Heroínas da independência, soldadas, policiais, escritoras, uma índia e uma santa foram homenageadas
Artur Piva
As escritoras Hilda Hilst e
Clarice Lispector também aparecem nas homenagens, assim como a santa Irmã
Dulce, a princesa Isabel, Maria Quitéria — primeira mulher nas tropas
brasileiras —, duas heroínas da independência do país, a freira Joana Angélica
e combatente Maria Felipa de Oliveira, e a Paraguaçu, índia brasileira que
exerceu papel fundamental para integração dos povos nas primeiras décadas após
a chegada dos portugueses no Brasil.
Irmã Dulce
Maria Rita de Sousa Brito
Lopes Pontes ou Santa Dulce dos Pobres nasceu em Salvador no dia 26 de
maio de 1914.
Aos 13 anos de idade, começou
a servir ao próximo com obras de caridade. Só parou ao falecer, aos 78 anos.
Ajudou milhares de pessoas. Salvou vidas e almas. E deixou um imenso legado de
ajuda ao próximo.
Legado, aliás, honrado pelo
Governo Federal. Na semana de canonização da Santa, em outubro de 2019, o
Presidente Jair Messias Bolsonaro assinou repasse de R$ 18 milhões para as
obras de caridade da Irmã Dulce.
Maria Quitéria
Órfã de mãe desde criança,
Maria Quitéria vivia em uma fazenda com o pai e a madrasta, onde montava,
caçava e manejava armas de fogo. Deflagradas as lutas de apoio à Independência
em 1822, ela pediu permissão ao pai para se alistar no Exército, mas o pedido
foi negado.
Freira Joana Angélica
Em 1822, soldados portugueses
invadiram o Convento da Lapa, em Salvador (BA), derrubando as portas a golpes
de machado. Madre Joana, que já era bem conhecida na cidade pelo trabalho de
caridade e amor ao próximo, estava lá para defender o local.
Bravamente, ela teria
proferido as famosas palavras contra a tropa lusitana. Mas a freira acabou
sendo morta pelos invasores a golpes de baioneta.
Pelo grandioso papel na
História do Brasil, o nome de Joana Angélica está inscrito no Livro dos Heróis
e Heroínas da Pátria que está no Panteão da Pátria, próximo à Praça dos Três
Poderes, em Brasília (DF).
Maria Felipa
Descendente de negros
escravizados vindos do Sudão, Maria Felipa se utilizou de inteligência, bravura
e força física para comandar um ataque que queimou nada menos que 40
embarcações lusitanas.
Pelo papel na História do
Brasil, o nome de Maria Felipa está inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da
Pátria que está no Panteão da Pátria, próximo à Praça dos Três Poderes, em
Brasília (DF).
Policial Katia Sastre
Com coragem e perícia, Katia
salvou a vida de crianças e mulheres, recebeu diversas homenagens e está
inscrita no imenso rol de mulheres admiráveis e heroicas do Brasil.
Professora Heley de Abreu
Silva Batista
A professora Heley reagiu à
ação criminosa abraçando-se ao incendiário, imobilizando-o e impedindo-o de
fazer mais vítimas. Com o corpo em chamas, Heley ainda tirou as crianças pela
janela da sala de aula. Outras duas funcionárias a ajudaram no ato de bravura:
Jéssica Morgana e Geni Oliveira, que também faleceram.
Esse ato de extremo amor e de
incrível coragem jamais será esquecido pela orgulhosa família dela, pelo Brasil
e pelas dezenas de famílias que tiveram os filhos salvos.
A heroína de Janaúba foi
condecorada com a Ordem Nacional do Mérito, do Governo Federal, e com a Medalha
da Inconfidência, do governo mineiro. Também virou nome de rodovia em Minas
Gerais. Todas as homenagens a mulheres como Heley são poucas. Mas fica aqui
nosso muito obrigado.
Paraguaçu
Diogo Álvares Correia,
navegante português conhecido como Caramuru, naufragou na Maraquita em 1510 e
foi encontrado por uma tribo tupinambá. Ele seria devorado, mas se salvou
graças à índia Paraguaçu, que intercedeu em favor. Eles se casaram e tiveram
muitos filhos.
Em 1528, o casal foi à França,
onde ela se converteu ao catolicismo e mudou o nome para Catarina do Brasil. O
casal foi essencial na criação de alianças entre tupinambás e portugueses.
Paraguaçu ajudou o marido na tarefa de fundar Salvador (BA), abriu igrejas e
protegeu conventos.
Princesa Isabel
Devido à importância para a
monarquia brasileira, a princesa Isabel recebeu uma educação de alta qualidade.
Estudava 15 horas por dia na adolescência; disciplinas como Economia, Física,
Mineralogia e História, além de diversos idiomas (como latim, alemão, italiano,
francês e inglês).
A princesa se posicionou
claramente contra a escravidão, abrigando escravos na própria residência e
sendo vista portando camélias – flor símbolo do movimento abolicionista.
Em 13 de maio de 1888, Isabel
assina a lei Áurea, libertando os escravos do Brasil. Passou a ser chamada de
Redentora.
Princesa Isabel dedicou a vida
ao conhecimento, à liberdade e ao Brasil. Uma grande mulher brasileira!
Clarice Lispector
Haya Lispector nasceu em 10 de
dezembro de 1920 na Ucrânia. Passou os primeiros dias de vida fugindo com os
pais da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa. Chegando ao
Brasil, é rebatizada Clarice. Ainda criança, já estudava várias línguas e
escrevia poesia.
Em 1940, publica o primeiro
conto, dando início a uma carreira brilhante. Com um estilo entre a poesia e a
prosa, Clarice não se encaixava em nenhum movimento, mas fez questão de adotar
a nossa identidade: a escritora foi naturalizada brasileira e se declarava
pernambucana.
Hilda Hilst
Hilda nasceu em Jaú, no
interior de São Paulo, em 21 de abril de 1930. Moça de rara beleza,
comportava-se de maneira muito avançada, escandalizando a alta sociedade
paulista. Despertou paixões em muitos artistas e poetas, entre eles, Vinicius
de Moraes.
Dona de uma linguagem ampla e inovadora, Hilda produziu mais de quarenta títulos, entre poesia, teatro e ficção. Com uma escrita rebuscada e de alto grau de erudição, com intensidade e ausência de medo, fizeram dela uma das maiores escritoras brasileiras do século 20.
Título e Introdução: Artur Piva, revista Oeste, 7-3-2021, 20h
Imagens e Texto: SECOM, 5-3-2021, 17h34
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