O resumo do relatório elaborado pela Defesa em português claro é o seguinte: o TSE opera uma caixa-preta, e ainda dificultou o acesso e a flexibilidade dos testes por parte dos militares
Foto: Montagem Revista Oeste/LR Moreira/Secom/TSE/Shutterstock
Rodrigo Constantino
Saiu o relatório tão esperado
do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas. Curiosamente, a divulgação
produziu dois efeitos contraditórios: preocupação na velha imprensa
esquerdista, e decepção na direita bolsonarista. Os veículos de comunicação que
defenderam a candidatura de Lula tentaram desviar o foco do essencial, enquanto
os bolsonaristas esperavam uma linguagem mais enfática dos militares.
Ocorre que não era possível “apontar fraudes”, como alguns desejavam. Basicamente, eis o que o TSE disse para as Forças Armadas: pode fiscalizar meu restaurante à vontade, só não entra na cozinha! O resumo do relatório em português claro é o seguinte: o TSE opera uma verdadeira caixa-preta, e ainda dificultou o acesso e a flexibilidade dos testes por parte dos militares.
Setor de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas Eleitorais. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE |
A essência do relatório dos militares, portanto, é que não há qualquer transparência no processo eleitoral comandado pelo TSE. Mas Lula celebra, com os ministros supremos e demais petistas, a incrível velocidade do resultado, à frente dos norte-americanos, como se faltasse capacidade técnica aos Estados Unidos para reproduzir urnas tão ligeiras. Claro que a razão é outra: eles não aceitam algo tão opaco, sem condição de aferição pública, motivo pelo qual até a Suprema Corte da Alemanha rejeitou modelo similar.
Horas após a divulgação do relatório, O Globo não tinha manchete em destaque no seu site sobre o assunto, o que mostra que não curtiram muito. Em contraste, havia uma chamada malandra, sobre a reunião de Lula com os ministros do STF, alegando que o petista pregava harmonia entre os Poderes e a “volta à normalidade”, ignorando que “normalidade”, no caso, é a volta do Mensalão e do Petrolão.
A Folha de S.Paulo dedicava mais da metade de sua página principal ao obituário de Gal Costa, e lá embaixo era possível encontrar essa chamada perdida: “Relatório da Defesa não aponta fraude em eleição, e TSE agradece”. Não há como apontar fraude num sistema que não é auditável, conforme o relatório deixa bem claro. Falta transparência e há risco de manipulação, como os militares admitem. Eis o que deveria ser o foco!
Foi exatamente a manchete na Gazeta do Povo, jornal mais sério: “Defesa não aponta fraude nas urnas, mas cita ‘risco relevante’ e sugere investigação técnica”. Ou seja, o relatório do Ministério da Defesa não corrobora com as conclusões de outras entidades “fiscalizadoras”, como a OAB e o TCU. Até William Bonner teve de admitir isso no Jornal Nacional.
A OAB, que deveria estar
protegendo o Estado de Direito no país e condenando os abusos alexandrinos,
nada entende de tecnologia, assim como o TCU, um órgão político comandado por
Bruno Dantas, que já foi alvo de denúncias de corrupção de Sergio Cabral em
delação premiada. Ou seja, nenhum dos dois pode realmente “garantir” a lisura
do processo, e tal afirmação não passa de uma postura política, não técnica. Já
os militares escalados para a fiscalização são especialistas em tecnologia, e
seu parecer tem infinitamente mais peso.
Como
apresentar a fraude se não há transparência para avaliar cada passo?
Daí a relevância dos destaques
desse relatório: o TSE não permitiu verificar o funcionamento do sistema da
forma como deveria, apesar de solicitado; não foram permitidas ferramentas de
análise de segurança; não permitiram teste de integridade do sistema; o sistema
acessa a rede e bancos de dados externos (algo inconcebível); sem análise
dinâmica não se pode afirmar (conforme dito nas conclusões) que o código da
urna é seguro e isento códigos maliciosos.
Quem esperava uma bala de
prata ou o batom na cueca não entendeu o básico ainda: o que o Ministério da
Defesa diz é que a urna e o respectivo sistema não são seguros e, portanto, não
se pode afirmar que o resultado produzido é confiável. Como apresentar a fraude
se não há transparência para avaliar cada passo?
O relatório cobra mais
investigações, e não para as próximas eleições, como alguns insinuaram. Entre
as recomendações consta “realizar uma investigação técnica para melhor
conhecimento do ocorrido na compilação do código-fonte e de seus possíveis
efeitos” e “promover a análise minuciosa dos códigos binários” que efetivamente
foram executados nas urnas eletrônicas. Tudo isso por meio da “criação de uma
comissão específica, integrada por técnicos renomados da sociedade e por
técnicos representantes das entidades fiscalizadoras”.
Nada disso seria para a próxima
eleição: “Em face da importância do processo eleitoral para a harmonia política
e social do Brasil, solicito, ainda, a essa Corte Superior considerar a
urgência na apreciação da presente proposição”. A reação do TSE não pode ser
simplesmente “agradecer” o esforço e vida que segue. Os militares estão
apontando fragilidades claras no processo eleitoral, e, com o povo nas ruas, há
enorme pressão para que o TSE apresente uma resposta imediata, fornecendo
acesso a essa caixa-preta denunciada pelo Ministério da Defesa. Os militares
precisam entrar na cozinha do restaurante TSE para uma verdadeira inspeção!
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Revista Oeste, nº 138, 11-11-2022
A novilíngua da transição
Os devotos da ditadura
Tentaram colocar palavras na boca do Ministério da Defesa
A farsa dos 33 milhões de brasileiros que passam fome
[Aparecido rasga o verbo – Extra] Brasil: esperança e caos
Twitter suspende contas de apoiadores de Bolsonaro
MORAES mandou derrubar meu LOCALS: saiba como acessar
Deputados que tiveram suas redes sociais suspensas
Há três anos, Lula saía da cadeia com o fim da prisão em 2ª instância
A divisão do butim
Breve Histórico da Suspeita das Urnas
Mentir sobre 33 milhões de famintos é verdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-