sábado, 4 de fevereiro de 2023

A ideologia do ódio

Cristina Miranda

Era imperioso voltar a este tema. Sobretudo depois das reações de algumas senhoras ao meu texto sobre assédio sexual. A discussão instalou-se no seio de algumas leitoras que de repente atacam como se houvesse discordância sobre o essencial. Mas há dúvida que TODAS as mulheres do Mundo abominam a violência e o abuso sexual sobre as mesmas? Pelos vistos, sim. E a razão é muito simples: a ideologia do ódio já chegou também aqui.

O marxismo cultural é das ideologias mais perigosas que existem, pela forma como se infiltra nas sociedades sem que as pessoas alvo se deem conta. Fraturam, segregam e criam caos com recurso ao radicalismo extremista, para criar um novo mundo facilmente dominável e dependente. É assim com os movimentos LGBT, com a questão islâmica, com as minorias e agora as feministas.

Como se essas questões não pudessem ser resolvidas com discursos moderados e sensatos apelando à aceitação e integração sem ódios. O problema é que do lado dos radicais não há espaço para o meio termo. Para o equilíbrio. Ou é tudo ou nada. Propositadamente. E é aqui que surgem as crispações.

Quando me insurjo contra as feministas não é porque aceito o assédio sexual. Abomino o assédio em todas as suas formas, sobre todas as pessoas, sejam mulheres, homens, idosos, crianças, deficientes, mendigos ou gays. É sim, porque abomino a ligeireza de rotular tudo como assédio. Porque o assédio é uma forma criminosa de subjugação, já contemplada na nossa legislação, a que ninguém pode ficar indiferente. Mas, cuidado!

Passar de uma sociedade de homem machista que oprime e desrespeita mulheres, para uma sociedade feminista machista que agora persegue os homens, não é evoluir. É inverter papéis de domínio.

Não quero que no futuro o meu filho seja vítima desta loucura, e vê-lo um dia ser preso porque tentou seduzir sem maldade, alguém.

As fronteiras entre o galanteio e o assédio estão de tal forma tênues, que o simples olhar para uma rapariga bonita que passa na rua já é condenado. Foi exatamente isso que eu vi no programa da SIC “E se fosse consigo”, em que uma miúda contabilizava de forma negativa todos os homens que a observavam à sua passagem, como se isso fosse algo terrível. Mas agora o que é belo não pode ter reação? O que andamos nós a ensinar à nova geração? A odiar?

Por outro lado, que reação teriam as senhoras se um homem desfilasse na passadeira vermelha de Hollywood com uma vestimenta que pusesse o sexo dele à mostra, tal como algumas atrizes? Achariam ou não, provocatório? E se todas olhassem para ele, seria assédio? E levanta logo uma outra questão muito pertinente: e se for uma mulher a olhar para outra mulher bonita à sua passagem, é assédio?

A ambiguidade desta questão levanta problemas sérios, porque apesar de eu ser mulher nada me garante que outra fêmea homossexual não se sinta violada pelos meus olhos. E é esta questão interpretativa do que é ou não assédio, que convém travar antes que se torne lei.

Outra questão que não suporto ouvir é que as mulheres não violam, não agridem, nem são protagonistas de assédio sexual. É falso. Elas não só fazem isto tudo, como usam o assédio para atingir fins, sejam econômicos, sejam profissionais. E nisto são peritas. Sejamos honestos. Dizem essas feministas, para se justificarem, que, a existirem, estas mulheres são em número reduzido. Falso outra vez. O que a vida me mostrou é que não há queixas de assédio sexual por parte dos homens, porque eles simplesmente não o veem como crime. Aceitam e gostam.

Não entram nunca por uma delegacia adentro para se queixarem do assédio (e elas sabem disso). Daí o silêncio das estatísticas.

Mas não são os únicos neste silêncio.  Em tempos fui perseguida até ao limite por uma mulher a quem me neguei dar atenção depois de uma entrevista de trabalho. Seguiram-se ameaças constantes, mensagens e telefonemas a qualquer hora do dia e da noite. Acabou por desistir. Mas ainda hoje guardo tudo no telemóvel por precaução.

Noutro episódio, num vestiário de uma loja de roupa, fui descaradamente tocada pela modista que me apertava o vestido. Nunca mais lá voltei.

Dizer-se que o assédio é uma mera questão masculina é redutor. Desde a libertação LGBT somos todos alvos. E elas também agem de forma patológica sobre as vítimas. E nós mulheres também nos calamos sobre o assédio feminino.

As mulheres tardam em perceber que o fenômeno do assédio sexual masculino só se combate na educação de berço. Que são ELAS que têm o poder como mães de mudar essa realidade, e que se temos os homens que temos é precisamente devido à educação que receberam ou não receberam da parte delas.

Porque todo o menino que aprende a respeitar, amar e proteger as meninas, com o exemplo dos pais em casa, não se torna um predador sexual.

Título e Texto: Cristina Miranda, 23 de janeiro de 2018, in “As minhas Blasfémias”, páginas 478/482 
Digitação: JP, 4-2-2023


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