segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os milhões, os bilhões e os trilhões

José Manuel
São tantos sufixos "lhões", que já nem mais conseguimos distinguir entre Mi, Bi,Tri e se a referência é em R$ reais ou em US$ dólares.

Provavelmente é em dólares, pois normalmente o dinheiro fruto da corrupção generalizada é seguramente depositado lá fora, naqueles paraísos fiscais que todo mundo já conhece.

O que acontece é que mais lá atrás, e ainda na fase dos Mi, a nós mortais e lesados por eles, restava apenas fazer as contas para ver o quanto eles tinham rapinado.

O problema é que quanto mais aparecem delações premiadas, as cifras vão subindo para os Bi, e aí perdemos a noção do que já foi rapinado nestes últimos doze anos.

Tudo começou com a casa dos três zeros, com as parcas, para eles, mas inimagináveis para nós, quantias roubadas, que viajavam nas cuecas e nas meias dos portadores pobres do esquema.

Como estava indo tudo muito fácil e engrenando para cima, o milagre se fez novamente mas agora com a multiplicação dos zeros e aí para a logística da  "viagem" dessas quantias tiveram que sofisticar, então foram criadas empresas com nomes  pomposos que ninguém da tropicália jamais viu nem tampouco sabe o que significam, pois dá muito trabalho: OFFSHORE

Vamos lá, porque, afinal, falar disso também é cultura:

Chamam-se popularmente de offshores as contas bancárias e empresas abertas em paraísos fiscais, geralmente com o intuito de pagar-se menos impostos do que no país de origem dos seus proprietários. Como a grande maioria dos países que permitem a criação desse tipo de empresa anônima — ou a abertura desse tipo de contas bancárias anônimas — fica em ilhas, (tais como as Bermuda, Jersey, Ilhas Cayman, etc.), por extensão de sentido, esse tipo de empresa anônima ou de conta bancária anônima passou a ser chamado de offshore, embora alguns países continentais, como o Grão-Ducado do Luxemburgo  ou o Principado de Mônaco também as permitam, usando esquemas legais diferentes, porém de resultados equivalentes. O termo vem dos tempos dos corsários que saqueavam os mares e depositavam a pilhagem off-shore  (fora da costa).

Sir Francis Drake em 1591, o maior corsário da história. National Maritime Museum, Londres

Hoje não se chamam mais corsários, mas continuam saqueando, não mais os mares, mas os cofres públicos usando o meu, o seu e o dinheiro de todos, e continuam deixando-o, preferencialmente, fora da costa.

Essa turma do status quo alto, aqueles dos carros importados, dos aviõezinhos e helicópteros, que só usam roupas de marca caríssima, que já passaram há muito pelas cuecas e meias mas ainda estão na casa dos Mi e que se casam em castelos na Itália, por exemplo, têm empresas offshores registradas nas ilhas Cayman ou Bermudas.

Esses artistas da criatividade, da engenhosidade fiscal e rapina pública vivem dando pulinhos ao Caribe, para nas suas contas anônimas, é claro, banharem-se, ungirem-se com os dólares do crime e depois dali viajarem em navios espetaculares de cruzeiro, que os levam a Miami, logo ali, paraíso das compras e dos gastos esplendorosos dos brasucas alucinados, no exterior.

Os outros, velhos e novos políticos, mas de ficha suspeita tem as suas empresas ditas offshore em Jersey, no Canal da Mancha, a um pulinho de Paris, seus restaurantes deslumbrantes, seus perfumes e sapatos Louboutin com as solas de cor vermelha que fazem a felicidade e o êxtase fotográfico das esposas de governadores em viagens de arromba.

Os mais espertos, porque todos o são, mas os que conseguem rapinar mais e melhor, mandam os grandes corruptores de estatais, colocar o seu quinhão em contas também anônimas na boa e velha Suíça, que está no centro da Europa, com estradas maravilhosas para todos os cassinos, joalherias famosas e grifes milionárias de Milão, porque afinal é ali tão pertinho, que não dá para recusar mais um passeio, pois está tudo pago mesmo, pelo povinho enganado.

Isso tudo, porque ainda estamos na fase Bi,  mas em mais 4 anos e possível é, chegaremos fácil à fase Tri tão almejada, se bem que certa figurinha carimbada, o mister X quase chegou lá, mas foi atropelado na sala da sua mansão, pelos seus Miúra e Mercedes.
Que pena, foi a Glória perdida.

Esta semana, com os galpões de Guarulhos e Rio abarrotados de muamba apreendida, e mais um rombo de 80 milhões de dólares nos gastos dos brasucas high-society-fajutos no exterior, a Polícia federal resolveu implantar de vez um chip nos passaportes que doravante vão monitorar quem viaja muito e gasta "de mais".

É tarde, pois a conta já foi paga, o comércio arrebentado, a indústria quebrada, a economia no brejo, os empregos sumidos e "o cara" Obama, com um sorriso de dar inveja a qualquer outro presidente no planeta, continua lindo, feliz e depois então da ONU, gozando fartamente, da nossa cara.

Quando chegarmos definitivamente à fase Tri, vamos ter que criar alguma nova tecnologia numérica para acompanhá-los, uma vez que as nossas maquininhas e os nossos parcos neurônios não vão conseguir alcançar semelhantes cifras. Enquanto isso, essa luxúria de cifras gastas, em contraste com os pibinhos apresentados, estão deixando os investidores externos de cabelos brancos, olhos arregalados e começando a abandonar o barco, e antes tarde do que nunca, porque boa coisa isso não vai dar.

Por mais paradoxal que possa parecer, hoje com a falta de água que assola 1 170 municípios, inclusive com racionamento, os negócios que mais prosperam no país atualmente são os lava-jato e as lavanderias.
Título e Texto: José Manuel, 29-9-2014

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