Gazeta do Povo
Não há dúvida que o Brasil
vive um dos momentos mais difíceis da pandemia da Covid-19. Ninguém duvida de
que é preciso empregar todos os esforços possíveis para a adoção de vacinas
seguras e de medidas sanitárias que ajudem a conter o vírus.
O que não se pode entender é o
cancelamento de vozes de pesquisadores e de médicos que continuam procurando
soluções.
Como sempre se fez na história
da Medicina diante de doenças desconhecidas, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) deixou à livre autonomia do médico a responsabilidade de utilizar
diversos tipos de medicamentos, desde que haja consentimento do paciente – e
sejam usados nas doses corretas (a diferença entre um remédio e um veneno é a
dose). Enquanto não houver pesquisas científicas definitivas, para cumprir o
juramento de Hipócrates, os médicos deveriam utilizar todos os meios ao alcance
para impedir a piora dos pacientes e a sua morte.
Não existem pesquisas definitivas sobre o chamado “tratamento precoce” para a Covid-19 – o uso de uma combinação de vários medicamentos, não uma única droga, na fase inicial da doença –, mas vozes nada desprezíveis o defendem . Entre elas estão pesquisadores com mais de 100 mil citações científicas, segundo o Google Scholar, e publicações em revistas acadêmicas renomadas. Além disso, um grupo de 2 mil médicos no Brasil, assinou um manifesto e divulga um protocolo que, segundo eles, tem sido benéfico em muitos casos.
Ora, diante da gravidade da pandemia, não seria o caso de ouvir esses pesquisadores e médicos? Estudar a fundo o que tem dado certo para eles? Não é o que estamos vendo.
Nas redes sociais, publicações com links para pesquisas publicadas em revistas científicas de grande prestígio têm sido censuradas . As agências de checagem também têm atuado com critérios questionáveis, dando certeza de que os medicamentos do chamado “tratamento precoce” não funcionam, quando, na verdade, não há um consenso científico sobre a ineficácia desses medicamentos e nem estudos que os tenham descartado de forma cabal.
A Gazeta do Povo está preocupada com esse ataque à liberdade de expressão e de pesquisa científica. Você não está? Não acha que as autoridades, as universidades, a imprensa, a opinião pública, deveriam estar? A quem interessa esse silêncio?
Parece que somos os únicos a falar abertamente dessa preocupação. E se a nossa
voz se calar, quem falará?
Gazeta do Povo, 15-3-2021
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