quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Uma enfermidade incurável

Allan dos Santos

Que a direita brasileira não estuda, não é muito difícil de perceber. Que ela deseja viver de ilusões, também é fácil de verificar. Mas que ela tenha nojo da empatia é algo que podemos curar.

Tenho alertado que não é admissível ser o debate público pautado pelos embates politiqueiros enquanto temos presos políticos, exilados e toda sorte de violação a direitos humanos fundamentais. Nenhum tema é mais urgente do que ter, no mínimo, empatia pelos presos políticos.

De que adianta falar em candidatura à presidência do senador federal se todos já sabem o desdobramento desse conluio dos partidos políticos com o STF e PT? Absolutamente nada. É uma perda de tempo. Um desgaste emocional e psicológico para ver ao fim o que todos já sabem: Pacheco será reeleito.

Avisados dessa obviedade — sim, precisei explicar o óbvio —, as respostas que recebi desenham com nitidez e real 

ismo que a direita brasileira só sabe pensar em termos politiqueiros. Qualquer outra atividade que não seja a de um político burocrata não está no horizonte de consciência das pessoas.

Qualquer estudioso de movimentos políticos e da atividade comunista sabe que se a esquerda estivesse na situação da direita, ou seja, com presos políticos, Campos de Concentração etc., já estaria pronto:

§  manifestações internacionais em pontos chave como Washington, Genebra, Paris etc;

§  relatórios jurídicos que comprovassem ter Alexandre De Moraes violado Convenções Internacionais e tratados de Direitos Humanos;

§  peças de teatro e toda sorte de dramaturgia relatando a crueldade de Alexandre;

§  número de mortos no período eleitoral (mesmo que só tivéssemos a pobre mulher que levou um tiro na cabeça);

Muitas são as possíveis iniciativas. O que não pode, nem agora ou nunca, é o recado que a direita está dando ao afastar-se dos que mais se sacrificaram nessa história toda: a falta de empatia. Há quem diga, e não é um caso isolado aqui e acolá: “foi para o acampamento porque quis”, ou “quem mandou você falar demais”, ou “quando se expôs, sabia muito bem o risco”.

Essa postura apática e desumana com quem está padecendo na cadeia, no exílio ou mesmo em casa com medo é um recado segundo o qual o “patriotismo” é uma aventura juvenil e quando a conta vem, saiba que você pagará sozinho.

O que mais me impressiona nisso tudo não é sequer a existência de pessoas com essa mentalidade incurável, mas que elas são muitas. Não são maioria, é verdade. Mas… esse tipo mesquinho não pode fazer parte das fileiras das quais todos nós nos orgulhamos de chamar de patriota.

Se um dia você tiver acesso ao meu desabafo, você que está na cadeia injustamente ou no exílio comigo, saiba que eu me orgulho de todos vocês que estão sofrendo pelo nosso país. Não sou daqueles que consegue se esquecer do sacrifício que estão fazendo. Tenho a esperança de um dia apresentar vocês todos, com muito orgulho, aos meus filhos (que não vejo há dois anos e meio). Não me envergonho de vocês. Pelo contrário, choro de emoção sempre que vejo o quão valentes foram.

E de modo especial, aos parentes da senhora desconhecida que tomou um tiro na cabeça por acreditar em um novo Brasil (https://gab.com/allantercalivre/posts/109258188928185252), ou o casal que foi chicoteado em via pública: saibam que nossa recompensa está no céu ao lado de DEUS. Não tenho como retribuir a vocês esse sacrifício, mas minha posteridade saberá que vocês são GIGANTES, patriotas e EXEMPLARES.

Quando o medo toma conta e quase nada pode ser feito, ao mesmo a honra pode ser mantida. Honre esses patriotas sofridos, pelo menos. Não esteja entre os que não possuem empatia, porque o “amor de muitos esfriará”.

Título e Texto: Allan dos Santos, LOCALS, 18-1-2023

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