terça-feira, 1 de junho de 2021

[Aparecido rasga o verbo] No fim das contas, não era o que eu queria escrever

Aparecido Raimundo de Souza

UMA PERGUNTINHA BOBA nos vem, de repente, à cabeça. Foi o mundo, ou fomos nós que mudamos? Meio capciosa, é bem matreira, esta inquirição. Ela surgiu, senhoras e senhores, de uma outra interrogação que fizemos a nós mesmos, num momento de pura reflexão diante de tudo o que assistimos nos noticiários de fim de noite: o que temos feito em prol da nossa sobrevivência, sem a insanidade do mais puro egoísmo e fora dos conhecidos parâmetros da insensatez?

Os indivíduos tidos como humanos, se modernizaram. Quanto a isto, ponto pacífico. E o fizeram com suas formas e conceitos, cada um a seu bel prazer. Todos temos uma válvula de escape (assim como um coração) dentro de nós, que chamamos carinhosamente de 'livre arbítrio'. Pelo uso do nosso ‘livre arbítrio’, fazemos o que nos dá na telha, sem o uso da consciência. Se pararmos para analisarmos o mundo em si, chegaremos a conclusão de que ele é o mesmo, desde que foi criado.

Nada mudou, a não ser as metamorfoses e as transformações oriundadas pelas agressões impostas ao planeta pelas iniciativas das mãos do ilustre homem, seu principal habitante e o único ser pensante que acha enxergar, com exata precisão, além da ponta de seu nariz, dois ou três passos adiante. O homem, senhoras e senhores é a única e a principal criatura que violenta seu habitat natural, que o destrói e que leva seu planeta, para um caminho obscuramente incerto, cujo final é um tremendo precipício sem volta, sem regresso, e sem retorno.

O homem, na sua avidez e cobiça, na sua ganância e sofreguidão, notadamente por se achar dono e senhor de tudo, agrediu ferozmente (e continua a afrontar a sua espécie), seguindo belo e formoso hostilizando seus semelhantes, se tornando e se fazendo escravo, no final das contas e de suas regras mais simples e corriqueiras, deixando de lado e, claro, se abstendo de observar e preservar as sagradas leis da natureza.

Com isto, o desmiolado extrapolou os limites do ponderável, deixando de fixar na cachola, que na física, toda ação origina uma reação contrária. Por assim, das anomalias e aberrações, dos desatinos e desfalques vividos pelo ser humano, numa rápida de visu detectamos a agressividade brutal, a selvageria imoderada e a alarvaria bestial que hoje impera e se faz presente entre tudo o que nos cerca. Em trilho paralelo, as barbáries praticadas pelo homem, com instinto de loucura insana ou imoderação sanguinária, nos mostra, a cada novo minuto, a que nível se situam as nossas relações.

Não obstante, um número cada vez maior de falsos religiosos e profetas, e o permanente surgimento de novas igrejas de diferentes princípios de fé, acreditem, amados, já não existe dentro de nossos caprichos e impulsos, os verdadeiros sentimentos de fraternidade, de amor ao próximo e temor à Deus, sobretudo, reverência ao Altíssimo. Grosso modo, diante desta babel que a cada dia se prolifera à tona de nossas estupefações, como larvas peçonhentas saídas de bueiros espalhados pelas avenidas, ruas e vielas desta grande cidade, chegamos a conclusão de que não servimos mais aqueles que nos cercam e nos são estimados com os propósitos voltados para a caridade.

A caridade se foi para a casa do Carvalho. Tudo se individualizou. O homem esperto, dono de seu quadrado, de suas burrices e mil outros descaminhos que pensem -, caros leitores -, não levam à lugar nenhum, se fez prisioneiro trancafiado ao sabor do seu egoísmo. Caminhou, a passos largos, para mais longe do que se esperava. Se perdeu enleado em um egocentrismo comodista e se diplomou em uma bizarrice da qual não consegue se desgarrar.

Se tornou, por conta da sua falta de senso, de visão de futuro, uma alma vazia, um Mané sem conteúdo proveitoso. Se fez vilão suspeitoso, lutando de unhas e dentes para se destruir de forma rápida e rasteira. Resumindo tudo e colocando o lixo num saco enorme: nos deparamos, a cada novo milésimo de segundo, com o caos formalizado. Talvez, por isto, senhoras e senhores, pais e filhos não se respeitam, esposas e maridos se proliferam como pobres e tristes criaturas nas malhas do adultério.

A maioria dos ‘omens’ não se respeita, não se bica, não se irmana num mesmo pensar em objetivação coletiva única. Muitos se esqueceram do amor fraterno, se olvidaram dos ensinamentos do Pai Maior. Praticamente toda a população da face da Terra nutre ódio e rancor uns pelos outros. Foi se embora o afeto, a brandura, a meiguice, a ponderação, o equilíbrio, a sobriedade, sendo todos estes sentimentos (e outros mais) substituídos pelos interesses mesquinhos e pessoais, raquíticos e violentos.

Em paralelo, a nossa linda Nação se viu transformada num enorme campo de concentração, campo este onde todos, sem exceção, são pobres e tristes encarcerados, sem trazemos à baila, os estratosféricos condenados da justiça, cujos processos estão na fila de espera, para serem julgados, desde os tempos em que a 'presidenta' Dilma Jumenta pretendia engarrafar fumaça e fabricar toalhas para cegos enxugarem gelo. Haja vista, ainda, os milhares e milhões de presos de nossa robusta e obesa população de malfeitores que está vendo agora, neste instante, o sol nascer quadrado.

Em rota de colisão, temos mais de 895 mil condenados  aguardando julgamento. Entre mortos e feridos, fofinhas e fofinhos saindo do armário, outros tentando entrar, a nossa sociedade produtiva se tornou presa fácil nas garras dos monstruosos meliantes que, estimulados pele nossa (e não só pela nossa), pela também putaria dos Poderosos vagabundos e flibusteiros, em igualdade de condições, usque pela inaptidão e mingua (ou por outro ângulo), movida por instintos doentios, foi em frente, se criou e ai está bela e formosa.

Além da prática dos estupros, sequestros e assaltos, ceifando as vidas de suas indefesas vítimas, impondo, goela abaixo, limites à nossa liberdade, devemos esclarecer que a lista é enorme e não caberia toda aqui. Reflexo, senhoras e senhores do nosso inquestionável e recente passado negro. Fronteira das nossas atitudes e conceitos do tal 'do certo e do errado’. Resumindo esta patuscada toda, foi o mundo ou fomos nós que mudamos? A resposta é simples: fomos nós. O que temos feito em prol da nossa sobrevivência, sem a insanidade do mais puro egoísmo e fora dos conhecidos parâmetros da insensatez? Vamos ser diretos e retos: não fizemos porra nenhuma. Senhoras e senhores, lembrem sempre. Frutas boas não se criam em árvores podres.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 1-6-2021

Colunas anteriores: 
Um breve pulo no passado recente 
Aparências 
Chute no saco 
Direto ao ponto 
CPI DA COVID-19, até agora, bem longe do fumus boni iuris. Aliás, alguém, por acaso, viu fumacinha por ai??!! 
Subsolo infinito 

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