Maria Lucia Victor Barbosa
O impeachment de Fernando
Lugo, irmão ideológico de Lula da Silva, levado a efeito pelo Congresso
Nacional do país – conforme as regras constitucionais do Paraguai – motivou a
ira de Dilma Rousseff que brandiu seu chicote autoritário contra o pequeno
país. Com o firme apoio da Argentina e a vacilante concordância do Uruguai, a
presidente brasileira pôs o Paraguai de castigo, como professora feroz e
irredutível. Não o expulsou da escola latino-americana, mas suspendeu o aluno
por mau comportamento democrático.
A questão democrática nesse
episódio aparece como aberrante hipocrisia na medida em que, aproveitando-se da
ausência paraguaia, Roussseff acolheu no MERCOSUL o despótico Hugo Chávez que,
segundo Lula da Silva, “esbanja democracia”. Vejamos sucintamente a democracia
chavezista e seu “êxito” econômico:
Chávez tentou assumir o poder
através de golpe e não conseguiu. Posteriormente eleito, fez uma Constituição à
sua imagem e semelhança e vem se perpetuando no poder. O caudilho, inventor de
um nebuloso ‘Socialismo do Século 21’, odeia a liberdade de pensamento e não
admite opositores. Por conta disto é um implacável perseguidor da mídia que só
pode noticiar a seu favor.
Como um Mussolini dos
trópicos, o boina-vermelha criou milícias formadas por civis que atacam seus
adversários e os impedem de realizar manifestações.
Chávez se relaciona com os
piores tiranos mundiais, como o iraniano Mahmoud Ahmadinejad. É um adorador de
Fidel Castro e de seu fracassado e sanguinário regime tropical-socialista.
Apesar de negar, abriga as FARC com as previsíveis consequências da
narcoguerrilha. Seguindo essa linha, que privilegia os terroristas, ele é
antissemita e visceralmente contra os Estados Unidos.
Do ponto de vista econômico, o
venezuelano mantém seu país como exportador de um produto único, o petróleo,
enquanto falta alimento para a população. Aliás, faltam hospitais, as estradas
estão em péssimo estado e a inflação corre solta. Sem produção além do
petróleo, faltam empregos e aí entra o modelo Lula: as caridades oficiais que
mantêm os pobres contentes e gratos ao salvador da pátria e sem necessidade de
trabalhar, mas, sempre pobres.
Como seus compadres
latino-americanos, Chávez não cumpre compromissos internacionais e é um contumaz
nacionalizador de empresas estrangeiras.
Apesar de tudo isso, a fada
madrinha de Chávez, Dilma Rousseff, fez um belo discurso para comemorar a
entrada do novo sócio: “A presença da Venezuela no MERCOSUL amplia nossas
capacidades internas, reforça nossos recursos e abre oportunidades para vários
empreendimentos”.
Provavelmente, como Lula que
‘nunca soube de nada’, a presidente ignora que Chávez não foi sequer capaz de
pagar sua parte para a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. E
não é de se duvidar que o boquirroto dê também o calote na compra de aviões
fabricados pela Embraer, que insinuou iria comprar.
Para piorar, o MERCOSUL vai
adotar de vez a nacional lambança ou o ‘social-calhordismo’ com a entrada de
mais dois ilustres bolivarianos: Evo Morales da Bolívia e Rafael Correa do
Equador.
Se a Bolívia continua um dos
países mais pobres do continente e o Equador teve 8% crescimento em 2011, seus
respectivos presidentes seguem o padrão Chávez no quesito dor de cotovelo dos
Estados Unidos, ímpetos nacionalisteiros, incompatibilidade com a liberdade de
expressão e jamais poderiam ser chamados de democratas. Falta agora incluir
Cuba no MERCOSUL em homenagem ao déspota do Caribe. Não houve convites ao Chile
ou a Colômbia, pois esses países não fazem parte do time dos compadres do
século 21.
Conclui-se, pois, que o
MERCOSUL foi desfigurado e houve uma clara opção pelo atraso, cuja grande
responsabilidade pode ser atribuída ao Brasil.
Como afirmou o diplomata José
Botafogo Gonçalves em artigo no jornal O Estado de S. Paulo (2/8), com relação
ao MERCOSUL: “não se pode mais falar de uma zona de livre comércio e de união
aduaneira, que está no espírito da fundação do bloco, mas, sim, de um novo
clube com objetivos políticos e econômicos que não valorizam o mercado, a livre
circulação de mercadorias e serviços, a internacionalização das economias e a
competitividade”.
Portanto, caros compatriotas,
deixemos de lado o futuro e voltemos à Idade de Pedra Lascada. Nada de
oportunidades, de expansão, de democracia, de liberdade. Afundemos no
terceiro-mundo que tanto amamos. Levemos adiante a inevitável tendência ao
fracasso que escrevemos por nossa conta e risco em nossa história para depois,
é claro, culparmos os Estados Unidos, o imperialismo, o capitalismo ou qualquer
outro bode expiatório que tire de nossa responsabilidade as mazelas que nós
mesmos provocamos.
Como afirmou Simón Bolívar, em
1830: “Se acontecesse que uma parte do mundo voltasse ao caos primitivo, isso
seria a última metamorfose da América Latina”. Em 2012 nada mudou.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
Colaboração: Francisco Vianna
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