Péricles Capanema
Do novo governo só
reclamo que cumpra as promessas consoantes ao bem comum. Solicito, contudo, uma
providência simples para o bem do Brasil. Mais que pedido, é sugestão enraizada
na força das coisas simbólicas.
O INCRA precisa mudar de nome.
Seria medida de enorme simbolismo. Tantas vezes o impacto de providência de tal
tipo vale mais que fatos de outra natureza, muda o clima, determina rumos.
Seria fato prenunciativo, sugeriria intenções de construção e progresso. O
INCRA é retrocesso macabro.
O MST, companheiro, parceiro e cúmplice do INCRA por anos sem fim, conheceu bem
o poder dos símbolos. Fazia questão que as autoridades enfiassem na cabeça o
boné vermelho dos bandoleiros e agitadores do campo brasileiro, cuja ação
tantas vezes foi qualificada, com pertinência, de terrorista. Até mesmo e
repetidamente por Jair Bolsonaro. Recentemente, advertiu o presidente
eleito: “Quando você vê o pessoal do MST invadindo propriedades,
depredando, matando animais, tocando fogo em prédio, você fica indignado com
isso. Temos que ter uma relação bastante dura, para que esses que vivem fora de
lei sejam enquadrados. Muitas vezes os proprietários entram com ação judicial
de reintegração de posse, ganham na Justiça, mas os governadores não cumprem a
ordem por questões ideológicas. Toda ação do MST e do MTST devem ser
tipificadas como terrorismo. A propriedade privada é sagrada”.
Por trás, não foi raro, essas
ações eram combinadas nos escritórios do INCRA, com participação de gente do
INCRA. Hoje se cala isso. Mas é fácil verificar, é só perguntar aos agredidos
Brasil afora como as coisas aconteciam.
Aliás, tenho boa companhia em
minha proposta de mudar o nome do INCRA. O deputado federal Luiz Henrique
Mandetta (DEM-MS), médico ortopedista, ministro indicado para o ministério da
Saúde do próximo governo, tem grandes planos para a pasta. Qual é a primeira
medida proposta por ele? Simbólica. Quer mudar o nome do Mais
Médicos para Mais Saúde. Com isso, expulsa do
programa a fedentina castropetista. Ótima profilaxia, desinfeta. Declarou o Dr.
Luiz Henrique: “Era um dos riscos de se fazer um convênio e
terceirizar uma mão de obra tão essencial. Me pareceu muito mais um convênio
entre Cuba e o PT e não entre Cuba e o Brasil. Era um risco para o qual a gente
já alertava de início. Improvisações costumam terminar mal. Não deveria ter
esse nome. Deveria se chamar Mais Saúde”.
Proponho o mesmo com o INCRA.
Mudem o nome, INCRA fede. Vamos desinfetar. Perguntem a qualquer produtor
rural, desde os muito pequenos até os grandes, que já tiveram contato próximo
com as traficâncias do órgão, e a resposta será sempre nessa linha: “Catinguento,
por mim podiam fechar essa porcaria”.
Vou apenas transcrever agora a
opinião de Xico Graziano [foto abaixo], especialista reputado,
ex-presidente do INCRA:
“Devastador. Assim
classifico o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os
assentamentos de reforma agrária no Brasil. Foram identificados 479 mil
beneficiários irregulares. Escandaloso. Esbórnia agrária. Foi nesses termos que
a ‘Folha de S. Paulo’ tratou o assunto em editorial (edição de 8-4-16),
afirmando que tamanho desvio ‘não surge do nada, só se constrói, anos a fio,
com a omissão ou a conivência de servidores do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA)’. Triste conluio do governo do PT, com a
parceria do MST e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(CONTAG).
A malandragem é
assustadora: foram identificados 248,9 mil assentados com local de moradia
diferente do lote concedido; 23,2 mil já contemplados antes pela reforma
agrária; 144,6 mil funcionários públicos; 61,9 mil empresários; 1.017 políticos
titulares de mandato eletivo, sendo 847 vereadores. Sem-vergonhice. Tétrico. O
TCU aponta 37,9 mil pessoas mortas na lista dos beneficiários da reforma
agrária. Entre os vivos, 19.393 cadastrados são donos de veículos de luxo, como
Porsche, Land Rover e Volvo. Picaretagem pura.
