Alexandre Garcia
Em dois meses, minha mãe
completa 100 anos de vida e diz que nunca viu nada igual ao que está
testemunhando hoje. Ela passou pela ditadura Vargas, pelas tentativas
comunistas de tomada do poder, a começar em novembro de 1935, depois por tantos
governos diferentes e tantos planos de salvação nacional, mas nunca viu uma
reação como agora, contra o estado de coisas em que enterraram o país. Uma
reação popular e pacífica, de uma maioria que cansou de ser enrolada,
ludibriada, enganada – desculpem usar tantos sinônimos para a mesma mentira. Eu
mesmo, em meus quase 80 anos de Brasil, nunca vi nada igual. Eu diria que se
trata de uma revolução de ideias, tal a força do que surgiu do cansaço de
sermos enganados.
Mencionei a primeira tentativa
comunista de tomada do poder, há 83 anos. Naquele 1935, houve reação pelas
armas. Nas outras tentativas, no início dos anos 60, a reação veio das ruas,
que atraiu as armas dos quartéis. A última, veio pelo voto, na mesma linguagem
desarmada, com que começou a sutil tentativa tucana, para desaguar nos anos
petistas, já com a tomada das escolas, dos meios de informação, da cultura –
com aquela conversa que todos conhecemos. De repente, acordamos com a família
destroçada, as escolas dominadas, os brasileiros separados por cor e renda, a
cultura nacional subjugada, a História transformada. Mas acordamos.
Reagimos no voto, 57 milhões,
mais alguns milhões que tão descrentes estavam que nem sequer foram votar. O
candidato havia sido esfaqueado para morrer, nem fez campanha, não tinha horário
na TV, nem dinheiro para marqueteiro. Mas ficou à frente do outro em 10 milhões
de votos. Ainda não se recuperou da facada, a nova intentona; precisa de mais
uma cirurgia delicada, mas representou a reação da maioria que não quer aquelas
ideias que fracassaram no mundo inteiro, que mataram milhões para se impor e
ainda assim não se impuseram.
O que minha mãe nunca viu é
que antes mesmo de o vitorioso tomar posse, as ideias vencedoras da eleição já
se impõem. Policiais que tiram bandidos das ruas já são aplaudidos pela
população; juízes se sentem mais confiantes; pregadores do mal já percebem que
não são donos das consciências; as pessoas estão perdendo o medo da ditadura do
politicamente correto, a sociedade por si vai retomando os caminhos perdidos,
com a mesma iniciativa que teve na eleição de outubro, sem tutor, sem protetor,
sem condutor. Ela se conduz. O exemplo mais claro desse movimento prévio ao
novo governo é a retirada cubana, no rompimento unilateral de um acordo fajuto,
de seus médicos, alugados como escravos ao Brasil. Cuba “passou recibo” na
malandragem e tratou de retirá-los antes que assumisse o novo governo, na
prática confessando uma imoralidade que vai precisar ser investigada no Brasil,
para apontar as responsabilidades, tal como ainda precisam ser esclarecidos
créditos do BNDES a ditaduras, doação de instalações da Petrobras à Bolívia,
compra de refinaria enferrujada no Texas, e tantas outras falcatruas contra as
quais a maioria dos brasileiros votou em outubro.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Facebook,
30-11-2018
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