Estou na reta final do livro “O crescimento do cristianismo - Um sociólogo reconsidera a história”, de Rodney Stark. E começo a ler o capítulo 8 “Os mártires: o sacrifício como escolha racional”. Transcrevo:
“No capítulo 1 de The Martyrs of Palestine [Os mártires da Palestina], Eusébio identifica Procópio como o ‘primeiro dos mártires’. Chamado à presença do governador, foi-lhe ordenado que fizesse libações a quatro imperadores. Procópio negou-se a tanto e foi ‘imediatamente decapitado’. Logo depois, outros bispos da Igreja na Palestina foram presos. Não se limitaram a enfrentar a ameaça de decapitação, pois o governador estava determinado a dissolver o movimento cristão lançando mão da tortura para forçar seus líderes à abjuração. Eis o relato de Eusébio:
Alguns
foram açoitados com inúmeros golpes de chicote, outros supliciados em seus
membros, fustigados nos costados com instrumentos de tortura, alguns com
insuportáveis grilhões, pelos quais as juntas de suas mãos eram deslocadas.
Apesar disso, suportaram todo esse transe.
No capítulo 2, Eusébio
relata-nos a história de Romanus que foi preso em Antioquia:
Quando
o juiz o informou de que iria morrer consumidos pelas chamas, com semblante a
legre e ânimo ardoroso Romanus recebeu a sentença e foi levado embora. Amarram-no
então à estaca, e quando a lenha foi empilhada em torno dele e estavam ateando
fogo à pilha, aguardando apenas a palavra do esperado imperador, ele exclamou: ‘Cadê
o fogo?’. Dizendo isso, foi intimado novamente à presença do imperador, para
ser submetido a novas torturas, e por esse motivo teve a língua cortada, o que
suportou com suprema firmeza, como demonstrou em todas as suas ações, revelando
também que o poder de Deus está sempre presente para auxílio daqueles que são
obrigados a suportar qualquer privação a bem da religião, para mitigar seus
afazeres e para fortalecer seu ânimo.
No capítulo 8, tomamos conhecimento da brava Valentina, que foi presa com outros devotos em Gaza e levada à presença de Maximino. Como os interlocutores torturaram brutalmente outra mulher cristã,
incapaz
de suportar a visão de uma cena tão cruel, desumana e desapiedada, e com uma
coragem que excedia a de todos [os heróis gregos], interpelou o juiz em meio à
multidão: ‘Por quanto tempo irá o senhor torturar cruelmente minha irmã?’. Ele
[Maximino, o mais profundamente encolerizado com isso, ordenou que a mulher fosse
imediatamente presa. Foi então arrastada para o centro […], havendo-se feito
tentativas de convencê-la ao sacrifício por persuasão […]. Tendo-se recusado a
tanto, foi arrastada à força ao altar […]. Andando a passos intrépidos, chutou
o altar e tombou-o, junto com o fogo. Diante disso, o juiz, exasperado, qual
animal selvagem, aplicou torturas ainda mais severas que as anteriores.
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