Mário Florentino
Com a dissolução do
Parlamento, anunciada pelo PR na passada quinta-feira, na sequência do chumbo
da proposta de orçamento, inicia-se um novo ciclo político. No maior partido da
oposição, estão marcadas eleições diretas que irão escolher o candidato a
primeiro-ministro, que enfrentará António Costa nas eleições nacionais marcadas
para 30 de janeiro. Paulo Rangel desafiou o atual líder do partido, Rui Rio.
Estas eleições internas são
importantes, não apenas para os eleitores do PSD, mas para todos os
portugueses. E por quê? Porque nela se confrontam, mais do que noutros casos,
duas estratégias e duas visões para o país radicalmente diferentes.
De um lado, temos um candidato
que não pretende fazer grandes alterações ao status quo que temos vivido
até aqui. O seu grande objetivo parece ser governar ao "centro", em
parceria com o PS, numa reedição do famoso "Bloco Central". Rui Rio
considera que o país beneficiará de grandes reformas, e que essas reformas se
deverão fazer através de acordos com o PS. Essa foi a sua visão, ao longo do
seu mandato, e apesar do PS nunca lhe ter feito a vontade, Rio insiste nela.
Mas alguém acredita que Costa, que sempre preferiu governar à esquerda, com os
seus dois parceiros radicais, vai agora inverter esse posicionamento? E, mesmo
que o fizesse, por pura tática política, para manter o poder, alguém acredita
que ele fosse um parceiro de confiança? Dificilmente. Aliás, basta perguntar a
Catarina Martins ou a Jerónimo de Sousa.
Do outro lado, temos Paulo
Rangel, com uma estratégia completamente diferente. Rangel entende que Portugal
merece ter um programa político alternativo ao que temos tido nestes últimos vinte
anos de estagnação e de divergência com a Europa. E considera, naturalmente,
que esse programa deverá ser construído pelo centro-direita, rejeitando
qualquer acordo com o PS. Creio que Rangel tem razão nesta estratégia, uma vez
que as políticas socialistas já mostraram, até à exaustão, que não servem o
país nem os portugueses. A própria crise política, e os resultados das
autárquicas, são sinais disso mesmo.
Os militantes do PSD terão assim de escolher entre duas propostas muito diferentes. E, nessa escolha, deverão ter em mente duas questões principais: qual a melhor estratégia para o futuro do país? e qual a que terá maiores probabilidades de sair vencedora nas eleições nacionais. A resposta às duas questões é a mesma: a de Paulo Rangel. O país só se desenvolverá, e sairá da cauda da Europa, com políticas que libertem a sociedade da asfixia estatal e que permitam a mobilidade social. Tal nunca acontecerá com um partido que tem uma visão de que é o Estado que comanda a economia.
E porque é que a estratégia de
Rangel é a que tem mais probabilidades de vencer no país? Desde logo, porque
ela aparecerá ao eleitorado como uma alternativa. Se os portugueses tiverem de
escolher entre duas estratégias semelhantes - a do PS de Costa e a do PSD de
Rio - eles não se sentirão sequer mobilizados para ir votar. No caso de
confronto entre o PS de Costa e o PSD de Rangel, aí sim, sentirão esse apelo
mobilizador.
Os militantes do PSD, no dia
27 de novembro, e os portugueses, dois meses depois, deverão decidir o seu
futuro. E a escolha é entre a continuidade do marasmo, da estagnação e do
empobrecimento geral em que temos vivido nos últimos vinte anos, sem qualquer
perspectiva de futuro, e uma alternativa real de crescimento econômico e de
progresso social. Nunca a escolha foi tão simples e clara: entre parar no
tempo, ou evoluir.
Fica BEM 👍
O filme "O meu ano com
Sallinger". A história de uma jovem poetisa que encontra um emprego numa
editora antiquada, onde se usam as velhas máquinas de escrever em vez de
computadores, e se recria o ambiente elitista intelectual de outros tempos. Não
sendo um filme brilhante, é uma hora bem passada, com excelentes interpretações
de Margaret Qualley (a jovem Joanna) e de Sigourney Weaver (a agente literária
que lhe oferece o emprego).
Fica MAL 👎
Jorge Costa e Tiago Brandão
Rodrigues. Secretário de Estado e Ministro da Educação, vestindo a pele de dois
fanáticos radicais, perseguem dois estudantes exemplares. Dizem esses fanáticos
da burocracia estatal que os alunos Tiago e Rafael, apesar de excelentes
alunos, com nota máxima em aproveitamento e comportamento escolar, devem
reprovar o ano. Por quê? Porque não frequentaram a disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento, cujos conteúdos ideológicos chocam com a educação e os valores
que os pais lhes querem dar. A Constituição e as Cartas internacionais de
Direitos Humanos estão do lado da família, a quem cabe, em primeira instância,
a educação moral dos filhos. Os meus parabéns ao pai destes alunos, Artur
Mesquita Guimarães. Com o seu comportamento, este pai está a dar uma valiosa
lição de Cidadania aos filhos.
Título e Texto: Mário
Florentino, Benfica, 8 de novembro de 2021
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