terça-feira, 15 de novembro de 2022

A boca-livre dos ministros do STF em Nova Iorque

Lei veda aos magistrados brasileiros a participação em atividades de cunho lucrativo

J. R. Guzzo

Seis ministros do STF, nada menos que seis, e tudo de uma vez só, estão participando de um dos mais constrangedores momentos jamais vividos pela suprema corte do Brasil — uma boca livre explícita, na base do “tudo pago”, em Nova Iorque. A coisa se chama “O Brasil e o Respeito à Democracia e a Liberdade”; são umas palestras dos ministros para elogiar a si próprios e cantar os seus atos de heroísmo na guerra que movem há quatro anos contra o governo de Jair Bolsonaro e a favor da volta de Lula à presidência da República.

É coisa de dar vergonha — se ainda houvesse alguém capaz de sentir vergonha nessa história toda. Os ministros, muito simplesmente, estão participando de um empreendimento comercial, armado pela empresa de eventos do ex-governador João Doria — especializada em vender para grandes empresas cotas de “participação” em seminários e coisas assim.

Não pode. Não é apenas um desastre moral, com os ministros se beneficiando de uma viagem para Nova York, com acompanhante e bandos de seguranças. É contra a lei, que veda aos magistrados brasileiros a participação em atividades de cunho lucrativo. Mas quem é que se preocupa com a lei no STF de hoje? 

O piquenique internacional Doria–Supremo é um desses momentos, cada vez mais frequentes, em que os juízes do STF se mostram como aquilo que realmente são — pequenos chefetes de república bananeira, que fazem cara de “Primeiro Mundo” civilizado e são apenas um caso de subdesenvolvimento que não tem cura. O “evento” é em Nova Iorque, mas as palestras são em português. O apresentador contratado é brasileiro. A plateia também — ou seja, todos poderiam perfeitamente ficar por aqui mesmo para ouvir os manifestos de Suas Excelências, mas peixe gordo de Terceiro Mundo nunca resiste a este tipo de festa na laje.

De mais a mais, as empresas que pagaram o passeio dos ministros ficam prontas a lembrar, caso tenham amanhã alguma causa no STF (amanhã ou hoje mesmo) que foram elas que permitiram a festa. É uma coisa grosseira. Passa na cabeça de alguém que magistrados das cortes supremas de alguma nação séria deste mundo aceitem participar de um negócio como esse?

Os ministros, enfiados em suas roupas de brasileiro que viaja para os Estados Unidos em época de frio, foram chamados de “bandido”, “ladrão” e “vagabundo” às portas do hotel, em bares e nas ruas de Nova Iorque, para onde foram já no fim de semana; estão hoje, seguramente, entre as figuras mais detestadas da vida pública nacional. Se pensavam que isso se limita ao Brasil, estão enganados — os manifestantes brasileiros, capazes de reunir milhares de pessoas num protesto em plena Times Square, não lhes deram sossego.

(Em Nova Iorque o ministro Alexandre de Moraes não pode mandar que a polícia impeça manifestações contra “as instituições democráticas; ninguém lá entendeu, também, que diabo uns juízes brasileiros estariam fazendo na sua cidade. Por que não ficam no Brasil?)

É um prenúncio do que vai acontecer na próxima vez que estiverem lá, ou em outro grande centro internacional. Os ministros do STF não podem, já há muito tempo, andar nas ruas de seu próprio país — estão sempre cercados por vaias, xingatório e manifestações de desprezo. Estão vendo, agora, que também em Nova Iorque a vida não está fácil. 

Título e Texto: J. R. Guzzo, Gazeta do Povo, via Revista Oeste, 14-11-2022, 19h29

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2 comentários:

  1. Todos com as caras e bocas acima (gordas e bem nutridas) excelentes e no ponto para tomarem uns bons tapas até ficarem disformes e irreconhecíveis. A meu ver, se tivéssemos homens rotulados de "machos pra burro", acrescentaria uma boa surra em suas bundinhas e traseiros. A propósito: e a menor que o Cabeça de ovo agrediu? Se fosse com um filho meu... passaria o resto de meus dias para pegar o safado. Enfim... cada um é cada um...
    Aparecido Raimundo de Souza
    de Braspilha Capital Fedemal (Graças a Deus, voltando pra casa).

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  2. FOTO LEGENDADA ACIMA:
    da Esquerda para direita, o "onesto cidadão, nosso. Mibistro Cara de Ajudante do Capeta. Ao lado dele, Boquinha de Papagaio Enjaulado. O careca, mi"SI"nistro AleAliAloxandre de Morraes, ou "El Diablo" e finalmente, de gravata vermelha, o Carequinha, quando cantava "O bom menino não faz xixi na cama...".
    Aparecido Raimundo de Souza
    de Pastilha, Distrato Federal.

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