O primeiro ato concreto do petista, assim que o TSE o declarou vencedor, foi exigir mais dinheiro do pagador de imposto
J. R. Guzzo
É dinheiro que não acaba mais.
Foi-se o tempo em que o Brasil era um paiseco indigente, desses que vivem
pedindo esmola ao FMI ou aos “banqueiros internacionais”, e onde o governo não
consegue comprar um rolo de esparadrapo. Hoje, só de impostos federais, são R$
2 trilhões — é o que foi arrecadado em 2022.
Some-se a isso os caixas hoje bilionários das empresas estatais, que nunca tiveram tanto lucro como nos últimos quatro anos, mais reservas internacionais em divisas que estão acima de US$ 320 bi, mais isso e mais aquilo — e dá para se ter uma ideia do que vale, hoje, ter a chave do Erário deste país. É muito compreensível, ao mesmo tempo, o monumental esforço que foi feito para se chegar a ela.
Um mês e meio depois das
eleições, o governo Lula não apresentou a mais remota ideia do que poderia ser
um plano de governo; também não disse nada durante a campanha eleitoral. No
máximo, aqui e ali, foram expostos desejos vagos de adotar “políticas sociais”,
de investir na “educação”, na “saúde” e na “cultura” ou de fazer do Brasil “um
país feliz”.
Fala-se em índio, e em
Ministério do Índio. Não há o menor risco de nada disso resultar em algum
benefício real para a população. Lula e o seu entorno, do seu lado, não têm
nenhum interesse sério nessas coisas — o olho de todo mundo está fixado neste
imenso pernil que daqui a pouco vai para mesa.
“Políticas sociais”, etc., são
apenas a senha para se entrar no sistema onde aquela montanha toda de dinheiro
está à espera das canetas que vão determinar quem leva quanto, onde e como. A
fome é tanta que nem os trilhões que estão aí foram suficientes.
O primeiro ato concreto de
Lula, assim que o TSE declarou que ele ganhara as eleições, foi exigir mais
dinheiro — nem chegou a entrar no Palácio do Planalto, mas já arrancou do
pagador de impostos (é ele que paga, sempre; nunca é “o Congresso”) R$ 170
bilhões para gastar a mais do que a lei permite. Imagine-se, então, depois que
o seu governo começar.
Tudo isso, mais a determinação
de destruir todos os mecanismos que foram postos em funcionamento para
estabilizar a economia, passa hoje por virtude. É “capacidade de articulação
política”, dizem.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
O Estado de S. Paulo, via Revista Oeste, 11-12-2022, 18h
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