Em prisão domiciliar, ex-presidente da Câmara afirma que apoiaria Jair Bolsonaro: 'Qualquer opção é melhor que a volta do PT'
Fábio Matos
Em prisão domiciliar, ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha [foto], apontado como peça-chave para o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, comparou o governo da petista à pandemia de covid-19 no Brasil. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-parlamentar afirmou que o afastamento da então presidente não foi uma “retaliação”, mas “consequência do conjunto da obra que era o desastre que Dilma promoveu no segundo mandato”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
“A meu ver, Dilma é quem traiu
seus eleitores, assim como traiu todos os brasileiros com os seus crimes de
responsabilidade. A reeleição de Dilma foi para o país o equivalente à
pandemia. Foi a covid-14”, afirmou Cunha. “O impeachment não
foi uma retaliação. Foi consequência do conjunto da obra que era o desastre que
Dilma promoveu no segundo mandato. É evidente que a interferência do governo
contra mim tinha como objetivo me tirar do jogo, para que não houvesse a
possibilidade de impeachment.”
Às vésperas de lançar seu livro, intitulado Tchau, Querida: O Diário do Impeachment, Cunha também falou sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro e citou uma suposta “sabotagem” do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido). “Minha avaliação sobre Bolsonaro está de forma superficial, em cima de fatos concretos. Relato a sabotagem de Rodrigo Maia ao governo e o fato de que Bolsonaro sofre uma perseguição implacável de quase a totalidade da mídia”, diz. “Quem elegeu Bolsonaro porque não queria a volta do PT tem a obrigação de dar a governabilidade a ele. Se estivesse no poder, eu o apoiaria, com eventuais críticas pontuais, mas sempre estaria na posição oposta ao PT.”
Eduardo Cunha descartou a
possibilidade de surgimento de uma “terceira via” competitiva que possa quebrar
a polarização entre Bolsonaro e o PT. “É preciso ter em conta que vivemos em
uma dupla opção, entre o PT e o anti-PT. Nunca existiu terceira via em todas as
eleições desde 1989 e não existirá na próxima. Não vejo ninguém para isso. Entre
Bolsonaro e o PT, não tenho a menor dúvida de ficar com Bolsonaro.
Qualquer opção é melhor que a volta do PT.”
Título e Texto: Fábio Matos,
revista Oeste, 13-4-2021, 10h50
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