J.R. Guzzo
Nada prospera melhor no Brasil de hoje do que o mercado da intolerância - resultado inevitável do ataque que se faz há anos contra as liberdades, tanto na arena política como nos mais altos degraus do poder judiciário. A liberdade, dia após dia, foi sendo transformada num mal em si. Ela serve apenas à “direita”, segundo foi decretado pelos que mandam na vida pública do país. Deixou de ser uma virtude; hoje as almas progressistas, em vez de defenderem a liberdade, querem que ela seja eliminada. Vai-se embora, nessa ofensiva, a capacidade de ouvir uma opinião contrária e de aceitar que pontos de vista divergentes convivam no ambiente público. A divergência, conforme o lado da cerca, não é mais um direito constitucional do cidadão; virou um caso de polícia. O cidadão que diverge deixou de ser um adversário de debates; passou a ser alvo de processo penal, por crimes contra “a democracia”.
Foto: Andre Borges/EFE |
A frase mais popular entre as
estrelas da esquerda brasileira, hoje, é: “Não vamos tolerar”. Seja lá o que
for, o mandamento é não aceitar nada que venha do outro lado – não se tolera
manifestação de rua, a livre palavra nas redes sociais, o porte da bandeira
nacional em público, as críticas às ilegalidades em massa que não param de ser
cometidas, a posse legal de armas de fogo e por aí afora. Acima de tudo, não se
tolerem os “atos antidemocráticos”, que hoje funcionam no Brasil como os “atos
contrarrevolucionários” de Cuba ou da Rússia comunista – ou seja, servem como
ferramenta para reprimir quem não obedece ao regime. Os “atos
antidemocráticos”, salvo em episódios doentios como a invasão dos edifícios dos
Três Poderes em Brasília, não têm nada a ver com ataques à democracia;
exatamente ao contrário, não há nada que separa melhor as democracias das
ditaduras do que a possibilidade de ir à praça pública para exprimir opiniões
políticas ou de qualquer outro tipo. Aqui virou crime.
O cidadão que diverge deixou
de ser um adversário de debates; passou a ser alvo de processo penal, por
crimes contra “a democracia”
Título e Texto: J.R. Guzzo,
Gazeta
do Povo, 16-1-2023, 16h59
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