terça-feira, 13 de maio de 2014

A casa não pode cair (e comentário)

J. R Guzzo
Todo brasileiro de olhos abertos para o que está acontecendo no país, em geral e na sua própria vida em particular, sabe muito bem que a coisa está preta.

Há mil e uma razões para isso, como se pode verificar todos os dias pelo noticiário; seria pretensioso, além de inútil, tentar fazer uma lista de todas. Basta dizer, para encurtar o assunto, que, segundo as últimas pesquisas de opinião, mais de 70% da população acha que assim não vai, e quer mudanças na ação do governo como um todo.

Será que os brasileiros, finalmente, se convenceram de que estão sendo dirigidos por um dos governos mais incompetentes e corruptos que já tiveram de aguentar – ou, possivelmente, o mais incompetente de todos?

Mais interessante ainda: a propaganda descomunal que o poder público soca todos os dias em cima da população e o uso sistemático da mentira talvez já não estejam dando os resultados que costumam dar.

A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, ameaça “combater a corrupção na Petrobras”, mas diz que os “inimigos da empresa” são os que sugeriram mudar seu nome para “Petrobrax”, cerca de quinze anos atrás, com a intenção secreta de liquidá-la – e, ao mesmo tempo, ela faz tudo para impedir que se investigue a roubalheira pública de hoje envolvendo a estatal ou não.
Quanta gente acredita num desvario desses?

Tudo bem. O Brasil está em petição de miséria, e o presente já é um caso perdido. A pergunta, agora, é a seguinte: as coisas vão mudar para melhor depois da eleição presidencial de outubro ou vão ficar piores ainda?

Vão ficar piores, com certeza, se o Brasil não sair da armadilha que o governo, o PT e o ex-presidente Lula montaram: eles têm de ganhar todas, pois não podem mais admitir a alternância de poder. Se admitirem, a casa cai, e a casa não pode cair – pois os que mandam no país não conseguem mais viver fora do governo.

Manter-se no poder todo mundo quer, nas melhores democracias do mundo. O problema atual do Brasil é que o PT não apenas quer continuar: precisa continuar! Isso porque, se sair, o mundo de privilégio que construiu para si próprio, nos últimos onze anos, vai direto para o espaço.

É essa ansiedade, e nada mais, que acaba de trazer Lula para dentro da campanha eleitoral – se Dilma continuar caindo nas pesquisas, é pouco provável que ele próprio e seu partido digam “que pena”, e fiquem só olhando o desastre acontecer na sua frente.

Aí, para não perderem a situação de proprietários privados do Brasil que conseguiram obter de 2003 para cá, tudo passa a valer: a presidente pode ser desembarcada sem maior cerimônia do seu posto de candidata à reeleição, e Lula entraria na disputa para salvar a pele de todos da quadrilha petralha.

Como explicar essa deposição de Dilma para o público?
Inventa-se uma história qualquer – esse tipo de coisa jamais foi problema para Lula, um artista em escapar das situações mais sinistras sem explicar nada.

A ‘cumpanheirada’, por sua vez, dirá que lamenta – mas que a volta de Lula é essencial para salvar o “projeto do PT”, caso o plano deles esteja ameaçado de “destruição” pela “direita”, pela “grande mídia”, pelos que “não se conformam” com a vitória da classe operária, etc. e tal...

Se a oposição ganhar, dizem, será a “volta da ditadura” – e não é possível permitir tal crime.
“Projeto do PT”? Que diabo seria isso?
Nada mais simples: o projeto do PT é não ter projeto nenhum. Em vez de trabalhar para construir um Brasil mais justo, confortável e promissor para os brasileiros, todo o esforço do partido se concentra em não ‘largar o osso’ do governo.
Não se trata de desejo: é necessidade.

O que muda, se saírem, não é nada que tenha a ver com ideias, princípios ou valores; o que muda, no duro, é a sua vida material.

