Reclame de 5 de setembro de 1941. Fonte: Reclames do Estadão |
Mauro Pereira
A reportagem publicada na
edição de VEJA desta semana sobre os meandros sórdidos de mais uma conspiração
petista revela o grau de periculosidade de uma soma de quadrilheiros que se
instalou nos saguões protetores do Congresso e do Palácio do Planalto ─ e, de
lá, manipula o submundo da política de acordo com seus desejos e necessidades.
Uma leitura mais aprofundada permite vislumbrar nas entrelinhas uma advertência
sombria, chamando atenção para a possibilidade de uma ruptura marcada por dias
de tensão, cujo desenlace poderá desembocar em grave retrocesso democrático.
Estampa, ainda, nuances da fragmentação de um partido político que não suportou
a grandeza democrática que jamais teve e sobrevive da ética diminuta que sempre
o acompanhou. Sua trajetória conturbada fala por si.
Cansada da mesmice política
que predominava no período pós-ditadura, e guardando a esperança de que algo
inovador se apresentasse, a sociedade brasileira se pegou encantada com a
mensagem muito bem articulada de um partido que, comandado por um
ex-trabalhador, se intitulava o emissário do Brasil renovado, senhor de todas
as virtudes, arauto da magnificência administrativa e cidadela indevassável da
retidão. Para convencer os eleitores que a salvação do Brasil passaria
inexoravelmente pelo virtuosismo petista, seus dirigentes não desperdiçaram uma
única oportunidade de ocuparem os espaços generosos que a mídia lhes
proporcionava. Astutos, foram preenchendo o vácuo político que se formou depois
da morte do presidente Tancredo Neves, entrincheirando-se na mais selvagem
oposição que o Congresso já abrigou. A desestabilização a qualquer preço era o
mote. E a tática mostrou-se eficaz: em janeiro de 2003, o PT chegou ao poder.
Forjada na têmpera podre da
falsidade, a decantada probidade dos petistas não resistiu a mais do que dois
anos à frente do governo. Os rastros deixados pelo dinheiro sujo derrubou a
máscara que escondia a verdadeira face dos democratas de araque e deu
visibilidade a ação devastadora da mais sórdida canalha instalada nos porões da
politicalha. Visando perpetuar-se no comando, os companheiros atuaram com a
mesma desenvoltura dos mafiosos sicilianos e arquitetaram um dos mais atrevidos
esquemas de corrupção da história republicana, que incluiu a compra do apoio de
partidos que porventura estivessem à venda. Talvez até mesmo os próprios
petistas tenham se surpreendido com tamanha disponibilidade tamanha. Estava
inaugurado o mensalão.
A partir desse episódio que
manchará sua história para sempre, o partido estrelado experimentou um processo
célere de degeneração e o desgaste evidente serviu de justificativa para que
seus dirigentes intensificassem uma campanha avassaladora que tinha como
objetivo a dominação absoluta. Para atingir tal fim, os meios, liberados,
encontraram na receita da promiscuidade o fermento mais indicado para fazer
crescer aquela massa indigesta. Sem o menor trauma de consciência, cercaram-se
de inimigos viscerais para inaugurar a forma mais abjeta de amizade, trouxeram
para debaixo de suas asas parte significativa da imprensa e fizeram da miséria
seu maior trunfo eleitoral. Dispostos a percorrer as últimas instâncias da
inconseqüência, desbravaram os caminhos da corrupção como jamais ninguém
ousara.
Num repente, encantaram-se com
a biografia de José Sarney e o consagraram como político respeitável. Este, por
sua vez, fez do Maranhão uma extensão do palanque petista e da presidência do
Senado reduto dos interesses do governo federal. Uma mão suja emporcalha a
outra.
Defensores intransigentes da
liberdade de imprensa se dispuseram a patrocinar os jornais televisivos,
principalmente os de alcance nacional, abrindo os cofres das estatais e dos
ministérios. Deve ter carioca entediado com o marasmo em que se arrasta o seu
cotidiano. A tropa de elite comandada por Sérgio Cabral e os paraquedistas
liderados por Dilma Rousseff condenaram toda uma população a viver livre dos
latrocínios, dos assaltos, dos assassinatos. Não restou sequer a alternativa de
desentender-se com o vizinho. Tem mulher implorando por uma agressão, ainda que
verbal. Pelo menos é o que sugere a gratidão vassala dos telejornais
patrocinados pela Petrobras, pela Caixa, pelo Banco do Brasil e pelo ministério
da vez.
O malfadado episódio do mensalão
desencadeou um vendaval de denúncias envolvendo o partido comandado pelo
ex-presidente Lula e aqueles que formam a base de apoio ao seu governo em um
rosário interminável de falcatruas, cujo acúmulo de malfeitos resultou na queda
de 16 ministros de Estado em menos de dez anos. Desses, 15 foram exonerados por
envolvimento em casos de corrupção. Juntos, o PT e seus sequazes estão muito
próximos de tornar o Brasil a maior referência entre os países mais corruptos
do planeta.
Em apenas nove anos, o Partido
dos Trabalhadores conseguiu transformar o conjunto de políticos notáveis acima
de qualquer suspeita que o mantinha em mero ajuntamento de notórios
trambiqueiros, abaixo de qualquer moral, que o sustenta. O PT como ele é.
Título e Texto: Mauro Pereira,
via Augusto Nunes, 16-12-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-