domingo, 7 de março de 2021

PIB decepciona as cassandras

Para os acionistas da destruição, o problema é o PIB. Você já se esqueceu do 'Fora, Temer'?


Guilherme Fiuza

O resultado do PIB foi uma decepção. Depois das projeções que chegavam a quase 10% de queda, como a do FMI, o recuo de apenas 4,1% desapontou a todos os que trabalham sem descanso pela destruição do país. Não pense que é fácil você achar que está no meio da tempestade perfeita, com a ajuda de um vírus muito contagioso e a concorrência de medidas totalitárias tão contagiosas quanto, e após um ano de esforço ainda ficar na dúvida se a quebradeira vai se impor em definitivo ou não. É desanimador.

Mas as cassandras são persistentes e não vão desistir facilmente. Não é de hoje que elas estão aí no front. Você achou que fosse só para derrubar o governo? Sabe de nada, inocente. É claro que é para derrubar o governo. Mas Bolsonaro é só a caricatura da vez. Fora, Temer! Você se esqueceu?

Então vamos lembrar. Não tinha covid, não tinha Bolsonaro, não tinha gabinete de ódio, mas a resistência cenográfica já estava em fúria, com a faca entre os dentes. Depois do impeachment de Dilma Rousseff, iniciou-se a agenda de reconstrução do país — agenda de quem trabalha e não quer viver para sustentar parasitas fantasiados de progressistas, empáticos, humanitários etc. Uma agenda de reformas — com destaque, naquele momento, para a fiscal, a trabalhista e a previdenciária.

Michel Temer não era o proponente dessa agenda nacional (que alguns chamavam de programa Ponte para o Futuro). Era o executor possível, com o afastamento da presidente. Ele poderia ter virado as costas para esse conjunto de ações até óbvias — após mais de década de rapinagem petista — e instaurado o governo das raposas do PMDB, mas não fez isso.

Montou uma equipe majoritariamente técnica, que acabaria consagrando Ilan Goldfajn como o melhor presidente de bancos centrais do mundo em 2018 (ranking do grupo Financial Times) — após uma série de conquistas macroeconômicas em tempo recorde, como a redução histórica (e consistente) dos juros, em contraponto ao ruinoso populismo monetário anterior.

Naquele momento o Brasil saiu da maior recessão de sua história também em tempo recorde, com recuperação impressionante da Petrobras, a empresa estuprada por Lula e seu bando. O risco-país despencou e os investidores externos voltaram a confiar — inclusive pela retomada da responsabilidade fiscal (após o show das pedaladas) com a recomposição do teto de gastos. Mas isso tudo já era o fim do mundo — para você que acha que o mundo só está acabando agora. Aliás, a PEC do Teto de Gastos foi apelidada por essa resistência cenográfica — com apoio até daqueles subcomitês panfletários da ONU — de “PEC do Fim do Mundo”. Pesquisa aí. Se a limpa dos Senhores da Verdade ainda não tiver corrigido essa parte da História, você haverá de encontrar.

O mundo estava acabando porque Temer era branco e velho. Tinha uma mulher jovem e bonita, mas era “recatada e do lar” — enfim, um conjunto de problemas intoleráveis para os democratas de folhetim, que não paravam de gritar “Fora, Temer” e fizeram até passeata por “Diretas já”. Contando ninguém acredita. Sem a ajuda da covid, tiveram de lançar mão do Janot. Era o procurador-geral da época, que montou uma delação vagabunda (depois suspensa) com um bilionário laranja do PT (depois preso) para tentar derrubar o presidente. Viu como o problema deles não é o Bolsonaro?

O problema é o PIB. Ele tem que ser o pior possível para ajudar os vendedores de histórias tristes, de institutos salvacionistas, de terrenos na Lua, de ONGs e partidos novinhos em folha. Muitos dos defensores da agenda liberal de reforma do Estado fizeram cara de nojo quando elas entraram em marcha em 2016/17. Surfaram vergonhosamente no “Fora, Temer” — que garantia manchetes e aparições na TV. Fernando Henrique Cardoso, a quem o país deve uma das principais reformas da sua História, era visto pedindo a renúncia do presidente a partir da conspiração Tabajara de Janot, Joesley e cia. Esse presidente não era o Bolsonaro e o pecado não era a cloroquina.

Já entendeu que tanto faz? Ou quer conversar mais um pouco? Não adianta colocar no leme uma equipe técnica capaz de elaborar e aprovar junto com o Parlamento uma reforma vital como a da Previdência. Isso foi feito em pouco mais de seis meses e matou de raiva os acionistas da destruição. Como esses fascistas ousam fazer reformas tão boas, de forma tão democrática? Só prendendo e arrebentando mesmo.

Então aí estão eles. Prendendo e arrebentando. O pretexto atual é sanitário. Mas ele vai passar, e virá outro. Até as girafas da Amazônia sabem disso.

Título e Texto: Guilherme Fiuza, revista Oeste, nº 50, 5-3-2021

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