrões. Abrem
porta dos carros e roubam celulares“, denuncia a postagem. Os bandidos se
misturam aos camelôs ilegais, numa rotina de desordem urbana que só traz
malefícios, e que afasta consumidores e leva lojistas à falência.
Recentemente a Praça de Alimentação do Shopping Paço do Ouvidor fechou suas portas. Os lojistas que entregaram as chaves e abandonaram, deserta, a praça no subsolo refrigerado, seguro e limpo, culpam os camelôs. “É muito caos. Ninguém mais quer andar aqui. Morrem de medo. Compra-se ouro e celulares roubados na cara de todo mundo em barracas em plena rua”, diz um ex-inquilino do Shopping que tem medo de se identificar. Os camelôs são agressivos. “Já jogaram pedras no empreendimento e recentemente ameaçaram atear fogo no edifício caso a administração exigisse a presença da guarda para remover os clandestinos”, conta o síndico.
Uma jovem universitária de 20 anos conta, com exclusividade, que foi socada na cabeça por uma mendiga, quando passava pelo mesmo trecho, entre 17h e 18h. “O cenário é de abandono. Agora, tenho medo de todos os moradores de rua. Sequer troquei palavra com a agressora e ela veio me golpear”, relata ela, que não quis se identificar.
Em dias de chuva, o cheiro de
urina toma conta da região, a mesma que deve ter os camelôs irregulares removidos até o fim de março pela Secretaria
Municipal de Ordem Pública (Seop). De acordo com a nota da assessoria, o
órgão, juntamente às forças policiais, vai programar uma “ação de ocupação
da Uruguaiana para impedir a instalação de ambulantes irregulares e a ocupação
ilegal de área pública, além de outras irregularidades, especialmente naquela
região onde sabe-se que parte do material comercializado é oriundo de roubos e
furtos.” E a rua voltará a receber o trânsito, para varrer de vez os
clandestinos dali.
No local, ainda é possível
observar ambulantes destemidos mesmo com o anúncio da Prefeitura de
que será finalmente feita sua remoção, além de crateras no asfalto. “Todo
dia, o túnel azul se forma aqui com produtos de procedência duvidosa. Quando
chove, pedestre só tem a rua para passar, pois eles ocupam toda a calçada“,
reclama o estudante Allan dos Santos, de 37 anos. Espera-se a
remoção da camelotagem ilegal e a reabertura do trânsito durante o mês de
março; até lá, a sensação de segurança segue imperando junto com a falência do
comércio formal, que é fiscalizado e gera empregos.
Título e Texto: Amanda
Raiter, Diário do Rio, 7-3-2024
Equipe do SBT é hostilizada por camelôs durante reportagem na Rua Uruguaiana
Camelôs da Uruguaiana pagam ‘semanada’ de R$ 100,00 para “trabalhar
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