É muito triste ver indivíduos negros e
brancos detonando grupos inteiros de pessoas com base nesse conceito racial, e
pregando o afastamento do convívio interracial como solução para o problema
Rodrigo Constantino
O homem mais rico do mundo, o
empreendedor Elon Musk, despertou a revolta dos principais veículos de
comunicação nesta semana, uma vez mais. O dono do Twitter, odiado pela imprensa
“woke”, acusou a mídia mainstream de ser racista. O
contexto era a reação a uma fala desastrada e racista do cartunista Scott
Adams. A imprensa afirmou que Musk saiu em defesa do criador de Dilbert, mas
isso é “fake news”: ele simplesmente apontou para o duplo padrão da
própria imprensa, com toda razão.
Scott Adams [foto] fez uma declaração totalmente infeliz e, sim, racista. Com base numa pesquisa da Rasmussen, que revela que quase metade dos negros não considera okay alguém ser branco, Adams declarou que isso era algo estrutural (questionável) e assustador (correto) e que a única saída para um branco seria não andar mais com negros (absurdo e racista).
Adams foi cancelado, perdeu
espaço em todos os jornais que ainda publicavam suas tiras, e vem sendo alvo de
duros ataques. A fala foi abjeta mesmo, ainda que muita gente esteja tirando do
contexto e ignorando a pesquisa que ele menciona antes. Agora podemos fazer um
exercício hipotético: imaginar um negro dizendo a mesma coisa com base numa
pesquisa invertida.
Qual seria a reação se um negro, com base numa pesquisa que revelasse que cerca de metade dos brancos não considera okay ser negro, afirmasse que a única possibilidade é se afastar de brancos? Ele provavelmente receberia destaque positivo no NYT, seria entrevistado por vários canais como um corajoso herói. E é esse duplo padrão que tem sido o grande responsável pelo aumento do racismo no país. E foi isso que Musk denunciou.
Tanto que o bilionário chamou a atenção para o fato de que os asiáticos costumam ser alvo de racismo, e a imprensa nada fala a respeito. Os asiáticos, como já mostrou o economista Thomas Sowell, são a grande pedra no sapato dos movimentos raciais que culpam o racismo estrutural do sistema supostamente dominado pelos brancos. Se a tal supremacia branca é responsável pela exploração e pela desigualdade, colocando os negros como mais pobres, então como explicar os “amarelos” que despontam na América?
Por
algum motivo bizarro, os movimentos raciais passaram a acreditar que reforçar o
conceito da raça e, pior ainda, segregar as pessoas com base nisso seria um
método inteligente para combater o racismo
Ben Shapiro mostrou em seu
show várias falas de comentaristas da mídia mainstream que, se
fossem invertidas e sobre os negros, seriam imediatamente rotuladas como
racistas e haveria graves consequências para seus autores. Para muita gente da
imprensa “progressista”, está tudo bem demonizar todo um grupo de pessoas com
base na cor da pele, desde que sejam brancos.
É aceitável, para essa turma,
fazer piadas com brancos, mas não com negros, pois a pancada do humor deve ser
sempre de baixo para cima, ou seja, de quem tem menos para quem tem mais poder.
Uma visão racista em si, que enxerga não indivíduos, mas grupos monolíticos e
estanques. Ou alguém vai defender que o branco trabalhador do chão de fábrica é
mais poderoso do que o ex-presidente Obama?
Não dá para achar normal ou
legal alguém se referir a uma pessoa como “demônio branco” só por sua cor da
pele. Não é aceitável rotular todo um grupo de pessoas como desprezível só por
serem brancas. A The Cut, publicação da New York Magazine,
fez um vídeo entrevistando negros e perguntando em que brancos são superiores.
A lista é abominável: em opressão, em mentiras, em violência, em roubar etc.
Imaginem se um grupo de brancos se referisse assim a negros só por serem
negros…
Here it is, folks..
— ThePatriotOasis (@ThePatriotOasis) February 26, 2023
Q: 'What are white people superior at?'
WOMAN: "Lying, stealing and cheat'nn" pic.twitter.com/qkYg7xmcsa
Martin Luther King Jr. tinha
um sonho: o de viver num mundo em que as pessoas fossem julgadas por seu
caráter, não pela cor de sua pele. Um nobre ideal, sem dúvida. Por algum motivo
bizarro, os movimentos raciais passaram a acreditar que reforçar o conceito da
raça e, pior ainda, segregar as pessoas com base nisso seria um método
inteligente para combater o racismo. O tiro saio pela culatra, óbvio.
Quando Jon Stewart, o famoso
comediante esquerdista, acha graça de uma convidada branca que diz que todos os
brancos, sem exceção, são responsáveis pelo racismo estrutural no país, isso é
descolado. Mas podemos apenas pensar qual seria a reação se a fala trocasse
branco por negro. Quando um convidado negro afirma, na MSNBC, que os brancos
agem com violência quando perdem na política, isso é considerado sabedoria, mas
basta trocar o sinal para enxergar o racismo evidente em generalizar dessa
forma abjeta o comportamento das pessoas.
Não existe o “racismo do bem”,
como querem os esquerdistas identitários. Até 2014, cerca de 70% da população
norte-americana, segundo o Gallup, considerava desejável o relacionamento
interracial. Isso valia tanto para negros como brancos. Desde então, a taxa
começou a despencar, e hoje oscila em torno de 40%, para ambas as “raças”. O
que mudou? Talvez possamos buscar a resposta no próprio movimento racial, que
vem investindo pesado na segregação com base na cor e jogando uns contra os
outros, normalizando o ódio racial se for voltado contra brancos. Talvez Obama
tenha parcela de culpa, por ter utilizado a cartada racial de forma
sensacionalista e acirrado os ânimos, em vez de representar a superação da
questão racial na América, como havia prometido.
É muito triste ver indivíduos
negros e brancos detonando grupos inteiros de pessoas com base nesse conceito
racial, e pregando o afastamento do convívio interracial como solução para o
problema. Racismo é quando uma característica do indivíduo, no caso a “raça” —
ou a cor da pele, para ser mais preciso —, acaba tendo predominância sobre todo
o resto. Formam-se, assim, grupos monolíticos com base nesse único quesito
estético, como se todos os brancos ou todos os negros fossem iguais. Absurdo
total, claro.
E, ao tomar o partido dos mais
radicais desses movimentos raciais, que pedem “reparação” como vingança e
condenam todos os brancos pelos males da nação, a imprensa demonstra ser
racista mesmo. Elon Musk está certo, portanto: a mídia, em geral, é racista.
Isso não quer dizer, por coerência óbvia, que todos os jornalistas são
racistas. Mas, sim, que eles estão submetidos a uma mentalidade predominante
que enxerga o branco como malvado e o negro como vítima, não importa o caso
individual em questão. Cabe ao jornalista sério combater esse tipo de coisa.
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Revista Oeste, nº 154, 3-3-2023
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