quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

[Daqui e Dali] As fábulas de Esopo e de Fedro

Humberto Pinho da Silva

Todos conhecemos das seletas escolares curiosas e curtas histórias, que encerram preciosas lições. São, em regra, fábulas de Esopo e de Fedro.

"As Duas Panelas" é de Esopo. “Uma de ferro, outra de barro, desciam arrastadas pela forte corrente do rio. Então, a de ferro disse para a de barro: ‘encosta-te a mim, sendo duas, mais resistiremos’. ‘Não’, respondeu a de barro, ‘que ao primeiro encontrão, eu, mais frágil, partirei; tu, mais forte, ficarás’.”

Foi aproveitada pelo Padre Manuel Bernardes, que a recontou com grande beleza, retirando dela bela lição referente à amizade.

"Moscardo e a Roda", versejada por La Fontaine (A Mosca do Coche) e citada por Bacon, nos "Ensaios”, pretende mostrar a vaidade balofa, de quem é insignificante.

Poderia citar ainda outras, bastantes interessantes. Como "A Mulher Ambiciosa", "A Raposa e a Máscara". "A Nogueira", " A Mulher Ambiciosa" e a dos "Bois e o Carro", entre outras, que costumam andarem espalhadas pelas seletas.

Quem foi Esopo?

É uma figura semilendária. Foi escravo, mas obteve a liberdade. Viveu no século VII ou VI, AC. Era feio, gago e corcunda. Foi morto pelos délficos. 

Quadro de Velázquez, Museu do Prado

As fábulas foram escritas em grego, com grande secura. No século XIV foram reunidas pelo monge Plamúdios.

Era escravo de Xanto. Conta-se que este mandou-o ao mercado comprar o melhor que houvesse. Esopo trouxe-lhe línguas, afirmando que nada há melhor, porque difundem: a verdade, a ciência e são a arte da oratória.

Xanto achou graça ao servo-filósofo, e disse-lhe que fosse novamente ao mercado e comprasse o pior que houvesse.

Esopo trouxe-lhe línguas, pois por elas chegam as piores coisas que há: a discórdia, a guerra, a calúnia e a blasfémia.

Confunde-se, muitas vezes, as fábulas de Esopo com as de Fedro.

Fedro, também era escravo. Nasceu no ano 30 AC. Viveu em Roma, no século I. Foi libertado por Augusto, que mais tarde lhe reconheceu o valor.

É de Fedro: "O Frango e a Pérola", confundida, quantas vezes, como sendo de Esopo. Creio que D. Francisco Manuel de Melo, a refere, erradamente, como de Esopo.

São, também, de Fedro, entre outras, "A Rã e o Boi", "O Velho Leão Doente", "As Duas Mulas", " A Raposa e o Corvo".

Ambas, as de Esopo, como as de Fedro, são bastantes atuais, fazem refletir, e são de grande proveito para a juventude, e não só.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, janeiro de 2023

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