Aparecido Raimundo de Souza
Em verdade, um defunto (ou um cadáver) de corpo inerte e apodrecido, que
para a maioria do povo brasileiro (melhor dito, para aquela banda humilde e
empobrecida, simples e miserável, que dela precisa fazer uso) nada ter de bom e
aproveitável para dar vivas e cantar parabéns. Fazemos referência à ilustre
vagabunda que usa uma venda suja nos olhos, uma tira escrota que fecha as
portas, não só as portas, as janelas, as persianas, e em lugar de suas entradas
e acessos, se abrem buracos enormes com crateras gigantescas.
Fazemos menção aquela deusa (deusa??!!) Insuportável que no lugar de vir
em socorro dos carentes e precisados, empurra para a barriga, procrastina,
causa asco, nojo, repugnância e medo. Sobretudo medo. Ao contrário, tal
santinha do pau oco, se debanda, se vende, se dá, se doa, para a galera que
vive chafurdando nela. Tal desgraça, ou melhor, tal doença, ou pior, tal
câncer, foi criado pelo Decreto-lei de número 8.292/1945. Hoje, portanto, 8 de
dezembro, os ingênuos e simplórios, os cândidos e puros, os singelos e
virginais de corpo e espírito, ficam mais um dia a ver navios. Processos,
prazos, audiências, despachos, sentenças, fodam-se.
Os que nela militam, permanecem em casa, coçando seus respectivos sacos e masturbando periquitas. Falamos da justiça (ou “justraça” ou ainda, “justroça”), aquela mulherzinha safada e sem caráter, que fica com o rabinho sentada confortavelmente em frente aos palácios suntuosos e casas da lei (ei... ei) repetindo, com uma birosca, na fuça –, perdão uma venda de bar de periferia nos olhos. Um tapa-olho que nos lembra todos os dias os piratas dos tempos antigos e nos traz à memória o imaginário Capitão Gancho, ou o Edward Teach que segundo se sabe se tornou responsável por criar e não só criar, dar vida e forma, a um estereótipo de aparência terrível e assustadora.
A infâmia, além de cega (kikikikikiki) não enxergava um palmo adiante da
bunda -, perdão, do nariz. Em dias atuais, mudaram o nome, para j-u-s-t-i-ç-a.
Hoje, ela, pode ser vista através da figura igualmente lendária do Johnny Depp.
Quem não tiver condições financeiras de ir à “brazzzilia” e se deslumbrar vendo
de perto, e até tocando, beijando e cheirando, a famosa deusa com a espada nãos
mãos, sentada em frente ao STF (Saudade dos Tempos Findos), poderá matar a
saudade vendo o Capitão Jack Esporrou -, mil desculpas -, senhoras e senhores
-, Jacck Sparrow. Aliás, uma boa saída, um bom programa para assistir, na
integra, os “Piratas do Caribe.” Sem temer, logicamente, ir parar nos amáveis
braços da Papuda.
Johnny Depp é sem tirar nem “destirar” a nossa lendária justiça. Com um
detalhe, importantíssimo, em MOVIMENTO. O dia 8 de dezembro, portanto, é o dia
de venerar não a nossa “justissa,” menos ou melhor, “m-e-n-a-s” ainda aquela
divindade grega por meio da qual a justiça pura e cristalina deveria ser
definida no sentido de moral. Não só de moral, também, e principalmente como o
sentimento da verdade, da lhaneza, da equidade e da humanidade. Jamais da
“umanidade.”
A tal baranga, deveria ser o “quadro-exemplo” da solidez, da bonomia, da alvura de caráter, da pudicícia, da transparência, além de, acima de qualquer outra latrina, usar a cordinha da descarga se fazer justa, perfeita, sem nódoas ou manchas, se mostrar séria, colocando acima das paixões humanas o VIL METAL.
A nossa “j-u-s-t-i-s-s-a” se traduz pelas tramoias, pelas bufunfas, pelas
muambas, e “mumunhas” usque acordos escusos feitos por debaixo dos panos. O
rosto da deusa Temis, hoje conhecida pela alcunha de legalidade e limpidez,
alvura e “incorruptividade,” o que temos para embandeirar no bonito e
carismático 8 de dezembro é a degenerescência de um sistema travado, falido,
manco, corrompido, capenga, literalmente aleijado e sem forças para caminhar
sozinho.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo
de Freitas, no Rio de Janeiro, 8-12-2023
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