segunda-feira, 15 de março de 2021

Podemos falar de tratamento precoce?

Gazeta do Povo

Não há dúvida que o Brasil vive um dos momentos mais difíceis da pandemia da Covid-19. Ninguém duvida de que é preciso empregar todos os esforços possíveis para a adoção de vacinas seguras e de medidas sanitárias que ajudem a conter o vírus. 

O que não se pode entender é o cancelamento de vozes de pesquisadores e de médicos que continuam procurando soluções.

Como sempre se fez na história da Medicina diante de doenças desconhecidas, o Conselho Federal de Medicina (CFM) deixou à livre autonomia do médico a responsabilidade de utilizar diversos tipos de medicamentos, desde que haja consentimento do paciente – e sejam usados nas doses corretas (a diferença entre um remédio e um veneno é a dose). Enquanto não houver pesquisas científicas definitivas, para cumprir o juramento de Hipócrates, os médicos deveriam utilizar todos os meios ao alcance para impedir a piora dos pacientes e a sua morte.

Não existem pesquisas definitivas sobre o chamado “tratamento precoce” para a Covid-19 – o uso de uma combinação de vários medicamentos, não uma única droga, na fase inicial da doença –, mas vozes nada desprezíveis o defendem . Entre elas estão pesquisadores com mais de 100 mil citações científicas, segundo o Google Scholar, e publicações em revistas acadêmicas renomadas. Além disso, um grupo de 2 mil médicos no Brasil, assinou um manifesto e divulga um protocolo que, segundo eles, tem sido benéfico em muitos casos.

Ora, diante da gravidade da pandemia, não seria o caso de ouvir esses pesquisadores e médicos? Estudar a fundo o que tem dado certo para eles? Não é o que estamos vendo.

Nas redes sociais, publicações com links para pesquisas publicadas em revistas científicas de grande prestígio têm sido censuradas . As agências de checagem também têm atuado com critérios questionáveis, dando certeza de que os medicamentos do chamado “tratamento precoce” não funcionam, quando, na verdade, não há um consenso científico sobre a ineficácia desses medicamentos e nem estudos que os tenham descartado de forma cabal.

A Gazeta do Povo está preocupada com esse ataque à liberdade de expressão e de pesquisa científica. Você não está? Não acha que as autoridades, as universidades, a imprensa, a opinião pública, deveriam estar? A quem interessa esse silêncio?

Parece que somos os únicos a falar abertamente dessa preocupação. E se a nossa voz se calar, quem falará?

Gazeta do Povo, 15-3-2021

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