Há tempos alguns de nós,
estudiosos da reforma agrária, denunciamos os desvios do processo de
distribuição de terras. Vem de longe a existência de um ‘mercado de terras’, em
que se vendem, se compram e se arrendam lotes nas barbas do INCRA. Tudo
proibido, mas rola fácil. Propina descarada.
A cada análise crítica, os
ideólogos da chamada ‘esquerda agrária’ bradam contra nossos alertas. Para nos
desqualificar, acusam-nos de defensores do agronegócio. Eles, os puros, defendem
a ‘agricultura familiar’ e, mais recentemente, a ‘agroecologia’. Caiu a
máscara.
Já mostrei anteriormente
como uma série de convênios governamentais destina milhões às organizações
agrárias ligadas ao esquema da corrupção no campo. Dinheiro público na veia do
‘exército vermelho’, aquele que Lula diz comandar.
Basta acessar meu
site www.xicograziano.com.br e
conhecer a lista completa das ONGs, com os respectivos valores que receberam
nos últimos 10 anos. Definitivamente, acabou a utopia da reforma agrária. Pouco
importa as razões do passado, ou a ideologia. Na sua existência real, é triste
perceber a falência do modelo estatal-distributivista da terra. Pior, mancha
nossa história verificar sua trágica degeneração. Não basta suspender a
distribuição de terras pelo INCRA. Será apenas um remendo. Há muita sujeira
escondida debaixo do tapete. Podridão agrária”.
Quer saber, o que revelou o
relatório do TCU ainda foi só a ponta do iceberg. A reforma agrária no Brasil,
desde o começo com a SUPRA janguista, é uma coleção quase inconcebível de
disparates, desacertos, desperdício de dinheiro público, roubalheira.
Prejudicou os produtores, piorou a situação para quem precisava de emprego, em
geral foi engano para os que receberam parcelas. O Brasil sofreu muito com os
delírios mitomaníacos dos setores obcecados com a reforma agrária, inimigos da
realidade e escravizados ao fanatismo ideológico. É preciso acabar logo com o
absurdo para o bem de todos. Chega de retrocesso e gatunagem.
Mudar de nome é só o começo,
mas vale muito, sinaliza vontade do rumo novo, com o abandono definitivo da
trilha em que se torrava dinheiro público a rodo e só causava desgraça.
Outro ponto. O INCRA tem
apaniguados de partidos e restos renitentes de petismo, indicações políticas
(menos do que nas gestões Lula-Dilma, mas o disparate continua em Brasília e
nas superintendências regionais). Essa turma além de especializada em embolsar,
só dá prejuízo.
Ojo!, dizem os espanhóis,
cuidado com as más surpresas. Os produtores rurais e os brasileiros de bem se
lembram da visita, tetricamente simbólica, 1º de junho de 2016, de Zé Rainha,
outros dirigentes da FNL (Frente Nacional de Lutas) — xerox do MST —
acompanhados de Paulinho da Força ao presidente Temer. Era o aviso de que a
jararaca ainda tinha veneno nas presas.
Depois do bom golpe simbólico,
todos sabem, será necessário modificar rapidamente a legislação e transformar o
órgão renovado em real servidor dos produtores e dos que trabalham no campo, ou
seja, promotor da segurança jurídica, indutor de emprego e renda, imã de
investimentos. Aí ajudará de fato os pobres.
Por fim, volto ao início: nada
mais desanuviador que de saída mudar o nome do avantesma que, linha auxiliar de
agitadores bem treinados, foi carrasco do produtor e instrumento diligente de
políticas persecutórias que impediram a melhoria das condições da vida no
campo. Sem a maldição da reforma agrária, teríamos hoje o Brasil mais próspero e
melhores empregos no campo.
O nome novo? Que lembre um ou
vários dos valores seguintes: propriedade rural, produção, emprego,
investimento. O governo tem bons técnicos em propaganda. E a medida sinalizaria
oxigênio nos pulmões, traria felicidade ao campo.
Título, Imagens e Texto: Péricles Capanema, ABIM,
4-12-2018
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