sábado, 10 de abril de 2021

OAB tem um viés ‘estritamente político’, diz o porta-voz da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil

Oeste entrevista João Alberto da Cunha Filho, vice-presidente da OACB   

Afonso Marangoni

A Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB), criada em 2019, tem ganhado cada vez mais evidência. Seus representantes afirmam que, por causa da iniciativa, sofrem tentativas de intimidação por parte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sobretudo do presidente da entidade, Filipe Santa Cruz.

Em entrevista a Oeste, o vice-presidente da OACB, o advogado João Alberto da Cunha Filho, [foto] destaca que o grupo foi criado para combater a politização da entidade nacional. “Ela não está a representar a categoria e, sim, os interesses de quem está presidindo a OAB Nacional”, afirma. Hoje, a organização conservadora reúne cerca de 60 advogados.

Cunha Filho afirma que o grupo defende os três pilares fundamentais do conservadorismo: a filosofia grega, o direito romano e a cultura judaico-cristã. Para ele, este último é o que está mais está sob ataque neste momento, sobretudo pela esquerda.

“Mesmo que você não acredite, nós respeitamos, o que não concordamos é que haja uma necessidade premente, principalmente no viés político da esquerda no nosso país, de implodir, de destituir, de pulverizar a cultura judaico-cristão, isto realmente nós fazemos oposição. Esses valores acabam sendo perseguidos pela ditadura de esquerda”, destaca Cunha Filho.

Acompanhe as cinco perguntas feitas por Oeste ao porta-voz da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil:

1. Como surgiu a ideia de criar a Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil? A OACB busca fazer um contraponto à OAB?

A ideia foi exatamente porque nós identificamos que a OAB Nacional está com um viés estritamente político. Ela não está a representar a categoria e, sim, os interesses de quem está presidindo a OAB Nacional. Não fazemos um contraponto, mas seria um combate da politização de um órgão de classe importante e necessário como a OAB.

2. O presidente da OACB, Geraldo Barral, chegou a dizer que a OAB tenta ‘intimidar’.  Existe algum tipo de perseguição?

A OAB não só tenta intimidar como se instrumentaliza de ações judiciais. Para você ter uma ideia, depois que fizemos denúncias de crimes que foram perpetrados por deputados federais e senadores, a OAB Nacional, de imediato, propôs uma ação disciplinar, que nós ainda não fomos intimados nem citados, contra todos os integrantes da associação. E mais, ainda entrou com uma ação civil pública que, salvo engano, visa dissolver a associação, ou seja, é um entendimento totalmente totalitário e ditatorial de quem está hoje à frente da OAB Nacional, o senhor Felipe Santa Cruz.

3. Essas denúncias que o senhor citou fazem parte da campanha lançada por vocês para que internautas reportem à entidade ofensas ao presidente Jair Bolsonaro e seus familiares?

Sim, veja, se nós temos um deputado federal — Daniel Silveira — que, ao se referir ao STF de forma desrespeitosa, foi preso por conta disso. Automaticamente, se pode levar a crer, a conclusão é lógica, de que qualquer outro deputado federal ou senador que use destes mesmos expedientes contra o presidente da República deve receber a mesma pena. O que nós estamos fazendo não é fomentando ações, mas procedendo com denúncias de crimes que são cometidos por pessoas que, de acordo com o artigo 26 da Lei de Segurança Nacional, estão desacatando, injuriando e caluniando o presidente da República. Nós estamos exercendo a Justiça, que é a função do advogado.

4. Como vocês definem o conservadorismo?

A definição de conservadorismo é muito ampla e objeto de estudo permanente. Nós entendemos que o conservadorismo tem uma base muito sólida em três pilares: a filosofia grega, o direito romano e a cultura judaico-cristã. O que nós defendemos é aquilo que ao longo do tempo, da experiência, a sociedade já identificou como certo, justo e ético e estes valores têm que ser mantidos axiologicamente falando.

Hoje, eu creio que o que está mais em combate é a cultura judaico-cristã. Nós defendemos os valores culturais daquilo que existe no livro sagrado — e mesmo que você não ache que a Bíblia seja um livro sagrado – entendemos a Bíblia como um livro de regras de fé e prática. Muitas das práticas que estão contidas na Bíblia sagrada são eticamente valorosas para a sociedade como um todo. Para entender isso, não é necessário ser ou se converter ao cristianismo. Mesmo que você não acredite, nós respeitamos. O que não concordamos é que haja uma necessidade premente, principalmente no viés político da esquerda no nosso país, de implodir, de destituir, de pulverizar a cultura judaico-cristão, isto realmente nós fazemos oposição. Esses valores acabam perseguidos pela ditadura de esquerda.

5. Hoje, como está a estrutura da OACB e o que vocês desejam para o futuro?

Atualmente, a Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil tem advogados inscritos em todos os Estados do nosso país e do Distrito Federal. Graças a Deus, estamos muito bem representados e manejando as ações necessárias. Não é nossa intenção ser um substitutivo da OAB. Não precisamos necessariamente de um número gigantesco de membros, precisamos de advogados patriotas, conservadores e cristãos, que tenham este mesmo entendimento e se coadunem com o nosso estatuto. Queremos fazer aquilo que acreditamos: pleitear a Justiça com o viés daquilo que o conservadorismo prega. Nós buscamos efetivamente uma sociedade mais justa e entendemos que a Justiça é obviamente exercida pelo direito, mas passa pela ótica cristã.

Título e Texto: Afonso Marangoni, revista Oeste, 10-4-2021, 9h

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