quarta-feira, 6 de março de 2024

Todos, todos, todos?

Telmo Azevedo Fernandes

Paulo Portas é de um cinismo e de uma falta de vergonha na cara monstruosas. O facto de saber comer à mesa, ter lido livros e ser bem-falante tem enganado muita boa gente sobre a personagem política sinistra que verdadeiramente é.

Ontem, seráfico e angélico, invocou o Papa Francisco para defender que o princípio do «todos, todos, todos» deve ser aplicado na política portuguesa. É extraordinária a ousadia soez de sinalizar a sua suposta virtude cristã, quando ao mesmo tempo é um dos políticos que mais acerrimamente tem defendido que o terceiro maior partido deve ser afastado de quaisquer entendimentos e é um advogado das chamadas «linhas vermelhas», o que na prática exclui os representantes de centenas de milhar de portugueses de participarem no diálogo com outras forças políticas.

É tão cega a obsessão de Paulo Portas com o Chega, que nas suas homilias televisivas de domingo, independentemente do tema que esteja a tratar, tenta sempre colar o partido de André Ventura ao extremismo. Há dias, a propósito das eleições na Galiza, Portas disse literalmente que esta província espanhola era «um paraíso porque tinha deixado os extremistas do Vox e do Podemos fora do parlamento». A sua desonestidade intelectual é tanta que no afã de deixar uma subtil crítica ao Chega, Portas se esqueceu que em segundo lugar na Galiza ficou um partido marxista-leninista.

No mesmo sermão televisivo, Portas sugeriu ainda que as manifestações dos polícias estavam a ser manipuladas por André Ventura e disse explicitamente que Trump tem um acordo secreto com Putin. Isto não serão «teorias da conspiração»?

O Paulo Portas de hoje do «todos, todos, todos» é o mesmo que no passado escreveu e cito: «a última coisa que convém ao português médio é um cigano ou um negro que concorrem no mercado e pesam no Estado». Esta afirmação é recordada por um investigador em Ciências Sociais em livro publicado em 2022 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

E o Paulo Portas do «todos, todos, todos» é também a mesma criatura que durante dois anos foi um dos mais destacados evangelistas de uma sociedade fascisto-sanitária, defendeu a segregação de cidadãos, lançou anátemas de chalupas e negacionismo sobre pessoas com sentido crítico e uma avaliação de risco-benefício diferente da dele próprio, promoveu a vigilância electrónica dos Portugueses, fez a apologia dos confinamentos e pretendia instaurar a proibição de circulação entre concelhos.

Luís Montenegro e a AD acham mesmo boa ideia trazer para o palco indivíduos com estas características éticas e morais?

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 6-3-2023 

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