A Comissão Europeia afirma ter "provas
suficientes" da existência de propaganda chinesa na Europa relativa ao
surto de covid-19, um "novo fenómeno"
Agência Lusa
A Comissão Europeia afirma ter
“provas suficientes” da existência de propaganda chinesa na Europa relativa ao
surto de covid-19, um “novo fenômeno” que se junta à desinformação russa e à
propagação de informação falsa por “atores europeus”.
“Temos provas suficientes para
perceber como é que a propaganda chinesa funciona e como tem funcionado nesta
crise da covid-19 e, devido a essas provas, penso que é altura de dizermos a
verdade, de informar as pessoas”, declarou a vice-presidente da Comissão
Europeia com a pasta dos Valores e Transparência, Vera Jourová [foto].
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Foto: Francois Lenoir/POOL/EPA |
Falando com um grupo de
jornalistas em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, a propósito da comunicação
hoje adotada pelo colégio de comissários sobre desinformação no contexto da
pandemia da covid-19, a responsável acrescentou que estas evidências “foram
recolhidas pelo Serviço Europeu de Ação Externa”.
“Tomamos conhecimento de uma
série de acusações, como a que o novo coronavírus foi desenvolvido em
laboratórios norte-americanos e sobre uma promoção exagerada do apoio da China
à UE, com muita propaganda que indica que os Estados-membros e as instituições
democráticas europeias não foram capazes de lidar com a crise”, precisou Vera
Jourová.
De acordo com a
vice-presidente do executivo comunitário, “há uma série de situações em massa
deste género e este é um novo fenômeno, com comunicação mais assertiva no
território europeu e dirigida aos cidadãos europeus” por parte de Pequim.
Além da China, também a Rússia
foi identificada como “promotora ou fonte de desinformação”, naquela que é “a
primeira vez” que a União Europeia (UE) assinala tão claramente estas origens
de ‘fake news’.
“Claro que, no que toca à
Rússia não é nenhuma novidade porque eles têm a desinformação incluída na
doutrina militar, mas a China é pela primeira vez assinalada e fico satisfeita
por o termos feito porque se existem provas, não nos devemos comedir de o
apontar”, acrescentou Vera Jourová.
Para responder a estas
questões, a responsável defendeu um reforço da “cooperação interna e também ao
nível da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e do G7 [grupo de
potências mundiais] porque a desinformação é uma ameaça híbrida e, por isso,
uma questão de segurança”.
“Temos de limpar a nossa
própria casa e temos de reforçar a nossa estratégia de comunicação e as
ligações diplomáticas”, sublinhou Vera Jourová, numa alusão aos “diferentes
atores” que, dentro da Europa, “atuam como inimigos exteriores”.
“Estou a falar de diferentes
grupos extremistas, forças políticas com programas nacionalistas, diferentes
grupos que também visam a incitação à disrupção e violência na UE”,
especificou.
Vera Jourová deu ainda como
exemplo o desastre nuclear de Chernobyl, “em que as pessoas não estavam
informadas sobre a situação e as suas consequências”, rejeitando casos destes
na Europa em altura de pandemia.
Já admitindo que, por vezes,
“é difícil detetar a origem” destes casos de desinformação a nível comunitário,
a vice-presidente da Comissão Europeia defendeu maior transparência por parte
das plataformas digitais e apoios à imprensa independente e aos investigadores.
“A pandemia de covid-19
evidenciou uma enorme onda de desinformação e mostrou-nos que a informação
falsa pode criar sérias consequências, matar cidadãos e enfraquecer a confiança
nas instituições e, consequentemente, as medidas tomadas”, adiantou Vera
Jourová.
Recentemente, o Serviço
Europeu de Ação Externa esteve envolvido numa polêmica por alegada cedência a
pressões da China num relatório sobre desinformação, com o jornal
norte-americano New York Times a avançar no final de abril que a linguagem do
documento foi suavizada por influência de Pequim, o que Bruxelas rejeitou.
Título e Texto: Agência
Lusa, Observador,
10-6-2020
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