Dr. Gilberto e Dr. Rogério Amorim elaboraram o esperado projeto de lei que sugere a revogação da nova lei carioca revisionista da história, e que foi noticiada em todo o país
Bruna Castro
A norma aprovada, mais uma de uma série de leis sem pé nem cabeça que vêm sendo aprovadas por uma Câmara que assiste bovinamente à proliferação de idéias loucas, decisões inúteis e impossíveis de regular, sequer estabelece quem será o “juiz” das biografias das figuras históricas, que, como quase toda a população mundial, podem ter em sua vida uma soma de atividades boas com outras nem tão boas. Além disso, não leva em conta o que era ser “conservador” ou “progressista” segundo os critérios de cada época.
O Instituto Polo das Confeitarias Tradicionais do Centro, que reúne diversos comerciantes que atuam diretamente na revitalização da região que é considerada berço da civilização brasileira, repudiou a aprovação da lei proposta pelos Psolistas. “Estes monumentos representam o legado de nossos antepassados, desde os colonizadores aos colonizados, família real, irmandades, mascates, dentre outros que fizeram a história do país. (…) a homenagem aos fundadores e personagens imortalizadas em estátuas, placas, ruas e avenidas, e PRINCIPALMENTE a nossa luta pelo resgate do centro histórico geram o mais absoluto repúdio à lei que inclusive extirpa a estátua de padre Antônio Vieira, grande filósofo é grande brasileiro”, escreveu o polo em sua longa carta repudiando mais uma lei eleitoreira e inútil aprovada pelos vereadores.
Os vereadores Dr.
Gilberto (Solidariedade) e Dr. Rogério Amorim (PSL)
elaboraram um projeto de lei que tenta a revogação da medida revisionista,
número 8.205/2023 e de autoria original da vereadora Monica Benicio e do atual
deputado federal Chico Alencar, ambos do PSOL.
Na justificativa, a dupla de
parlamentares argumenta que o PL, número 2.669/2023, tem como objetivo ”evitar
que personalidades históricas de relevância para o país sejam afetadas pela
referida lei”, numa tentativa de defender a história.
Além de Gilberto e Rogério, o
projeto é assinado também pelos vereadores Átila A. Nunes (Democratas), Inaldo
Silva (Republicanos), Luciano Medeiros (PSD), Marcio Santos (PRD) e Prof. Célio
Lupparelli (PSD), e tem gerado muito apoio na sociedade, pega de surpresa pela
medida que foi noticiada em tido o país como uma das mais absurdas maneiras de
apagamento da história do país.
Monumentos já existentes
Em relação às homenagens já
existentes em espaço público no Rio, a nova lei determina que as estátuas ”sejam
transferidas para ambiente de perfil museológico, fechado ou a céu aberto,
devendo estar acompanhadas de informações que contextualizem e informem sobre a
obra e seu personagem’‘. Da mesma forma, não explica que ambiente é este,
quem vai pagar pela remoção, transporte, restauro e instalação destes
monumentos nos supostos novos destinos dos mesmos, e nem de onde será tirado
dinheiro para pagar por tudo isso. Também não explica o que fazer com figuras
como Zumbi dos Palmares, grande nome e símbolo do movimento negro,
com importância grande na luta contra o domínio dos brancos sobre os negros,
mas que segundo historiadores também mantinha escravos e tinha comportamento
violento.
Quem foi Padre Antônio
Vieira?
Padre Antônio Vieira
foi um notável religioso, escritor e orador do século XVII, cuja influência se
estendeu muito além das fronteiras da fé católica. Nascido em Lisboa, Portugal,
em 1608, Vieira ingressou na Companhia de Jesus e logo demonstrou seu
brilhantismo intelectual. Ele se destacou como missionário no Brasil, tendo
passado uma parte significativa de sua vida no Rio de Janeiro, onde dedicou
seus esforços à conversão dos nativos e à defesa dos direitos indígenas.
Em sua longa carreira, Vieira
escreveu uma série de sermões, cartas e tratados, que abordavam questões
sociais, políticas e religiosas da época. Seus sermões foram reconhecidos por
sua retórica eloquente e profunda erudição, e muitos deles são considerados
obras-primas da literatura barroca.
No Rio de Janeiro, Vieira
desempenhou um papel importante na mediação de conflitos entre os colonos
portugueses e as autoridades locais, bem como na defesa dos direitos dos povos
indígenas contra a exploração e a escravização. Sua atuação carismática e sua
capacidade de persuasão o tornaram uma figura influente na vida política e
religiosa da colônia.
Padre Antônio Vieira é
lembrado como um homem de grande sabedoria, compaixão e coragem, que deixou um
legado duradouro no Brasil e em toda a lusofonia. Sua eloquência e sua luta
incansável pela justiça o transformaram em um símbolo de inspiração para gerações
posteriores, e suas obras continuam a ser estudadas e admiradas até os dias de
hoje.
Título e Texto: Bruna
Castro, Diário do Rio, 3-12-2023
Mais vereadores criticam lei que bane monumentos ditos “racistas”
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