John Horvat II
A violência no Capitólio, com a invasão ocorrida no dia 6 de janeiro, entrou na História como um evento de caráter dramático e emocional. O debate sobre os detalhes e as questões envolvidas ainda persiste. No entanto, no tribunal da opinião pública a narrativa final reflete negativamente sobre o presidente Trump e seus apoiadores.
Independentemente do mérito
das questões que estão sendo discutidas, algumas lições sobre a esquerda podem
ser aprendidas com esse incidente. Lições úteis para reger as ações futuras,
pois as regras do jogo no próximo governo exigirão dos conservadores agir com
sabedoria e discernimento. A maneira como a esquerda capitalizou esse incidente
no Congresso dos Estados Unidos deve servir para aguçar a sagacidade da
direita.
Relativismo moral da esquerda
A primeira lição a ser
aprendida é que o modo de operação da esquerda e da direita são diferentes. O
relativismo moral da esquerda permite que ela seja seletiva, quando qualifica
algo como errado. A esquerda radical sempre considerou que os fins justificam
os meios. Para os seus seguidores não existem o certo e o errado objetivos.
Pelo contrário, é louvável e está de acordo com a moral qualquer coisa que
avance a sua revolução. Qualquer coisa que a impeça ou prejudique deve ser
desprezada e difamada.
A invasão do Congresso
estadunidense foi um ato censurável, que precisa ser censurado. Mas não se
espere da esquerda que sua censura seja aplicada a todos os atos censuráveis.
Por exemplo, comparemos suas recentes diatribes contra o incidente no Capitólio
com a sua aprovação às centenas de distúrbios durante o verão do ano passado,
cujos danos são estimados em dois bilhões de dólares. Será em vão os
conservadores congestionarem a mídia com milhares de vídeos inflamados,
mostrando políticos esquerdistas justificando e validando a agitação civil
durante 2020. Não faz diferença para eles, já que essas ações favorecem a sua
revolução.
Esse é o modo de agir da
esquerda. Não é justo, mas assim são as coisas.
Não se espere também coerência
dos esquerdistas, pois seu relativismo moral lhes permite escolher aquilo que
apoiam ou condenam. Não se espere deles compaixão pelos ferimentos e a morte de
vítimas conservadoras, pois, em sua narrativa revolucionária, essas pessoas
pobres não têm valor
Diante disso os conservadores
devem agir cônscios de que seus atos serão injustamente examinados, e que a
esquerda quebrará impunemente as regras.
Responsabilizar a pessoa certa
Não se espere da esquerda que sua censura seja aplicada a todos os atos
censuráveis. Por exemplo, comparemos suas recentes diatribes contra o incidente
no Capitólio com a sua aprovação às centenas de distúrbios durante o verão do
ano passado, cujos danos são estimados em dois bilhões de dólares.
A segunda lição é que o relativismo moral da esquerda desaparece, quando julga as ações da direita. Para efeitos práticos, ela considera a direita obrigada a manter-se dentro dos mais altos padrões da moralidade cristã, nos quais não acredita nem os tem como suas referências. Seu nível de indignação moral com os erros da direita será sempre na proporção inversa ao de sua indiferença em relação aos erros da própria esquerda. Não apenas notará e condenará qualquer erro da direita, como também não desperdiçará nenhuma oportunidade para armar em cima deles uma boa crise.
Quando a direita faz algo de
errado ou ilegal, a mídia e a esquerda cínica caem sobre ela com fúria e ‘rasga
as vestes’. Nenhuma desculpa será suficiente para redimir qualquer pessoa, e
suavidades em relação à mídia não bastarão para ela os esquecer.
Os esquerdistas sabem que os
direitistas não são relativistas morais, portanto são capazes de reconhecer os
próprios erros. O padrão de julgamento será duplo, e por ele serão julgados. Se
incidirem em erro, os conservadores devem admiti-lo calmamente, mas nunca
permitir que isso emoldure ou domine o debate.
Não responder com a mesma moeda
Outra lição é que a direita
nunca pode adotar a tática e o modus operandi da esquerda. São
ações contrárias às suas convicções morais, portanto destinadas ao fracasso.
Qualquer declínio no relativismo moral priva os conservadores da força de sua
causa, que se fortalece pela adesão estrita à lei moral.
Se a esquerda recorre a
mentiras, vulgaridades e insultos para difamar indivíduos ou suas causas, não
pode a direita responder com a mesma moeda. Tais meios trabalham contrariamente
aos fins que devem nortear suas ações. Não recorrer a motins e violência é uma
decisão impositiva, pelo simples fato de a esquerda praticar habitualmente
esses crimes.
Deve ser observado sempre um
discurso civilizado e cortês. Sem excluir respostas firmes, enérgicas e
apaixonadas, mas norteado sempre pela razão. Adotando atitude forte, nobre e
coerente, o debate elevado atrai a opinião pública.
Os mais altos padrões de comportamento
A direita nunca pode adotar a tática e o modus operandi da esquerda.
São ações contrárias às suas convicções morais, portanto destinadas ao
fracasso.
Em quarto lugar, a melhor
maneira de os conservadores vencerem o debate é manterem-se dentro dos mais
altos padrões de comportamento. Não devem dar ao outro lado nenhum pretexto
para ataques pessoais. A melhor maneira de promover a causa é apelando
racionalmente para fortes princípios morais. Uma reação nobre sempre
impressionará mais favoravelmente o público do que uma ralé desgrenhada.
Por isso, quanto mais clara a
mensagem, melhor o resultado. Quanto mais fundamentada a posição, maior a
chance de sucesso. Quanto menos pessoal o ataque, maior o impacto. Não
incentivar o ‘politicamente correto’ e as políticas de identidade.
A esquerda avança ocultando
seus objetivos, disfarçando sua mensagem nefasta, e perde quando são
denunciados ao público (por exemplo, privar de verba a polícia ou promover o
socialismo), por isso o melhor caminho da direita para a vitória é persistir na
mensagem. Os conservadores devem sempre insistir lealmente nos seus objetivos e
condenar os objetivos ocultos da esquerda. Evitar debates que degeneram em
sequências de ataques pessoais ou insultos.
Atitude ponderada e ação deliberada
Uma atitude ponderada,
deliberada, exige um tom como o de George Washington. O futuro pertence aos que
não temem afirmar (e praticar) a moralidade cristã, denunciar esquemas
socialistas e desafiar o ‘politicamente correto’.
O establishment liberal
e a mídia afirmam que essas posições são atrasadas e pouco atraentes. No
entanto, quando apresentadas energicamente e sem demagogia, elas têm um apelo
imenso, pois se baseiam na natureza humana e na lei moral. A condição humana é
atraída para o comportamento moral, é adequada a ele, tendo em vista que ele
conduz à unidade e harmonia. O pecado e o vício trabalham contra a natureza,
levando à desarmonia e à autodestruição.
Em meio à crise por que passam os Estados Unidos, importa mais do que nunca confiar em Deus. Como o pecado domina a sociedade, as soluções humanas falharão. Apelar a Deus e à sua Mãe Santíssima, além de colaborar com a graça divina em tudo o que estiver ao nosso alcance, eis a única maneira de sair do caminho do desastre. Qualquer outra estratégia política que exclua esse apelo estará fadada ao fracasso.
John Horvat é vice-presidente da TFP norte-americana, autor do best-seller Return to Order (Retorno à Ordem), no qual mostra como se pode escapar das garras de uma sociedade baseada apenas no materialismo produtivista e na intemperança frenética, opostas aos altos ideais medievais. ABIM, 3-2-2021
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