Carina Bratt
ANTIGAMENTE, no tempo do tempo dos meus pais, as músicas tidas como populares, eram melhores que as de hoje. Havia a ‘parada de sucessos’, no programa Haroldo de Andrade, se não estou enganada, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, onde desfilavam as vinte mais com Roberto Carlos em primeiro lugar ‘mandando todo mundo pro inferno’. Estão lembradas? ‘De que vale o céu azul... e o sol sempre a brilhar... se você não vem e eu estou a lhe esperar...’’.
Em São Paulo, Barros de
Alencar com seu jargão ('Vocês estão ligados na Super Tupaulo de São Pi') na
Super Rádio Tupi, no programa que levava seu nome, voava longe. Por lá,
desfilavam Odair José, Diana, Wanderléa, Lindomar Castilho, Wanderley Cardoso,
Gino e Geno, Tim Maia, Amado Batista, Paulo Sérgio, Caetano Veloso, Joelma (não
a da Banda Calypso), Vanusa enfim... uma legião de intérpretes que nos faziam
viajar por coisas boas e inesquecíveis.
Os programas de auditório,
bombavam —, perdão, faziam um sucesso tremendo e estrondoso com a Inezita
Barroso, levando aos nossos lares nos seus impecáveis ‘Viola, Minha Viola’, o
que havia de melhor da música raiz no seguimento sertanejo. Até o Faustão se
fazia menos pamonha e abajoujado nos ‘Perdidos na Noite’, sem falar na
‘Discoteca do Chacrinha’, com um José Abelardo Barbosa de Medeiros irreverente,
meio desnorteado, mas gostoso de ser assistido.
Não posso me esquecer de papai sentado no sofá da sala ao meu lado e de mamãe (pipocas e refrigerantes a dar com pau), meia dúzia de olhos grudados na telinha vendo o Rolando Boldrin e seus 'causus' engraçados, ‘Um Instante, maestro’, com Flávio Cavalcante (quebrando os discos 'Lps' dos ‘maus cantores’’), o Silvio Santos na sua antiga TV-S... e tantos mais que deixaram um rastro enorme de tristezas e saudades imorredouras.
De tudo, se colocado na
‘peneira do ontem sem volta’ —, teremos em dias atuais, para nosso regalo (de
espanto e agonia) um amontoado gigantesco de programas incultos, de
apresentadores cafonas e ridículos, personalidades retrógradas que perdem um
tempo enorme em horário nobre e caro, em termos de televisão, mandando para
nossas casas uma série de mediocridades e vulgaridades que nem o Capeta, do seu
trono em chamas, nos quintos, aguenta assistir.
Me baseio igualmente nos desenhos animados. Eu amava a ‘Sessão da tarde’, bem ainda o gorila Maguila, o Papa Léguas, o Tom e Jerry, o Pica pau, He-Man, Caverna do Dragão, Popeye, Scooby Doo, Os Jetsons... havia uma gama de excelentes infantis que simplesmente saíram do ar para dar lugar a um empilhado de cocos fétidos saídos das latrinas americanas conhecidos como Bob Esponja, Hey, Arnold, Naruto e outros descalabros, apenas para não deixar o texto sem uma ilustração guiadora.
As mentes a todo vapor e as cabecinhas
das nossas crianças de hoje creiam, amigas e leitoras, sofrem diariamente novas
embolias e obstruções, bloqueios e impedimentos. Sinalizo, que nossos pequenos
se tornaram fanáticos e abobalhados, notadamente pelos ‘espíritos das
boçalidades’ como disse com muita propriedade o Maurício de Sousa —, empresário
e cartunista, numa entrevista brilhante, exibida dias atrás, pela Rede TV. Mas,
animem os rostos. Preparem os escutadores de novelas. Vem ai o maior reality
show. O BBB 22, pela emissora vacinada com o sangue mitridatizante e salvador
da pátria do Roberto Marinho. Tão imunizante que ele se tornou o Roberto
‘Azulzinho’.
Esse câncer anunciado —, o
BBB, ou os ‘BURROS BABACAS E BANDOLEIROS’, tão ou mais fulminante que a
Covid-19 e seu amigo Ômicron, começa dia 17 de janeiro e ficará no ar, para
regozijo e regalo de muitos e desolação e angústia de poucos que ainda têm a
prudência e o juízo no lugar, até 27 de abril. No BBB 22 vocês, minhas leitoras
e amigas, terão um aprendizado imediato do melhor da cultura brasileira, sem
falar na fabulosa e magnânima boa linguagem fluente do português correto e sem
distorções.
O BBB, ao contrário de ser uma
prostituição legalizada, os (‘es’ e as ‘as’) telespectadores e
‘telespectorantas’ aprenderão, ao vivo e a cores, todas as orgias e escárnios
existentes na face da terra, inclusive aquelas baixarias e as mais afamadas
libertinagens recém chegadas das profundezas profundantes do Tio Sam que ainda
não estão disponíveis no mercado. E pasmem, pelo melhor de tudo: sem as amigas
carecerem pagar um centavo para tirarem, a depois, os diplomas-certificados de
conclusão de honradas ‘Hernergúrmenas’ —, desculpem, os respectivos canudos
para propagarem ‘pela ai’ as panaquices e as desinteligências mais quentes e
deleitosas do planeta.
Título e Texto: Carina Bratt.
De Vila Velha, no Espírito Santo. 9-1-2022
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