Alexandre Garcia
Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo |
Só o Paraguai conseguiu semelhante proeza na América Latina. Outros estão dobrando a pobreza. Mas a mitomania tupiniquim gostou dos 33 milhões e ficou a repetir. Certa vez Lula explicou a Jaime Lerner que bastava citar um número que ninguém tinha como checar. Ele se referia a 25 milhões de crianças de rua sem ter onde morar. O arquiteto Jaime Lerner observou que, com essa multidão, não conseguiríamos sair às ruas e Lula admitiu que inventava os números para impressionar os europeus. Agora impressionou brasileiros desinformados e que não acreditam naquilo que seus próprios olhos veem nas ruas brasileiras.
A mentira desmoralizada foi
usada na campanha eleitoral sem que o TSE tenha agido com a mesma repressão com
que atuou contra aquilo que, do alto de sua divindade, qualificou de fake news.
Até aqui, nenhuma novidade, já que é do conhecimento público a parcialidade do
tribunal nessa eleição. Imaginem que agora, depois
das anomalias mostradas pelo argentino, apenas pelo fato de Marcos
Cintra ter cobrado uma explicação do TSE, ele foi bloqueado nas redes sociais e
tratado como bandido, com prazo de 48 horas para a Polícia Federal colher seu
depoimento. O ex-presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, não viu crime
em estranhar que só Lula tivesse voto em dezenas de seções, algo que “é difícil
conceber”, nas palavras de quem já presidiu eleições.
Revogou-se a Constituição nos
artigos 5.º e 220, que tratam da liberdade de expressão e da proibição da
censura. E criou-se o crime de opinião – já faz três anos. Muito por causa da
imobilidade do presidente do Senado, a quem cabe a responsabilidade por não
coibir os reiterados desrespeitos à Constituição. Resta-nos a vergonha de
estarmos exportando para ditaduras o estímulo para censurar liberdades. A
Nicarágua acaba de imitar o Brasil: aprovou a Lei dos Delitos Cibernéticos, com
até dez anos de prisão para quem postar o que, para a ditadura, seja fake news.
Mentir sobre 33 milhões de famintos é verdade. A verdade da mentira.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta
do Povo, 8-11-2022, 11h
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