Um dos valores mais caros aos
liberais e conservadores, em oposição aos esquerdistas, é justamente a
responsabilidade individual. Os liberais e conservadores acreditam que o
paternalismo estatal produz uma sociedade infantilizada, acomodada,
vitimizando-se o tempo todo, pois aprende rápido que, sob o “estado de
bem-estar social”, quem não chora não mama.
Dois exemplos concretos ilustram o abismo moral entre uma posição e outra. Um deles ocorreu no Brasil, o outro em Portugal. Trata-se de uma comparação reveladora, e chocante para muitos anestesiados que ignoram a distância intransponível entre essas visões de mundo.
O caso brasileiro está aqui, nessa entrevista concedida por uma
das beneficiadas do programa “Bolsa Família”. Esta senhora, que não parece
sequer sem condições para se alimentar bem (até demais), reclama que a esmola,
digo, o benefício estatal não é suficiente nem para comprar uma calça para sua
filha de 16 anos. O preço da calça? Módicos 300 reais!
Note-se o grau do absurdo a
que a coisa chegou: uma pessoa achar que é dever da “sociedade” fornecê-la
recursos suficientes para comprar uma calça de grife, talvez para sua filha não
passar vergonha no baile funk com as coleguinhas.
Por outro lado, o caso
português pode ser visto aqui,
quando um jovem com os mesmos 16 anos da menina da calça cara explica a
importância da responsabilidade individual, de não esperar que os outros façam
as coisas por você. Quando ele é confrontado por uma senhora com discurso
bastante sensacionalista, alegando que os trabalhadores ganhavam pouco, ele dá
uma resposta que é ovacionada, calando e constrangendo a populista: “Melhor do
que estar desempregado”.
Em outras palavras, o jovem
patrício entende que o melhor programa social chama-se emprego, e que nada dá
mais dignidade ao ser humano do que se sustentar por conta própria, sem
precisar de esmolas estatais. Compare-se essa atitude com aquela da senhora
brasileira, reclamando que sua esmola não é suficiente para comprar bens de
luxo. É um abismo moral que os separa.
Ambos inseridos na mesma
cultura ibérica, que estimula a malandragem, a busca de vantagens na coisa
pública. Mas que distância entre eles! O que vale, no final das contas, é a
atitude individual. Sempre a atitude individual.
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, 21-05-2013
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Jim, não sou contra medidas emergenciais que combatam a fome. Vemos a iniciativa privada fazer por tantos na miséria Africana, coisas que o o Estado deveria fazer. Porque quando o Estado faz ele é o feio? Muito simples, porque o Estado nunca teve programa de planejamento (sua obrigação) para educação, saúde e crescimento. O que o Estado faz só pretende votos para continuar mamando.
ResponderExcluirCirce Aguiar