Para os acionistas da destruição, o problema é o PIB. Você já se esqueceu do 'Fora, Temer'?
Guilherme Fiuza
O resultado do PIB foi uma
decepção. Depois das projeções que chegavam a quase 10% de queda, como a do
FMI, o recuo de apenas 4,1% desapontou a todos os que trabalham sem descanso
pela destruição do país. Não pense que é fácil você achar que está no meio da
tempestade perfeita, com a ajuda de um vírus muito contagioso e a concorrência
de medidas totalitárias tão contagiosas quanto, e após um ano de esforço ainda
ficar na dúvida se a quebradeira vai se impor em definitivo ou não. É
desanimador.
Mas as cassandras são
persistentes e não vão desistir facilmente. Não é de hoje que elas estão aí
no front. Você achou que fosse só para derrubar o governo? Sabe de
nada, inocente. É claro que é para derrubar o governo. Mas Bolsonaro é só a
caricatura da vez. Fora, Temer! Você se esqueceu?
Então vamos lembrar. Não tinha
covid, não tinha Bolsonaro, não tinha gabinete de ódio, mas a resistência
cenográfica já estava em fúria, com a faca entre os dentes. Depois do impeachment de
Dilma Rousseff, iniciou-se a agenda de reconstrução do país — agenda de quem
trabalha e não quer viver para sustentar parasitas fantasiados de
progressistas, empáticos, humanitários etc. Uma agenda de reformas — com
destaque, naquele momento, para a fiscal, a trabalhista e a previdenciária.
Michel Temer não era o
proponente dessa agenda nacional (que alguns chamavam de programa Ponte para o
Futuro). Era o executor possível, com o afastamento da presidente. Ele poderia
ter virado as costas para esse conjunto de ações até óbvias — após mais de
década de rapinagem petista — e instaurado o governo das raposas do PMDB, mas não
fez isso.
Montou uma equipe majoritariamente técnica, que acabaria consagrando Ilan Goldfajn como o melhor presidente de bancos centrais do mundo em 2018 (ranking do grupo Financial Times) — após uma série de conquistas macroeconômicas em tempo recorde, como a redução histórica (e consistente) dos juros, em contraponto ao ruinoso populismo monetário anterior.
Naquele momento o Brasil saiu
da maior recessão de sua história também em tempo recorde, com recuperação
impressionante da Petrobras, a empresa estuprada por Lula e seu bando. O
risco-país despencou e os investidores externos voltaram a confiar — inclusive
pela retomada da responsabilidade fiscal (após o show das
pedaladas) com a recomposição do teto de gastos. Mas isso tudo já era o fim do
mundo — para você que acha que o mundo só está acabando agora. Aliás, a PEC do
Teto de Gastos foi apelidada por essa resistência cenográfica — com apoio até
daqueles subcomitês panfletários da ONU — de “PEC do Fim do Mundo”. Pesquisa
aí. Se a limpa dos Senhores da Verdade ainda não tiver corrigido essa parte da
História, você haverá de encontrar.
O mundo estava acabando porque
Temer era branco e velho. Tinha uma mulher jovem e bonita, mas era “recatada e
do lar” — enfim, um conjunto de problemas intoleráveis para os democratas de
folhetim, que não paravam de gritar “Fora, Temer” e fizeram até passeata por
“Diretas já”. Contando ninguém acredita. Sem a ajuda da covid, tiveram de
lançar mão do Janot. Era o procurador-geral da época, que montou uma delação
vagabunda (depois suspensa) com um bilionário laranja do PT (depois preso) para
tentar derrubar o presidente. Viu como o problema deles não é o Bolsonaro?
O problema é o PIB. Ele tem
que ser o pior possível para ajudar os vendedores de histórias tristes, de
institutos salvacionistas, de terrenos na Lua, de ONGs e partidos novinhos em
folha. Muitos dos defensores da agenda liberal de reforma do Estado fizeram
cara de nojo quando elas entraram em marcha em 2016/17. Surfaram
vergonhosamente no “Fora, Temer” — que garantia manchetes e aparições na TV.
Fernando Henrique Cardoso, a quem o país deve uma das principais reformas da
sua História, era visto pedindo a renúncia do presidente a partir da
conspiração Tabajara de Janot, Joesley e cia. Esse presidente não era o
Bolsonaro e o pecado não era a cloroquina.
Já entendeu que tanto faz? Ou
quer conversar mais um pouco? Não adianta colocar no leme uma equipe técnica
capaz de elaborar e aprovar junto com o Parlamento uma reforma vital como a da
Previdência. Isso foi feito em pouco mais de seis meses e matou de raiva os
acionistas da destruição. Como esses fascistas ousam fazer reformas tão boas,
de forma tão democrática? Só prendendo e arrebentando mesmo.
Então aí estão eles. Prendendo
e arrebentando. O pretexto atual é sanitário. Mas ele vai passar, e virá outro.
Até as girafas da Amazônia sabem disso.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, nº 50, 5-3-2021
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