Vão-se embora os 20.000 altos empregos que têm no governo federal. Vão-se embora as oportunidades ilimitadas de negócios público-privados. Vão-se embora as Pasadenas, os mensalões, a compra de certas empresas de videogames por empreiteiras de obras, na base dos 10 milhões de reais.

Ficam as fortunas criadas nos porões da Petrobras. Ficam as ‘rosemarys’, os ‘youssefs’ e milhares de outros como eles. Ficam o caviar de Roseana Sarney, os jatinhos, os planos médicos milionários. Ficam as diárias de hotel a 8.000 euros. Fica um STF obediente. Mais que tudo, fica garantida a impunidade.

O PT, como observou há pouco o ex-deputado Fernando Gabeira, é um partido que se baseia totalmente na obediência; não valem nada, ali, mérito, talento ou competição sadia. A única maneira de subir na vida é obedecendo a Lula – e para isso é indispensável que Lula, ou algum dos seus postes, esteja no governo.
Título e Texto: J. R Guzzo, publicado na edição impressa de VEJA, 11/05/2014 às 17:41

Comentário de Otacílio Guimarães

O J.R. Guzzo é, na minha opinião, o melhor jornalista do Brasil na atualidade. Não é a toa que é membro do Conselho Editorial do Grupo Abril. Eu sempre presto muita atenção ao que ele escreve porque suas opiniões são baseadas em fatos reais e não em suposições ou fantasias.

Este artigo põe às claras o quadro de horror que seria uma derrota petista nas próximas eleições. Se isto acontecer, com Dilma ou com Lula, o Brasil entra em convulsão e pré-guerra civil, não só pelo que J.R. Guzzo esclarece neste artigo, mas sobretudo porque a pior das intenções do PT foi alcançada, ou seja, dividir o povo brasileiro para dominá-lo. São dois atos, portanto, de um mesmo drama, em caso de derrota petista.

1º ato: já está explicado no artigo. Imagine de uma hora para outra a comunidade petista & asseclas perder os privilégios e as oportunidades de negociatas construídas ao longo de 12 anos em benefício próprio, exclusivamente. Não vão largar o osso com facilidade.

2º ato: perdida as eleições, vão partir para o tudo ou nada. Utilizando-se de todos os pretextos, desculpas e mentiras, vão tentar dar um golpe impedindo a posse do novo presidente e implantar no país um governo totalitário ao estilo bolivariano da Venezuela. Para isto, vão se utilizar de todas as suas tropas de choque, os tais movimentos sociais, acrescidos dos bolsistas do bolsa esmola. Só aqui eles arregimentam uns 30 milhões de guerreiros. Em caso de derrota, terão de outubro até o final de dezembro para convulsionar o país e é ai que eu vou ver se nesse país tem macho de verdade porque vai ser necessário usar da força bruta para botar o PT para fora do governo.

O artigo do J. R. Guzzo nos mostra claramente que este será o cenário que aguarda o povo brasileiro na virada deste para o próximo ano. O PT conseguiu o que queria, ou seja, dividir o Brasil para dominá-lo. A mesma coisa fizeram os bolcheviques na Rússia no início do século passado culminando por implantar o comunismo naquele país. Trata-se, portanto, de uma luta do comunismo contra o capitalismo.

Resta saber se o capitalismo nacional e internacional – que é em verdade quem manda no país – vai entregar a rapadura de braços cruzados. Eu creio que não, pois o Brasil é muito importante para o capitalismo e este não vai entregar os pontos sem luta.

Talvez esteja se aproximando a hora da verdade para o Brasil, o momento da escolha que não souberam fazer no passado. Uma coisa é certa: ou o Brasil acaba com o PT ou o PT acaba com o Brasil, eu sempre afirmei isto.

Sugiro, portanto, que o amigo comece a lubrificar sua garrucha e escolher a melhor munição, pois tudo indica que o pau vai comer na casa de Noca.  
Abraços,
Otacílio Guimarães

Via Francisco Vianna, 13-05-2014

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